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AUTOBIOGRAFIA
XII

JESUS MOSTRANDO-ME AS SUAS DIVINAS CHAGAS

– Uma noite, apareceu-me Jesus em tamanho natural, despido, apenas com uma faixa à cinta e nas suas divinas mãos, pés e lado, estavam abertas profundas chagas. O sangue escorria em abundância. Da chaga do lado escorria até à cintura, atravessando a faixa, indo cair ao chão. Jesus sentou-se ao meu lado, ficando com as pernas ao dependuro. Beijei com muito amor as chagas das mãos e ansiava por beijar as dos pés. Como estava deitada, não lhes chegava, e nada disse a Jesus. Mas Ele, que conheceu os meus desejos, com as Suas mãos tomou um pé, levantou-o e deu-mo a beijar; depois o outro, deixando-os cair para a mesma posição. Depois, contemplei a chaga do lado e todo o sangue que dela corria. Muito compadecida, atirei-me para os braços de Jesus e disse-Lhe: «Ó meu Jesus, quanto sofreste por meu amor!» Fiquei um poucochinho encostada ao peito de Jesus e depois desapareceu-me Nosso Senhor.

Escusado será dizer que jamais se apagará da minha mente tudo isto e recordarei sempre, como sempre me estivesse presente. Sinto o meu coração ferido ao recordar este quadro. Só por obediência e amor a Jesus falo nisto. Penso que a apresentação de Nosso Senhor neste estado seria a prepara-me para o que agora vou descrever. Que Ele me dê forças e a Sua graça para o poder fazer.

Em 23 de Julho de 1938, escrevia: «Jesus é a minha força, é o meu amor, é o meu esposo. Deixai, meu Jesus, que eu, a Vossa a louquinha de amor, Vos diga, não com os lábios mas com o coração: só a Vós pertenço.

Não tenho nada, nada que não seja de Jesus.

É bem duro falar assim, quando se sente o contrário! Nas horas mais amargas da minha vida, nos dias de tanta luta, em que o demónio me diz o contrário, só o contrário.

Maldito! Não te pertenço! Tu és só digno de desprezo! És a mentira!

Jesus é todo meu e eu sou toda de Jesus. Coação meu, grita alto, muito alto ao teu Jesus, que O amas! Sim? Que O amas mais que todas as coisas da terra e do Céu!!!

Sou de Jesus na alegria, sou de Jesus na tristeza, sou de Jesus nas trevas, nas horríveis tribulações, na pobreza, no abandono total.

Por Jesus sofro tudo para O contemplar, para salvar as almas.

Enviai, Jesus à Vossa Alexandrina, à Vossa vítima, tudo quanto se possa imaginar, tudo o que houver e que se possa chamar sofrimento. Com Vós, Jesus, com o Vosso divino auxílio e o da Vossa e minha querida Mãezinha, tudo venço. Nada temo.

Eu beijo-te, eu abraço-te, ó Cruz bendita do meu Jesus!!!»

O MEU RETIRO ESPIRITUAL

– Sempre que ouvia falar em pessoas que iam fazer um retiro, eu dizia: «Todos o fazem, só eu não! Eu não sei o que é um retiro.»

Cheguei a dizer isto várias vezes na presença do meu Director espiritual. Este prometeu-me pedir licença ao Sr. Padre Provincial e, uma vez que ele o autorizasse, viria aqui fazer-me um. Por altos desígnios de Deus, a licença foi concedida e, em 30 de Setembro de 1938, veio o meu Padre espiritual principiá-lo.

Já há tempos que sentia grandes agonias na minha há alma e por vezes prestes a cair em assustadores abismos. Nestes dias redobraram os meus sofrimentos. Os abismos eram aterradores. A justiça do Pai Eterno caía sobre mim e Ele bradava-me repetidas vezes: «Vingança, vingança, etc.» Aumentavam os meus sofrimentos da alma e do corpo. É impossível descrevê-los, só sentidos e presenciados. Passava os dias e as noites rolando pela cama, a ouvir a voz assustadora do Eterno Pai.

Na manhã de 2 de Outubro de 1938, disse-me Nosso Senhor que iria passar por toda a Paixão, do Horto ao Calvário, só não chegaria ao «Consummatum est». Seria a primeira vez no dia 3 e depois ficaria a passar pela Paixão todas as sextas-feiras, pouco depois do meio-dia, às 3 horas, mas na primeira vez ficaria até às 6 horas, a desabafar comigo, fazendo-me os Seus queixumes.

Não disse que não a Nosso Senhor. Preveni o meu Director espiritual de tudo que Nosso Senhor me disse. Esperava o dia e a hora com grande aflição, pois nem eu nem o meu Director fazíamos ideia do que se ia passar. Na noite de 2 para 3 de Outubro, se era grande a agonia da alma, também foi grande o sofrimento do meu corpo, começando a vomitar sangue e a sentir dores horríveis. Vomitei bastantes dias seguidos e, durante cinco dias, não tomei alimento algum. Foi neste sofrimento que eu fui para a primeira crucifixão. Que horror eu sentia em mim! Que medo e até pavor!... É indizível a minha aflição.

PRIMEIRA CRUCIFIXÃO

– Depois do meio-dia, veio Nosso Senhor convidar-me assim: «Olha, minha filha, o Horto está pronto e o Gólgota também, aceitas?»

Senti que Nosso senhor me acompanhou por algum tempo no caminho do Calvário, depois senti-me sozinha, vendo-O a Ele lá no alto, em tamanho natural, pregado na cruz. Percorri todo o caminho do Calvário sem O perder de vista… era junto d’Ele que eu tinha de ir parar.

Vi por duas vezes Santa Teresinha. Na primeira vez, via vestida de freira, entre duas irmãs, à porta do Carmelo. Na segunda, vi-a cercada de rosas e envolvida num manto celestial.

Nota – Dado que a Alexandrina nunca se dispôs a descrever a Paixão, transcrevemos a carta seguinte, em que descreve ao seu Director espiritual os sentimentos da sua alma durante as horas que precediam a Paixão.

Balasar, 7/4/1939.

«Busco um bocadinho de alívio para o meu sofrer. Espero a hora da minha crucifixão. Nem posso falar. O coração está em marcha acelerada. É uma revolta, é uma barafunda na minha alma. O peso esmaga-me. Trevas, noite medonha e triste; estou num abandono tremendo. Figura-se-me que ando no meio de todo o ódio, de tribunal em tribunal. Pobre de mim! E não recebi Jesus! Mas confio que Ele suprirá a falta nas Comunhões espirituais, apesar do nojo que tenho de mim mesmo e horror à minha enorme miséria.

Ontem a temperatura acalmou. Que horror eu sentia! O meu corpo era-me trespassado todo, de um lado ao outro, com agudos ferros. Que momentos tão terríveis! Apesar do bocadinho de alívio, fiquei sempre numa noite escuríssima, numa tristeza profunda. A noite, passei-a, posso dizê-lo, quase que toda a fazer companhia a Nosso Senhor Sacramentado e concentrava-me um pouquinho em toda a tragédia da noite. Parecia que Jesus me convidava ao Horto. Que movimento de gente! Mas tudo isto era sentido na minha alma.

Ai, meu padre, parece que tudo isto que estou a dizer-lhe é mentira! Ai, tantas dúvidas!... Ai, ai os medos de toda a Paixão! Já disse à Deolinda: do modo que sinto o coração, é preciso um milagre para eu resistir. Jesus seja comigo! Não digo mais nada, que não posso.»

Aqui, interrompeu a carta, porque logo se seguiu a Paixão. Sua irmã Deolinda assim no-la descreve:

«Ai, meu padre, o que foi o dia de sexta-feira santa! É bem sexta-feira da Paixão! Antes de principiar, oh, como se via nela cara de aflição! Ela temia passar este dia! E dizia-me: Ai, se eu vejo este dia passado!... Eu confortava-a quanto podia e acariciava-a; apesar de eu também estar cheia de medo e muito aflita.

Durante a Paixão, eu não podia passar sem chorar e vi correr lágrimas pelas faces de quase todos os assistentes. Que espectáculo tão comovedor! A agonia no Horto foi muito demorada e aflitiva… Ouviam-se gemidos muito profundos e por vezes via-se soluçar. Mas a flagelação e a coroação de espinhos é que foi! Os açoites forma tomados de joelhos, com as mãos (como que) atadas. Eu cheguei-lhe uma almofada para debaixo  dos joelhos e ela retirou-se dela, não quis. Tem os joelhos em mísero estado. Os açoites não tinham conta! Levaram tanto tempo! Ela desfalecia tanto! Os golpes na cabeça (com a cana na coroa de espinhos) foram inumeráveis. Vomitou por duas vezes durante a Paixão: era água, porque mais nada tinha que vomitar. O suor era tanto que os cabelos estavam empastados e, ao passar-lhe a mão por cima de toda a roupa, ficava molhada. Quando acabou a coroação de espinhos, ela parecia um perfeito cadáver.

O Sr. Cónego Borlido veio assistir com mais duas pessoas. Também veio o Sr. Dr. Almiro de Vasconcelos com a esposa e a irmã D. Judite.»

Continua a Alexandrina:

Durante alguns dias foi doloroso todo o meu sofrimento. Continuaram os vómitos de sangue e uma sede abrasadora, que não havia água que me saciasse. Eu não podia beber, mas passava dias e noites seguidas com a água a corre pela boca, não podendo engolir nenhuma. Cheguei a cansar-me e a cansar as pessoas que me tratavam. Depois de passar muita e muita água pela minha boca ainda exclamava: «Dai-me água, muita água, pipas de água!» Parecia-me que estava a arder, nada havia que me saciasse.

Sentia uns cheiros horrorosos; não queria que as pessoas se aproximassem de mim, porque todas e tudo me cheirava a cães mortos. Davam-me violetas e perfumes a cheirar, mas tudo repelia, porque era sempre o mesmo mau cheiro que me atormentava.

Não passei sem sentir mau paladar nos dias em que me alimentava e, desde que comia, de tudo tinha nojos, porque tudo me sabia aos maus cheiros que tinha.

Quanto não teria eu que dizer sobe isto, se pudesse descrever tudo quanto sinto! Falta-me a coragem, pois custa-me tanto lembrar estas coisas!...

 

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