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AUTOBIOGRAFIA
XI

A PROTECÇÃO DESVELADA DE JESUS E DA MÃEZINHA

Durante o mês de Maio, ficava sozinha e, para fazer as minhas rezas, acendia umas velinhas com um acendedor. Uma vez aconteceu de cair um morrão e incendiar a vela, fazendo grande labareda, podendo incendiar as toalhas do altarzinho ou estalar a redoma. Quis apagar com um apagador que tinha junto de mim, mas nada consegui; quando estava para deitar o castiçal ao chão, tudo se apagou. Não quero pensar na aflição que senti por não poder levantar-me e pôr termo a uma pequena coisa que podia ser a causa da ruína da nossa casa.

Um dia em que houve necessidade de ficar sozinha por algum tempo, sofri um grande susto. Veio junto de mim ma vizinha saber se eu precisava de alguma coisa. Ao retirar-se, deixou a aporta da varanda aberta e, pouco depois, entrava pela nossa casa uma cabrinha que tínhamos e encaminhava-se para a sala onde tínhamos os vasos de begónias e avencas muito floridos e viçosos. Com eles adornavam-se os altares da nossa igreja por ocasião das festas. Ao vê-la dirigir-se para lá, chamei-a, e ela, olhando para mim, não fez caso. Atirei-lhe uns bocadinhos de maçã, mas não os comeu. Fui-lhe mostrando a maçã e chamando por ela até que se aproximou de mim. Agarrei-a e dei-lhe a maçã e fui sustentando nela duas horas, ora fazendo-lhe mimos, ora dando-lhe sapatadas. Quando minha irmã chegou, ficou admirada como, na minha cama, pude segurar o animal tanto tempo. Atribuo isto a um milagre, pois a porta da sala estava aberta e, se a cabrinha não (sic) comesse, estragaria tudo. Quanto devo a Jesus! Estava presa no leito, mas Ele poupou-me este desgosto.

Pouco tempo depois, sofri outro, mais doloroso. Minha irmã estava apara fora da terra e minha mãe fora ao mercado da terra e eu fiquei com uma pequena, à ordem da minha mãe, para me servir, até que esta chegasse da feira. A pequena, apesar de ter mais de vinte anos, entendeu que devia ausentar-se antes de minha mãe chegar e assim o fez. Quando ela saiu, falei-lhe assim: «Querendo ir, vai, que elas encontrar-me-ão aqui viva ou morta.»

Logo que ela saiu, vieram para junto de mim uns gatinhos fazerem-me festa, levantando as patinhas no ar para lhe dar a minha mão e puseram-se em cima da minha cama. Mas, como os não quisesse ali, sacudi-os e foram para o chão. Mementos depois, senti que um deles caiu à água e morreu afogado. Ouvi-o lutar com a morte na água e miava muito. A mãe dele miava também. E eu, que não tinha coragem para ouvir tudo aquilo, principiei a chorar e dizia:

«Ó Mãezinha, permiti que venha aqui alguém para lhes acudir. Valei-me, Jesus, Santa Teresinha e vários santos!»

Também dizia:

«Coitadinho de quem está presinho!»

Por acaso, vieram duas pessoas e, ao ouvirem os meus soluços, entraram no meu quarto e ficaram pesarosas ao verem a minha aflição. O gatinho estava morto. Não me impacientei. Chorava com pena dos animaizinhos, mas não ofendi Jesus. Este caso foi origem de grandes aflições morais, porque minha mãe e minha irmã não levaram a bem o procedimento da pequena. Tudo lhe perdoaram, e eu perdoei também.

Como gostava de ficar sozinha – e principalmente aos domingos, quando havia adoração ao Santíssimo sacramento – dizia a todos os meus que fossem e que me deixassem a sós com Jesus. Pouco depois de todos saírem, pus-me a orar e ouvi alguém abrir a porta da rua, subir as escadinhas, mas, já falando muito alto, dizia:

«Abre-me a porta.»

Pela voz conheci a pessoa. Fiquei muito assustada. Ai, que seria de mim se ele conseguisse entrar! Apertei nas minhas mãos o meu tercinho com toda a confiança, enquanto a pessoa continuava a empurrar a porta com toda a força. Pensava na forma como havia de falar e, assustada, nem sequer podia respirar. Como não conseguiu abrir a porta, retirou-se, deixando-me em paz. Fiquei tão cheia de medo que não mais tornei a ficar sozinha, a não ser que me fechassem à chave.

Atribuí esta graça a Jesus e à Mãezinha, que me livraram daquela má companhia, pois antes me queria ver acompanhada pelos demónios do inferno.

PRIMEIRO EXAME DA SANTA SÉ[1]

Em 1 de Maio de 1937, recebi a vista de Rev.mo o Padre Durão. Vinha mandado da Santa Sé para examinar o caso da consagração do Mundo a Nossa Senhora. O meu desejo era viver ocultamente, sem que ninguém soubesse o que se passou. Sua Reverência entregou à minha irmã um cartão do meu Director espiritual e disse-lhe que mo lesse. Ao ouvir as palavras do cartão que eram assim «Vai aí o Sr. Padre Durão; fale-lhe à vontade e responda-lhe a tudo o que lhe perguntar», fiquei admirada e disse para a minha irmã:

«Que hei-de eu dizer-lhe?»

Não sabia que era preciso estes exames para casos destes. Minha irmã animou-me e disse-me:

«Dirás o que Nosso Senhor te inspirar.»

Fiquei surpreendida quando me fez perguntas das coisas de Nosso Senhor, mas, sem a mais pequena hesitação, comecei a responder às suas perguntas. Sua Reverência disse-me que só queria que lhe dissesse o principal, pois não me queria cansar, visto ser grave o meu estado. Respondi-lhe que não sabia que era o principal. Sua Reverência disse-me:

«Gosto disso, gosto disso.»

E foi quando me falou da consagração do mundo a Nossa Senhora. Depois de me fazer várias perguntas, com muito bom modo, disse-me:

«Não se enganará?»

Ao ouvir estas palavras, passou-me pela mente o engano da minha morte e pensei assim:

«Isto é contra mim, vou já dizê-lo.»

Então respondi:

«Enganei…»

E contei-lhe o que se tinha passado na Festa da Santíssima Trindade de 1936. Sua Reverência não mais me disse se estaria enganada, e falou assim:

«Estas coisas custam muito, não custam?»

Respondi:

«Custam e fico triste.»

E comecei a chorar. Sua Reverência pediu-me para o não esquecer nas minhas orações e prometeu-me nunca me esquecer no Santo Sacrifício da Missa.

Ajoelhou-se, rezou três Ave-Marias a Nossa Senhora e algumas jaculatórias. Despediu-se de mim e retirou-se. Chorei muito e fiquei muito atribulada e triste por se saber o que há tanto tempo de passava ocultamente. Escrevi logo ao meu Director espiritual, contando-lhe tudo. Sua Reverência respondeu-me imediatamente sossegando-me e dizendo que era tudo para glória de Nosso Senhor.

PERÍODO EM QUE O DEMÓNIO MAIS ME APOQUENTOU

– Se a vida material melhorou nesta altura, redobraram os assaltos do demónio que há meses me vinha ameaçando. Foi em Julho de 1937 que o «manquinho», não satisfeito de me atormentar a consciência e de me dizer coisas demasiadamente feias, principiou a atirar-me abaixo da cama e de noite e a qualquer hora do dia.

A princípio, até para as pessoas da casa fui encobrindo, menos para a minha irmã, passando por ser aflições do coração. A pouco e pouco, o mal foi aumentando e teve que o saber minha mãe e uma pessoa que vivia connosco. Quem observava os tombos que eu dava abaixo da cama mostravam-se muito pesarosos, não supondo nada do que se tratava. Passavam-se os dias e o mal aumentava sempre. Uma noite atirou-me para o chão, passando por cima da cama de minha irmã, que ficava junto de mim. Ela levantou-se, pegando em mim ao colo, e dizia: «Anda para a tua caminha.» Mal ela me deitou, levantei-me rapidamente e dei uns assobios. Reconhecendo imediatamente o mal que tinha feito, principiei a chorar e disse para minha irmã: «Ai, o que eu fiz!» Ela sossegou-me, dizendo: «Não te aflijas, que não foste tu.» Na noite seguinte, voltou a acontecer o mesmo, e disse-lhe em voz alta: «Não me deito» – afastando-a de mim. Quando reconhecia que fazia mal, chorava.

Uma noite em que passei com o mafarrico as coisas piores que se podiam imaginar, o que tudo desconhecia e ignorava, chorava amargamente e pensava não receber o meu Jesus sem me confessar. Nesse dia, o Sr. Abade não estava na freguesia para vir trazer Nosso Senhor, mas pensava quanto me custaria ter de dizer que não comungava sem me reconciliar, com receio que o Sr. Abade me perguntasse a causa, e ter de lhe dizer tudo, tudo, e não querer abrir-me com ele. Minha irmã, ao ver as minhas lágrimas, procurava consolar-me por todas as formas. Como não conseguisse, disse-me que à tarde iria falar com o meu Director espiritual que se encontrava a fazer uma pregação numa freguesia vizinha da nossa. Disse-lhe que nada adiantava, pois não lhe diria a ele o que se tinha passado. Pedi-lhe um postal de Nossa Senhora e, com grande sacrifício, descrevi por maior o sucedido, guardando-o debaixo do travesseiro até que chegasse a hora de o ir entregar. De repente, entrou no meu quarto o meu Director, acompanhado por um seminarista, trazendo-me Jesus-Hóstia para eu receber. Como soubesse que estava para banhos o nosso pároco, teve a boa lembrança de me vir trazer Jesus. Quando Sua Reverência me disse que trazia Nosso Senhor para receber, respondi-lhe: «Não posso comungar sem me confessar.»

As lágrimas e a vergonha não me deixavam falar. Com muito custo disse que tinha escrito um postal e que o guardava sob o travesseiro. O meu Director tomou-o, leu-o e tudo compreendeu, sossegando-me e dizendo-me que tudo previa em face de tudo quanto se tinha passado, mas não me tinha prevenido de nada.

Foi tremenda esta tribulação, que se repetiu por várias vezes. Tinha ataques muito furiosos duas vezes por dia, pelas nove ou dez horas da noite e depois do meio-dia, durante cerca de uma hora ou mais. Durante os ataques, sentia em mim toda a raiva e furor do inferno. Não podia consentir que me falassem de Nosso Senhor e na Mãezinha, nem podia ver as Suas imagens, cuspindo-as e calcando-as aos pés. Também não podia consentir junto de mim o meu Director; chamava-lhe nomes, queria espancá-lo e tinha-lhe uma raiva de morte, assim como a algumas pessoas da casa. Ficava com o meu corpo denegrecido com as pancadas e a escorrer sangue com as mordeduras. Também dizia palavras muito feias para quem estava junto de mim. Hoje gostava que muita gente presenciasse só para temerem o inferno e não ofenderem a Jesus.

Depois que passava a influência do demónio e recordava o que tinha feito e dito, sentia horrorosos escrúpulos; parecia-me ser a maior criminosa. Foram meses de doloroso martírio. Muito mais tinha que dizer sobre este assunto, mas não posso. A minha alma não resiste ao relembrar tais sofrimentos.


[1] Nota do Pe. Pinho: «Esqueceu a narração de como, em Setembro de 1936, se escreveu para a Santa Sé sobre a Consagração.

 

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