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SENTIMENTOS DA ALMA
20 e 27 de Julho - 1 e 10 de Agosto de 1944

20 de Julho

Jesus, poderá ser, será possível a morte falar, o coração de um cadáver sentir saudades do Céu e ânsias, ânsias de voar para Vós, louco, louco por se esconder, por se perder na imensidade do Vosso divino Amor?

Jesus, Jesus, é a minha dor que Vos fala, é ela que vive, é uma dor que nos fala, é ela que vive, é uma dor que nela se encerram todas as dores.

Jesus, sinto que o meu corpo já não é um cadáver no qual os vermes da terra ainda não penetraram, um cadáver que, depois de alguns dias ter baixado ao túmulo, pudesse ainda ser reconhecido. Não, meu Jesus, não, nem cinzas tenho, tudo desapareceu.

Ó meu Deus, que morte a minha, que eternidade perdida! Escutai, Jesus, tende compaixão, olhai para mim, lede na minha dor! É por Vós, é pelas almas. Aguentai com o peso que me causou a morte, vede que sem Vós não resisto a tantas saudades do Céu e com tantas ânsias de Vos amar não posso estar aqui.

A noite não tem estrelas, não há sol. Ó dor, ó dor, só tu vives, só tu vives, só tu vives, mas não amas, não amas a Jesus, não vives para Jesus.

Ouvi, Senhor, o meu brado! Chegue até Vós o meu clamor! Que será de mim, meu Deus, que será de mim sem Vós.

Ó luta, ó luta, ó tremenda luta!

Jesus, há um ano que terminou o meu martírio na Foz (refere-se à casa de saúde onde foi verificado o seu jejum): acabo de relembrar nestes quarenta dias tudo que lá passei. Tendes em conta, Jesus, tão doloroso martírio? Eu não voltei à Foz, mas quase posso dizer que sofri tanto como quando lá estive. Fizeste, ó meu bom Jesus, que tudo se renovasse: o meu sangue ia-se espalhando gota a gota pelo solo; revivi tudo, Jesus. Tomai conta de toda a minha dor e, pelas almas, fechai o inferno.

Fazei que eu Vos ame e Vos faça amado: tenho fome de Vos dar o mundo inteiro.

Ai, meu Jesus, e as saudades de me alimentar não sou eu, não é o meu corpo que sente fome e sede, pois eu já não existo, mas é um coração, é uma alma como se fora a minha que sente essa fome e essa sede! Ouviste, meu Jesus, que este tão duro penar me obrigou a dizer: dava tudo, dava o mundo, dava a vida, se fosse possível, só por uma pequenina alimentação.

Que ânsias, que ânsias, meu Jesus, de tudo possuir, para tudo dar! Estou louca, estou louca, Jesus, quero amar-Vos, quero dar-Vos almas.

Jesus, depois de tudo isto, não sei o que é dor, não sei o que é sofrer, tudo desconheço, nada me pertence. Lançai para mim os Vossos divinos olhares, que quero fitar para sempre os meus em Vós. Tende dó, Jesus, tende piedade.

27 de Julho

Trevas da noite, horrores da morte!

Continua, Jesus, o brado da dor; escutai, é ela que chora, é ela que grita pelo Vosso socorro.

Jesus, é dor que sente dor, é dor que outra vida não tem a não ser a dor: tudo mais, meu Jesus, tudo mais baixou ao túmulo, passou para a eternidade. Não vejo luz; parece-me, ó meu Deus, que nunca conheci a luz, não sei o que é luar, o brilho do sol, nem o cintilar das estrelas. Não sei o que é a vida nem o amor de Jesus.

Ó meu Deus! Como pode ser este estado que tem vida e tem coração que sente, e que sente ele? Sente que foi rasgado e trespassado por dura lança, sente que não pode ser mais ferido, sente que depois de estar assim tão maltratado que ainda houve corações que lhe cravaram com outra dura lança fazendo lembrar a Mãezinha das Dores. Grande crueldade e ingratidão! E o que tenho sido eu para Vós e para a Mãezinha?!

Mas, mais ainda, a minha dor tem olhos que choram lágrimas de sangue e choram continuamente na maior das amarguras, tem pés, tem mãos para ser crucificados, tem cabeça para ser coroada de espinhos até penetrar os ouvidos, invadindo a dor todo o corpo.

Jesus, estou num sobressalto, não sei o que pressente a minha dor. Ai, que horror, tudo é tempestade, ameaças, ouço zunir os ventos, os ecos dos trovões terríveis, ameaças de destruição: tudo fugiu espavorido e eu sozinha no meio do mar, sem barco, sem leme e sem luz, prestes a afundar-me para sempre no abismo do mar!

Horror! Horror! A tempestade rasga as nuvens, o Céu abre-se e revolta-se contra a terra. Meu Deus, meu Jesus, que me espera ainda?

Em Vossos santíssimos braços me entrego.

1º de Agosto

Escutai, Jesus, a minha dor quase moribunda. Duro golpe lhe foi dado!

Ó dor, ó dor que matas a dor, ó dor que só por Jesus podes ser conhecida!

Com os olhos em Vós, Jesus, as calúnias, as humilhações, os desprezos, os ódios, o esquecimento têm a doçura do Vosso Amor. Venha tudo, ó Jesus, venha tudo o que Vos aprouver.

Morra o meu nome, como sinto que morreu o meu corpo e a minha alma, para que viva o Vosso divino Amor nos corações e a Vossa graça nas almas. Eis, meu Amado, porque me deixo imolar.

Mas como resistir a tanto? Ó Jesus, olhai este coração que rebenta, desfaz-se em dor, não pode com tanto aperto se não vindes em meu auxílio.

Vinde, vinde, ó Jesus! Socorro, socorro, Jesus! Querem privar-me de tudo, até me ameaçam de eu ficar sem Vos receber, proibindo o Senhor Abade de vir junto de mim a não ser em perigo de vida, isto no caso de eu não obedecer.

Obedeço, obedeço, meu Jesus, com a Vossa divina graça!  XE "Obediência, como eu te amo" Ó santa obediência, como eu te amo por Jesus e pelas almas!

Lançaram-me a público sem consentimento meu, de nada soube; e agora, meu Jesus, querem à custa da minha dor apanhar as penas que o vento tão furioso espalhou. Como, Jesus, como?

Ai, nunca mais, meu Jesus, nunca mais. Oh, quem me dera viver escondida; ai, quem me dera amar-Vos como tanto desejo, ser Vossa, meu Jesus, a mais não poder ser, mas perdoai, ó Jesus, perdoai-me: sem ter esta vida assim!

Ai, quantos que nada desta vida conhecem e são santos, e eu, meu Jesus, cheia de misérias!

Oh, que saudades dos anos que já lá vão! Tantos colóquios tive convosco e sem que nada se soubesse! Dava vidas, meu Jesus, dava mundos para viver escondida.

Perdão, Jesus, querer, não tenho vontade.

Meu Deus, se eu soubesse que com o meu sofrimento a Vossa consolação era completa! Se eu pudesse viver fechada neste quartinho, sendo Vós, meu Jesus, e estas pobres paredes testemunhas das minhas dores, sem que os meus e todos os que me são queridos pudessem recordar que eu vivia aqui e que em dia algum da vida eu tenho vivido na companhia deles, então já não sofria. Mas vejo que quem sofre mais é o Vosso divino Coração, e que os que me são queridos sofrem comigo, não podem esquecer-me: então faz-me sofrer a mais não poder.

Quantas vezes não posso conter as lágrimas, cega, cega de dor!

Vem-me ao pensamento: é mais perfeito não chorar, Jesus fica mais contente. Fito os meus olhos no Crucificado, levanto-os ao Céu, fico por algum tempo a contemplar Jesus e logo as lágrimas, que me pareciam nunca mais ter fim, estancam: sinto vida nova.

Meu Deus, que luta tremenda! Ai de mim sem Vós! Jesus, Mãezinha, valei-me: sou a Vossa vítima! Ó Santa Teresinha, Santa Gema, ó São José e santos meus queridos, valei-me! Ó Céu, ó Céu, conto contigo.

Nunca, meu Jesus, me deixeis cansar, nunca deixeis parar meus lábios repetindo sempre: amo-Vos, Jesus, sou a Vossa vítima.

Dêem-me os homens a sentença que quiserem, não importa. Dai-me Vós, ó Jesus, a sentença de vencerdes em mim e de eu Vos amar e Vos dar almas.

Jesus, não vejo o meu passado nem o presente, vejo só o futuro; vejo o meu sangue correr por entre espinhos; entre uma noite tremenda e escura, vai a minha dor que tem vida caminhar por entre ele, banhar-se, ensopar-se nele.

Ó meu Deus, que tormento; não sei dizer-Vos o que sinto: sofro e a dor desaparece à medida que vou sofrendo. Nada me pertence e morro de dor, Jesus, e tenho sede de mais dor.

Jesus, só Vós me compreendeis : tenho fome, tenho sede, morro, morro, ó Jesus!

10 de Agosto

Jesus, olho para um lado, olho para outro, não vejo ninguém; temo e tremo: ai que pavor! Não cessa a luta, vejo por entre a escuridão o meu sangue correr e a dor quase moribunda segue o seu caminho. Sangue e dor, morte e eternidade.

Escutai, ó Jesus, ouvi, ó Mãezinha: é uma dor agonizante, não há quem se compadeça da minha dor. Olhai, olhai, ó Jesus, vede-a ensopada em sangue.

Jesus, Jesus, não me deixeis sem Vos receber: perder tudo, tudo, mas comungar; perder tudo, mas possuir-Vos!

Ao ouvir lá fora risos como de quem goza uma grande alegria, sem eu querer, quase sentia saudades de gozar dessa alegria também.

Meu Deus, que vida tão mal compreendida! Se não fosse o amor de Jesus, se não fossem as almas, não estava sujeita aos juízos dos homens, não tinha que lhes obedecer.

Estes pensamentos passavam rápidos como um relâmpago. E sentia-me como que obrigada a trocar todas as alegrias pelo amor de Jesus. Jesus, Jesus é digno de tudo. As almas, as almas!

Este pensamento vibrou dentro de mim, acendeu uns desejos mais firmes de caminhar por entre espinhos, banhada em sangue, só em sangue. Deu-me um conhecimento claro do que é Jesus e do que é o mundo.

Meu Deus, levanto-me aqui para cair além. A luta continua. Sinto saudades da minha crucifixão das sextas-feiras, mas tenho horror aos êxtases. Temo as sextas (-feiras), temo os primeiros sábados, temo qualquer dia ou hora, meu Jesus, em que Vos dignardes falar-me.

Não será isto perfeito? Tende pena, tende dó. Temo a minha fraqueza, temo vacilar, horroriza-me o sofrimento, mas confio em Vós. O meu querer é o Vosso, só o Vosso, meu Jesus.

Que estou aqui a fazer ? Não permitais que eu seja a desgraça das almas. Preocupa-me tanto dizer-se que só certas coisas são precisas para tranquilização delas.

Ó Jesus, espero em Vós, confio em Vós. Sossegai a minha pobre alma.

Passaram-se algumas horas. Ia alta, bem alta a noite. Tudo em casa estava em descanso, só a minha dor, a minha tremenda luta continuava. Veio de repente Jesus, estreitou-me em chamas de amor.

— Dá-me a tua mão, minha filha. Não te prometi Eu levantar-te do teu desfalecimento? Anda para os braços da tua Mãezinha, vem tomar conforto.

Senti-me logo nos braços da Mãezinha e como uma criancinha lancei meus braços ao seu pescoço. Ela apertou-me docemente e acariciou-me cobrindo o meu rosto de beijos. Eu não sei se chorava se não, mas sentia que chorava. Ela limpava-me com o Seu santíssimo manto as lágrimas e dizia-me:

— Não chores. Consola comigo o teu e meu Jesus: Ele é tão ofendido! Anda, toma coragem!

E Jesus a meu lado dizia-me:

— A tua dor, minha filha, o teu martírio arranca das garras de Satanás as almas que ele com tanto furor Me roubou. O inferno está fechado; é a raiva dele. Coragem: a tempestade passa! Recebe graça, recebe amor e a luz do divino Espírito Santo.

E sobre um trono riquíssimo vi o divino Espírito Santo em forma de pomba, deixando cair sobre mim, lá do alto onde estava, raios dourados e à espécie de fitinhas de várias cores e cheias de brilho. Tudo isto era belo e luminoso. Fiquei mais forte. Pouco depois, numa doce paz, adormeci.

 

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