SOYEZ LES BIENVENUS SUR LE SITE DES AMIS D'ALEXANDRINA - SEDE BEM-VINDOS AO SITE DOS AMIGOS DA BEATA ALEXANDRINA

     

Pagina Mensal

SENTIMENTOS DA ALMA
9 e 11 de Novembro - 4 de Dezembro de 1943

9 de Novembro

O que penso sobre a guerra e a minha confiança em Deus.

Quando me falam da guerra e do perigo em que Portugal está, sorrio a tudo, pois o meu coração redobra de confiança chegando a dizer a Jesus: Jesus, confio em Vós! E digo para quem me fala: Não será tanto assim, Nosso Senhor é de infinita misericórdia! Não é porque nós merecemos mais do que as outras nações. Não têm os pais muitas da vezes as suas predilecções para com um dos seus filhos? Assim acontece com Nosso Senhor.

Muitas vezes estas conversas faziam-me sofrer pelo que ouvia do mundo e pelo que sentia de Nosso Senhor e ouvia, quando ele me dizia repetidas vezes: “Confia, confia, minha filha”.

Temia muitas vezes ser o demónio, mas os efeitos dele não se faziam sentir na minha alma. Ao ouvir as palavras “confia, confia, minha filha”, sentia muita paz e força capaz de vencer a guerra.

Chegou-me aos ouvidos que o Santo Padre tinha sido preso, e eu não me convenci disso, tomei por confusão do povo. Desde pequenina que rezo pelo Santo Padre, mas desde há muito que venho rezando mais, compadecida do muito que ele sofria. Agora que ouço isto, rezo mais. Apoderou-se de mim uma dor tão grande e uma compaixão por ele que por vezes me parecia não resistir. Sentia na minha alma um luto, como quando morre um pai de família que deixa todos os seus filhos órfãos. Os dias foram passando e nesta luta constante não me canso de oferecer a Jesus todos os meus sofrimentos e por eles peço a paz. Queria aliviá-lo e confortá-lo, libertá-lo de todo o seu sofrimento e não sabia como.

Um dia, depois de comungar, senti um grande desejo de escrever a Sua Santidade. Sem poder resistir a ele, disse para minha irmã: Vou escrever ao Santo Padre. Dá-me a caneta e o papel. E tratei de o fazer, pedindo a Nosso Senhor toda a luz e força e de novo ofereci o sacrifício que fazia. Escrevi o seguinte:
 

Santíssimo Padre:

Sei que nestas horas trágicas que passam pela humanidade, depois de Jesus, o coração que mais sofre é o de Vossa Santidade. Jesus sofre porque é ofendido, e Vossa Santidade sofre por ver o mundo em guerra, em ódios, em crimes. Ai, quanto sofre também o coração da mais pobre, da mais miserável e indigna das vossas filhas por não livrar o Coração divino de Jesus dos crimes da humanidade, para não ser mais ferido, e por não poder aliviar dor tão dolorosa e profunda que aniquila e trespassa o coração do meu querido Pai espiritual e pai de todo o mundo!

Ó meu querido Paizinho, eu nada valho, eu nada posso, sou pobrezinha e miséria, mas Jesus pode fazer-me forte e poderosa e é com Jesus e com a querida Mãezinha que estou ao lado de Vossa Santidade para com os meus sofrimentos o ajudar a levar tão pesada cruz.

Queria beijar a terra onde Vossa Santidade põe os pés, queria andar de rasto por onde quer que passasse o meu querido Paizinho como sinal da minha dor por o ver sofrer e do meu profundo respeito.

Coragem, coragem, Santíssimo Padre, Jesus não falta, a força vem do Alto! A guerra acaba, a paz reinará entre os homens, mas sempre com dor e sacrifício e o reinado de Vossa Santidade continuará sempre por entre espinhos, mas Jesus nunca faltará com toda a sua graça e amor para o meu querido Paizinho poder subir alegre tão doloroso calvário. Foi ele quem escolheu tão terno filho para pai de todos nós, para nos dar as santas luzes do divino Espírito Santo. É triste o reinado na terra, por causa da malícia dos homens, mas será alegre e glorioso no Céu, como prémio de tanta dor e de tanto amor a Jesus.

Santíssimo Padre, sou uma filha vossa, doente há vinte e seis anos e paralítica há quase dezanove. Esta minha carta representa um enorme sacrifício, pois estou deitada na cama, com o meu pobre corpo trespassado das mais agudas dores, mas é uma prova de amor, santo amor ao meu querido Santo Padre.

Ai, meu Pai, se fosse possível eu dizer quanto sofro no corpo e na alma! Que triste e dolorosa tem sido a minha vida! É só alegre com os olhos em Jesus. Pai, meu Pai, dai-me a vossa bênção apostólica, suavizai a minha dor, tende dó de mim e perdoai-me o meu atrevimento. Eu não tomei conselho com ninguém, pois já vai para dois anos que não tenho director. Manda quem pode e obedece quem deve. A bênção, a bênção, meu Pai, e o perdão para o mal escrito, mas eu não sei escrever melhor.

Nunca esqueço Vossa Santidade, nem na terra, menos no Céu. Eu não sei falar para o meu querido Paizinho. Perdão, perdão!

Sou a pobre

Alexandrina Maria da Costa.

 

11 de Novembro

Depois de lhe escrever, fiquei mais aliviada, cheguei até a sentir contentamento, mas pouco duradouro. No dia seguinte ao que mandei para o correio, depois de comungar, era enormíssima a dor que sentia por Sua Santidade e era grande a minha preocupação a respeito das manobras e exercícios militares e apesar de toda a minha confiança, causava-me sofrimento o que ouvia dizer, e dizia a Nosso Senhor sem pensar, sem pensar obter qualquer resposta: Ó meu Jesus, libertai o Santo Padre, dai paz ao mundo inteiro, dai, meu Jesus! E Nosso Senhor respondeu-me:

― Sim, sim, minha filha, dou a paz, dou a paz, e em breves dias. Confia, Jesus não te engana.

E depois continuava eu:

― Ó meu Jesus, meu Jesus, livrai Portugal da guerra! Nós não o merecemos, mas compadecei-vos de nós! Livrais, meu Jesus, livrais Portugal?

― Sim, minha filha, Portugal é livre, não entra em guerra; não tenho eu a crucificada deste calvário ao lado da minha bendita Mãe a sustentar o braço do Eterno Pai?

Passada cerca de uma hora, ouvi dizer que estaríamos entregues aos franceses e que mataram o Santo Padre. Ao ouvir esta notícia, senti tão grande dor que o meu coração pareceu estilhaçar-se; fiquei sem poder respirar, sem poder falar e sem poder orar. Com os olhos fitos no Coração de Jesus, dizia com o pensamento: Valei-me, Jesus, valei-me! Mãezinha, não me deixeis vacilar! Oferecia a Nosso Senhor todo o sofrimento para que o Santo Padre fosse libertado, persuadida de que não tinha morrido e que não era verdade o que se dizia do nosso querido Portugal.

Foi um dia de tremenda luta. Eu pedia a Nosso Senhor que me mandasse alguém que me pudesse confortar, porque não queria ofendê-Lo com o meu desânimo. Passaram-se horas de grande agonia. Sentia-me no meio de uma tremenda tempestade que tudo destruía com a maior fúria e eu sem ter quem me acudisse. Fitava Jesus, fitava a Mãezinha, pedia todo o auxílio do Céu. Nosso Senhor veio confortar-me dizendo:

― O Santo Padre não morreu. Vive ainda, a sua missão continua.

Repetiu-me por várias vezes muito no íntimo do meu coração:

― Confia, confia! Jesus não te engana.

Porém, o demónio, não satisfeito de me ver sofrer sem do meu sofrimento tirar resultado, enraivecido, repetia-me frequentemente:

― Portugal em guerra, Portugal em guerra!

Dizia-me com tanta raiva que me fazia sentir pavor. Figurava-se-me que ouvia tocar vários sinos pelo Santo Padre; qualquer ruído, pareciam-me já peças de artilharia em Portugal. Com tudo isso, conservei-me sempre firme na confiança de Jesus. Isto passou-se em 14 de Outubro de 1943, e no dia 10 do mesmo mês Nosso Senhor tinha-me dito pouco mais ou menos o que disse no dia 14. No dia seguinte, apesar de me dizerem que tudo era falso, sentia momentos de grande temor, pois esperava por alguém que me dissesse que era realidade. Maldito demónio que tentava tirar-me a paz e fazer perder a confiança naquele que não engana nem pode ser enganado! Chegou o meu confessor e esforçou-se por me sossegar, o que só na confissão conseguiu. Sempre desejosa de orar pelo Santo Padre, fazia-o sempre, mas foi diminuindo dia a dia aquela dor que por ele sentia.

4 de Dezembro – Primeiro sábado

— O teu coração, minha filha, é o palácio real da realeza divina, é o trono mais belo e encantador que Eu encontrei na terra. É um foco atraente que atrai para Mim os pecadores. É um fogo ateador que ateia os corações e as almas sequiosas do meu amor. Quisera Eu que o mundo bem depressa conhecera a consolação que dás ao meu divino Coração e ao da minha bendita Mãe! Consolas-Nos; dás-Nos a maior das alegrias. Amas-Nos com o amor mais puro e perfeito.  Reparas os crimes de milhões e milhões de pecadores. Como és encantadora aos olhos da Santíssima Trindade! Ó bela, ó bela, ó amor do amor divino.

Olha, minha filha, os homens não se apressam a dar o brilho que Eu desejo à minha causa, mas Eu estou contigo. O seu desleixo será punido, a recompensa será o castigo.

Diz, minha filha, diz, minha esposa querida, diz ao teu Paizinho: o meu divino amor nele está cada vez mais. Amo-o, amo-o verdadeiramente. Dou-lhe a graça de atrair para Mim as almas, dou-lhe a graça de as incendiar no meu divino Amor. Diz-lhe que é com dor, que é com mágoa que Eu afirmo: os meus castigos vão continuar sobre a Companhia. Têm lá tantas almas que me desgostam, tantas que não são perfeitas como quer e exige o meu divino Coração! Não têm a minha caridade, escandalizam as almas. Se eles olhassem para as minhas ameaças, se atendessem aos meus pedidos, não teriam sido tão castigados. Eu velo, eu velo pelos que são meus. Eu velo pelos que Me amam.

Diz, minha filha, diz ao teu médico que a fidelidade dele às minhas graças, a fidelidade dele aos meus desejos é a minha alegria; que seja firme em cuidar da minha causa. Coloquei-o ao teu lado para te amparar e defender, porque assim defende-Me a Mim. Chovem graças, chovem bênçãos sobre ele e todos os seus, sobre os queridos do seu coração.

Tem coragem, meu encanto, não desanimes no teu martírio, não desalentes no teu calvário!

Só assim os pecadores são salvos, só assim o mundo recebe as graças desejadas.  Vives no Purgatório, a barreira que te separa. Fui Eu que assim permiti.  Agora já não estás no mundo, vives como se não vivesses.  O teu tormento é inigualável. Nunca o dei a nenhuma alma.

Queres consolar-me, minha filha? Queres continuar nesta dor?

— Tudo, meu Jesus, tudo que Vós quiserdes! O meu anseio é não viver sem Vos dar consolação um momento só, meu Jesus. Viver para Vos consolar, viver para Vos salvar as almas, é a minha aspiração.

— Coragem, então, filhinha! Se soubesses quanto bem vai fazer às almas, quando souberem o tormento que te foi dado!

O teu espírito morreu para o mundo, a tua vida é a vida das almas no Purgatório, mas não estás a sofrer só por ti.

Depressa, depressa a dar a conhecer ao mundo quanto elas sofrem! Depressa, depressa às almas minhas amadas a libertá-las!

Recebe o amor, todo o amor do teu Jesus, as carícias celestes.

— Ó Mãezinha, muito obrigada. Ó Mãezinha, abençoai, beijai e orai por mim a Jesus!

 

Pour toute demande de renseignements, pour tout témoignage ou toute suggestion,
veuillez adresser vos courriers à
 :

alexandrina.balasar@free.fr