COMO
JESUS ME ENVIOU O MEU DIRECTOR ESPIRITUAL
Eu não
tinha nem sabia sequer o que era um director espiritual; apenas
tinha o meu pároco como guia da minha alma.
Como
minha irmã fizesse um retiro aberto das Filhas de Maria, tomou nessa
ocasião para seu director espiritual o conferente desse retiro, o
Sr. Dr. Mariano Pinho. Este, sabendo que eu estava doente, mandou
pedir as minhas orações, prometendo orar por mim. De vez em quando,
mandava-me um santinho. Passaram-se dois anos, e sabendo eu que ele
estava doente, sem saber como, senti tanta pena que comecei a
chorar; minha irmã perguntou-me porque chorava, se o não conhecia
sequer. Respondi-lhe:
«Choro,
porque ele era meu amigo e eu também sou dele.»
Em 16
de Agosto de 1933, Sua Reverência veio à nossa freguesia fazer um
tríduo ao Sagrado Coração de Jesus, tomando-o então para meu
director espiritual. Não lhe falei nos oferecimentos que fazia ao
sacrário, nem nos calores que sentia, nem na força que fazia elevar,
nem nas palavras que tomei como uma exigência de Jesus. Pensava que
era assim toda a gente. Só passados dois meses é que lhe falei nas
palavras de Jesus e do resto nada disse, porque nada compreendia
como coisas de Nosso Senhor. Apesar de Sua Reverência não me dizer
que eram palavras de Nosso Senhor, eu continuei sempre e cada vez
mais unida a Nosso Senhor. Quer de dia quer de noite eram os
sacrários os meus lugares predilectos.
Em
8/9/1933, escrevi nas costas de um retrato meu assim:
«Ave
Maria, eu vos saúdo, ó minha Mãe Santíssima.
Ó minha
querida Mãezinha, que hei-de eu dar-Vos no dia do Vosso aniversário?
Não tenho mais nada que Vos dar, dou-Vos o meu corpo e a minha vida.
Quero ser toda Vossa.
Não
rejeiteis a minha oferta, ó minha querida Mãe. Rogai a Nosso Senhor
por mim, ouvistes? Quero ser toda, toda Vossa. Dou-Vos quanto tenho.
Ó meu
Jesus, não rejeiteis nada do que peço à Vossa Mãe!
Sois
minha Mãe muito querida. Oh, quem me dera ter uma boa oferta para
Vos dar, mas ao menos tenho a boa vontade! Dai-me o Céu!»
Em
Agosto de 1934, voltou a fazer outra pregação aqui e então é que
abri a minha consciência. Nesta altura fui muito tentada pelo
demónio, porque lembrava-me que, uma vez que expusesse a minha vida,
não mais quereria ser meu director espiritual. Nessa altura Nosso
Senhor disse-me:
«Obedece em tudo ao teu Padre espiritual. Não foste tu quem o
escolheste, mas eu quem to enviei.»
Sua
Reverência apenas me perguntou a forma como ouvi estas palavras e
não me disse que era nem que não era Nosso Senhor.
Passados dias, como minha irmã soubesse que demorava por muito tempo
a fazer as minhas orações, perguntou-me o que é que eu dizia. Nessa
ocasião, expliquei-lhe em que me ocupava durante todo aquele tempo e
o que sentia nessas ocasiões, dizendo-lhe que certamente era a fé e
o fervor com que fazia todas as minhas orações e ela concordou
comigo. Pediu-me para que lhe dissesse tudo, para se tornar
fervorosa.
COMO
HONRAVA JESUS E A SANTÍSSIMA VIRGEM
No ano
de 1934:
«Ó
minha Mãezinha do Céu, eis aqui aos Vossos santíssimos pés uma alma
que vos deseja amar.
Ó minha
amável Senhora, eu quero um amor que seja capaz de sofrer só por
amor de Vós e por amor do meu querido Jesus!
Sim, do
meu Jesus que é o tudo da minha alma.
Ele é a
luz que me alumia, é o pão que me alimenta, é o meu caminho pelo
qual eu quero seguir.
Mas,
minha soberana Rainha, sinto-me tão fraca para passar por tantas
contrariedades da vida!... Que será de mim sem Vós ou sem o meu
querido Jesus?
Ó minha
Mãezinha do Céu, lá do trono em que estais, vede este meu triste
viver. Vinde em meu auxílio. Abençoai-me e pedi a Jesus por mim,
vossa indigna filha.»
Noutra
ocasião de 1934:
«Ó
Jesus, que melhor companhia posso eu ter aqui neste leito de dor, se
Vós estiverdes sempre em mim, que só para Vós quero viver?
Ó
Jesus, sabeis bem todos os meus desejos, que são: estar sempre
presente nos vossos sacrários, não me esquecer deles um momento.
Dai-me força, bom Jesus, para assim o fazer.»
Ainda
em 1934:
«Ó meu
Jesus, meu Amado,
No altar sacramentado,
Por meu amor encerrado
Nesse sacrário de amor.
Quisera
estar contigo, ó Jesus,
Dia e noite e a toda a hora,
Porém, agora não posso ir,
Bem o sabeis, ó meu bom Pai!
Estou
presinha de pés e mãos;
Mais presa quisera estar,
Juntinha a Vós no sacrário,
Não me ausentar um só momento.
Ó
Sacramento tão adorado
Do meu Jesus, do meu Amado,
Eu Vos saúdo aqui do leito,
Vinde morar neste meu peito!
Fazei,
Senhor,
Dele um sacrário
Para eu poder,
Ó bom Jesus,
Ser Vossa esposa.
Ó meu
Amado,
Realizai os meus desejos
Que são, Senhor,
Possuir-Vos em mim
Sacramentado.
Perdão,
meu Deus, eu não sou digna de tamanha graça, de Vos receber, mas não
olheis para a minha miséria, mas sim para a Vossa infinita
misericórdia. Sim, meu querido Jesus?»
No dia
da Anunciação, em 25 de Março de 1934:
«Ave
Maria, cheia de graça!
Eu Vos
saúdo, ó cheia de graça!
Soberana Rainha do Céu e da terra, Mãe dos pecadores, eu, a mais
indigna de todas as Vossas filhas, Vos agradeço de todo o coração, ó
Santa Mãe de Deus, por terdes consentido que o meu amabilíssimo
Jesus encarnasse em Vossas puríssimas entranhas para redenção da
humanidade.
Sim,
minha Mãezinha, encarnar, nascer, viver trinta e três anos no mundo
e por fim morrer numa cruz pelos miseráveis filhos de Eva! Entenda
quem puder tantos excessos de amor, que eu por mim só tenho que
confundir-me e lamentar este meu pobre coração por não ter
correspondido a tanta bondade dos meus dois queridos amores, Jesus e
Maria!
A mais
indigna das Vossas filhas.»
Em
1934:
«Meu
Jesus, estou doente, não posso ir visitar-Vos às Vossas igrejas,
mas, meu querido Paizinho do Céu, estou a cumprir a missão que Vós
destinastes para mim. Seja feita a Vossa santíssima vontade em todas
as coisas.
Meu
Bem-amado, Vós sabeis os meus desejos, que são estar na Vossa
presença no Santíssimo Sacramento.
Mas, já
que eu não posso, mando-vos o meu coração, a minha inteligência para
aprender todas as Vossas lições, o meu pensamento para que só em Vós
pense, o meu amor para que só a Vós ame, só a Vós busque, só por Vós
suspire, só Vós, meu Jesus, em tudo e por tudo. Vós no sacrário
preso e abandonado e eu, Jesus, presa também.
Mas
fazei, Senhor, que eu abandone tudo o que é do mundo, buscando-Vos
só a Vós em todas as coisas, que sois a luz da minha inteligência,
sois as minhas delícias, sois todo o meu bem.
Oh, eu
vos mando tudo quanto tenho que Vos possa agradar e fazer-Vos
companhia no Vosso sacrário de amor!»
Em
1934:
«Queria, ó meu Jesus, na Vossa presença estar dia e noite, a toda a
hora, unida a Vós estar, e não Vos deixar, meu Jesus, sozinho na
Sacramento, nem um momento me ausentar e dar-Vos o que possuo e que
tudo a Vós pertence: o meu coração, o meu corpo com todos os seus
sentidos. É toda a minha riqueza.»
A Nossa
Senhora, em 1934:
«Ó
minha Mãezinha do Céu, eu tenho tanta, tanta confiança em Vós que
não sei explicar-Vos o amor que Vos tenho.
Ó minha
Mãe, é muito, mas queria muito mais, muito mais; só Vós me podeis
alcançar essa graça e também o amor ao Vosso e meu querido Jesus.
Ai, aumentai-mo muito, muito! Abrasai-me em chamas de puro amor!
Sim, sim, minha boa Mãezinha!?» |