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AUTOBIOGRAFIA
XV

O MEU ENTERRO

– Os meus desejos são que o meu enterro seja pobrezinho. Quero que o meu caixão seja de forma a não ser muito bom, nem muito fraco, para não chamar a atenção de ninguém. Quero ir vestida de branco, como «Filha de Maria», mas muito modesta. Porém, sei que tenho um vestido muito bom, melhor do que era minha vontade: ofereceram-mo e, como não tenho vontade própria, por ser mais perfeito, aceito tudo o que me quiserem dar.

Se não for proibido pela Santa Igreja, quero no meu caixão muitas flores. Não porque as mereça, mas sim porque as amo muito. Se fosse por merecimento meu, nada tinha e nada levaria.

A minha vontade é ir para a terra, sem caixão de chumbo. Também não quero ofício, porque minha mãe não tem posses para isso.

No trajecto do meu enterro, queria o máximo recolhimento. Causa-me dó presenciar e ouvir a maneira como se fazem os acompanhamentos fúnebres.

Não quero autópsia; basta o meu corpo em exposição, enquanto viva, às consultas dos médicos.

A MINHA CAMPA

– Quero ser enterrada, se puder ser, de rosto virado para o sacrário da nossa igreja. Assim como na vida anseio estar junto de Jesus Sacramentado e voltar-me para o sacrário as mais vezes possíveis, quero depois da minha morte continuar a velar o meu sacrário e manter-me voltada para ele. Sei que com os olhos do meu corpo não vejo o meu Jesus, mas quero ficar assim para melhor provar o amor que tenho à Divina Eucaristia.

Quero que a minha campa seja rodeada de plantas chamadas martírios, para assim mostrar que os amei na vida e os amo depois da morte. A entrelaçar com os martírios quero roseirinhas de trepar, mas daquelas que têm muitos espinhos. Amo e amarei durante a vida os martírios que Jesus me dá e os espinhos que me ferem e amá-los-ei depois da morte e quero-os junto de mim, para mostrar que é com espinhos e com todos os martírios que nos assemelhamos a Jesus, que consolamos o Seu Divino Coração e que salvamos as almas, filhinhas de todo o Seu Sangue. Que maior prova de amor podemos dar a Nosso Senhor senão sofrendo com alegria tudo o que é dor, desprezo e humilhações?! Que maior alegria podemos dar ao Seu Divino Coração senão dando-Lhe almas, muitas almas por quem Ele sofreu dando a vida?!

Quero também ao cimo da minha campa uma cruz, e junto dela, uma imagem da querida Mãezinha. Se puder ser, gostava que uma coroa de espinhos envolvesse a cruz. A cruz é para sinal que a levei durante a vida e amei até à morte. A Mãezinha é para mostrar que foi Ela quem me ajudou a subir o caminho doloroso do meu calvário, acompanhando-me até aos últimos momentos da minha vida. Confio que assim será. Ela é Mãe, e como Mãe não me deixará sozinha no último transe da minha vida.

Amo a Jesus, amo a Mãezinha, amo o sofrimento, e só no Céu compreenderei o valor de toda a minha dor!!!

QUARENTA DIAS PASSADOS NA FOZ (1943)

– Para satisfazer os desejos e vontade do Sr. Arcebispo Primaz, mais uma vez me sujeitei a uma nova conferência, que se realizou no dia 27 de Maio deste ano. Quando me comunicaram isto, novo sofrimento se apoderou do meu espírito, mas como visse em tudo só a vontade santíssima de Deus, aceitei, como sempre, por obediência, pois o que mais me custava era o ter de me sujeitar a mais um exame médico. Quando me disseram o dia em que os médicos vinham, pedi com todo o amor à minha querida Mãe do Céu que me desse a calma precisa para tudo suportar com coragem e resignação, pois era por Jesus e pelas almas que a tudo me ia sujeitar.

No dia combinado, compareceram o meu médico assistente, Sr. Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo, o Sr. Dr. Henrique Gomes de Araújo e o Sr. Dr. Carlos Lima. Quando chegaram junto de mim, eu encontrava-me na maior serenidade e calma. Nosso Senhor tinha ouvido e acedido ao meu pedido! As primeiras palavras de um dos médicos foram para saber se eu sofria e por quem oferecia esses sofrimentos; se sofria contente e se ficaria satisfeita, se Nosso Senhor de um momento para o outro me tirasse esses mesmos sofrimentos. Respondi que realmente sofria muito e que oferecia todos estes grandes sofrimentos por amor de Nosso Senhor e para conversão dos pecadores. Novamente me perguntaram qual era a minha maior aspiração e eu respondi: «É o Céu!» Então disse-me se eu queria ser uma santa como Santa Teresa, Santa Clara, etc., e subir às honras do altar, deixar nome como esses grandes do mundo. «É o que menos me preocupa!»

Querendo tirar-me a confiança em Deus, propôs-me o seguinte: Se para salvar os pecadores fosse necessário perder a própria alma, que faria? «Eu tinha toda a confiança que no fim de salvar as outras, a minha seria salva também; mas, se no fim perdesse a minha, então, não, pois nem Nosso Senhor seria capaz e pedir uma coisa dessas... E ainda digo mais: prometi a Nosso Senhor os meus olhos, que é o que tenho de mais querido no meu corpo, se isso fosse necessário para converter Hitler, Staline e todos os outros causadores da guerra.»

— E por que não come?

— Não como porque não posso, sinto-me cheia, não tenho necessidade de comer, mas sinto saudade da comida.

Depois começaram a fazer o exame médico, que eu suportei sempre bem disposta. Foi muito rigoroso, mas, ao mesmo tempo, tiveram cuidado com o meu corpo.

No fim resolveram — visto eu não estar em condições de fazer a viagem — mandar para cá duas religiosas para se certificarem da veracidade de eu não me alimentar.

Quando eles se ausentaram, Nosso Senhor fez-me sentir que a resolução que eles tinham tomado não ia ter realização e fiquei à espera de notícias que me trouxessem nova maneira de pensar dos médicos.

A 4 de Junho, veio cá o médico assistente, juntamente com o meu confessor ordinário, comunicar-me a resolução dos médicos e convencer-me, e à minha família, para eu ir para o Refúgio da Paralisia Infantil, num quarto particular, estar lá um mês, para verificarem, mais de perto, tudo o que em mim se passava. Eu respondi imediatamente que não, mas logo me arrependi do que tinha dito e da obediência devida, e disse que sim, porque não queria desobedecer ao Senhor Arcebispo, deixar mal situados o meu Director e o médico assistente, e todos aqueles que tanto se têm interessado por mim. Pus, porém, umas condições:

1) de poder receber a Jesus todos os dias;

2) de minha irmã me acompanhar sempre;

3) de não ter mais exame nenhum, porque ia para observação e não para exame.

Durante aqueles dias que cá estive, pedi a Jesus e à Mãezinha que me dessem forças e coragem para ser a coragem dos meus, que se encontravam desolados. Quantas vezes, durante a noite, com o coração oprimido e as lágrimas a bailarem-me nos olhos, eu pedia a Jesus que me ajudasse, pois parecia-me que me iam faltar as forças e via-me sem cora­gem para mim, quanto mais para dar aos outros!

Chegou o dia 10 de Junho, em que estava tudo preparado para a minha partida para a Foz. A amargura que se apoderou de mim era enorme, mas, ao mesmo tempo, sentia uma coragem tão grande que com ela podia encobrir o que ia na minha alma. Confiava tanto em Jesus, e estava tão convencida do seu Divino auxílio que até julgava, que, se necessário fosse, Jesus enviaria os seus próprios anjos a ajudar-me no exílio onde ia encontrar-me. Quando o médico chegou junto de mim, não teve coragem para me dizer que era preciso partir, mas eu disse-lhe então: «Vamos! quem não vai não vem.»

Então começaram as despedidas. Só Nosso Senhor sabe quanto me custou esta separação, pois todos os meus vieram abraçar-me e beijar-me cheios de dor. Eu só olhava para o Sagrado Coração de Jesus e para a querida Mãezinha a pedir-Lhes que me dessem coragem e forças.

Ao descer as escadas na maca, disse-lhes para os animar: «Coragem! Tudo isto é por Jesus e pelas almas!» Não pude dizer mais nada, tal era o aperto que sentia em meu coração e seria impossível conter as lágrimas. Era isso o que eu não queria, não por mim, mas para não ser causa de maiores dores para os meus. Quando fui posta na maca, rodeada por mais de cem pessoas, via as lágrimas nos olhos de quase todos, ouvia os gritos de minha mãe e mais pessoas de família. Era indizível a minha dor. Era ansiada (sic) de partir, mas partir depressa. O meu coração pulsava com tanta força que parecia arrancar-me as costelas. Nessa ocasião disse a Jesus: «Aceitai, meu Jesus, todas as pulsações do meu coração, por Vosso amor e para salvação das almas.»

 

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