SOYEZ LES BIENVENUS SUR LE SITE DES AMIS D'ALEXANDRINA - SEDE BEM-VINDOS AO SITE DOS AMIGOS DA BEATA ALEXANDRINA

Pagina Mensal

SENTIMENTOS DA ALMA
20, 24 e 25 de Outubro de 1944

20 de Outubro

Meu Deus, falham-me as minhas forças, o corpo é cinza, a dor morre também. Tudo passa, vem a eternidade e eu de mãos vazias.

Quero chorar: Jesus, sinto que é necessário banhar o mundo de lágrimas e de sangue. Quero chorar as minhas culpas, quero chorar as do mundo inteiro. Quero sofrer, desejo sofrer e sofro e sinto que a dor não é minha; sinto que não sou eu que sofro.

Uma das mais belas fotografias da Beata Alexandrina

Oh, miséria, oh, miséria! Que ruínas no meu pó, nas minhas cinzas! Trato com o meu Jesus friamente, trato com Ele tão de longe. Meu Deus, que horror, que distância me separa de Vós! Parece-me não haver nada no mundo que possa conduzir-me ao Vosso amor e unir-me para sempre ao Vossa divino Coração.

Senhor, eu não sou eu, não posso estar aqui; esta vida não é minha: Jesus, tende compaixão, não Vos retireis de mim, não volteis as costas à mais miserável das Vossas filhas! Jesus, sou miséria, mas é com esta miséria que eu quero amar-Vos, é mesmo assim que eu quero ser Vossa, inteiramente Vossa.

Deixai, Jesus, esta pobre filhinha desprender seus voos, deixai-me, deixai-me voar para Vós. O Céu, o Céu, Jesus, criaste-me para ele!

Vede as minhas lutas com Satanás. Esta noite, meu Deus, meu Deus, tentou o maldito levar-me ao desespero de salvação. Dizia-me que já me não salvava.

— Deus já lavrou a sua sentença de condenação para ti. Tu queres gozar e podes gozar todos os prazeres à vontade porque já não tens salvação.

Dava gargalhadas, chamava-me os nomes mais feios e dizia-me :

— Queres salvar as outras almas e não salvas a tua. Estás condenada, estás condenada.

Gargalhadas, mais gargalhadas e gestos maliciosos.

Sou a Vossa vítima, Jesus, quero sofrer tudo e não pecar. Quero amar-Vos, quero louvar-Vos. Sou vítima, Jesus, sou vítima das almas. Dou-Vos o meu sangue, dou-Vos tudo, tudo.

O demónio estava furioso, atirava-se para mim com fúria de leão. Como estava preso com cadeias de ferro e não conseguia chegar-me, uivava de desesperação e mordia nele mesmo e dizia-me:

— O inferno está fechado, mas o teu corpo é que as (pode-se ignorar este pronome) paga. Olha que noite de crimes. Sofres pelos outros e não sofres por ti. Renuncia a todos os sofrimentos, renuncia a todas as ofertas que fizeste a Deus; diz-lhe que não queres nada, porque afinal já estás condenada. Fechaste o inferno para os outros e abriste-o para ti. Que eternidade desgraçada te espera! Acredita no que te digo.

Antes o inferno, meu Jesus, brado ao Céu no meu tão tremendo combate.  Antes o inferno que pecar ! Antes uma eternidade desgraçada do que desgostar-Vos na mínima coisinha. Amo-Vos, amo-Vos, meu Jesus, nas lutas, nos combates, no calvário e na cruz!

Serenou a tempestade e adormeci. Pouco depois preparei-me para comungar, triste, triste e como um mendigo a tiritar de frio. Tinha medo de receber a Jesus, não era digna de O receber, de O possuir.

Ele veio, esquecido da minha miséria; uni-me a Ele, aumentaram-me as ânsias de O amar. Quero corações, quero línguas para O amarem e louvarem por mim. Ó Jesus, ó Mãezinha, ó Céu, dá-me amor para eu amar com esse amor.

24 de Outubro

Morri, morri para o mundo, morri para tudo. Deu o último suspiro aquele pequenino sopro de vida que já há muito vinha a agonizar, desaparecendo de todo a força que o arrastava pelo cemitério imenso. Até os próprios bichos desapareceram, aqueles que vinham sobre as minhas cinzas e sobre outras que não eram minhas, mas que estavam ao meu cuidado.

Há dias que principiou a cair uma chuva de sangue, vinda do alto. Choveu sangue e ainda continua a chover. A princípio banhou as cinzas; depois lavou-as de tal forma até que desapareceram, já não existe nada. O sangue continua a vir do alto; cai sobre o que está limpo, já não tem mais que lavar.

Ó meu Deus, como posso eu falar duma coisa que não existe! Eu sou nada, vou falar da dor, da dor que não é minha, da dor que não me pertence.

Ó meu Jesus, sinto a dor e não sou eu que sofro, faltou a vida à dor que era minha. Vejo-a agora a sofrer de rasto, faz-me lembrar a cobra quando lhe falta o veneno. Vejo esta dor envolta na lama e no lodo tombando para um e outro lado. Essa vida que era dela está a viver mais alta, deixou-a para não mais voltar. Vive lá em cima, muito lá em cima, olhando a dor cá em baixo e olha-a com compaixão. Esta vida que vive no alto é uma vida semelhante àquela vida de que falei no dia da Assunção da Mãezinha, deste mesmo ano. Não sei exprimir melhor os meus sentimentos.

Ó Jesus, Vós sabeis e compreendeis tudo; eu não sei que vida é esta. Tende dó de mim, valei-me nos meus combates, nas minhas lutas com Satanás. Ele continua a seduzir-me ao mal. Quer instruir-me com as suas lições vergonhosas e maliciosas. Vede que tudo sofro por Vosso amor e pelas almas. Vede que não quero pecar, não quero ferir o Vosso divino Coração. Feri-lo sim, feri-lo sempre mas com setas de amor, não com o pecado; não quero ferir-Vos, não quero desgostar-Vos.

Por Vossa bondade e amor, ele não tem vindo tão frequentes vezes. Mas ai, meu Jesus, a manha dele! Quando vem, vem mais furioso e desastrado. E faz sofrer tanto a minha pobre alma quando me diz:

— Vês como és tu que queres pecar e pecas quando queres? Agora que sentes o teu corpo desfalecido, entregas-te aos prazeres menos vezes. Vês como és tu e não eu?

E insulta-me então com todos os nomes feios e maus. Ameaça-me que vou ter uma noite de crimes e depois demora-se a vir, deixando-me na alma desejos de pecar. Depois, quando vem, lança-me em rosto esses sentimentos de minha alma para assim me afirmar mais que sou eu que quero, que sou eu que peco.

— Meu Jesus, bem sabeis que não quero. Só Vós vedes como fico assustada quando o ouço ao longe com as suas ameaças. Fico sempre aterrada a ver quando chega a hora do martírio. Banhada em suor e lágrimas, recorro a Vós nos momentos mais graves.

Jesus, valei-me! Mãezinha, mostrai que sois minha Mãe, entregai-me a Jesus como vítima, quero desagravá-lo, quero reparar, mas não quero pecar. Entreguei-me a Ele como escrava; quero servi-lo, quero amá-lo e dar-lhe almas. Pecar, nunca, ó Jesus, ó Mãezinha! Sou vítima, sou vítima!

No último ataque, das 11 à meia-noite desta mesma noite, banhada em suor, chorei sentidas lágrimas. O coração não podia resistir mais. Quantas vezes repeti:

Sagrado Coração de Jesus, tenho confiança em Vós! Juro-Vos que não quero pecar. Valei-me, Mãezinha, valei-me lá do Céu!

O malvado punha-se ao lado, dançava, batia palmas. Dizia-me que os meus escritos estavam na mão dele, que ia ser uma vergonha em todo o Portugal.

— Eles não chegam mais à mão do P. Humberto nem do P. Pinho — e chamava-lhes nomes feios. Pronunciava também o nome do Médico e dizia-me dele coisas feias. Desesperado, gritava ao longe:

— Não os posso ver, tenho-lhes raiva, odeio-os!

Terminada a luta, fiquei tristíssima, só com o receio de ter pecado.

Ó Jesus, eu quero confiar em Vós e na palavra de quem me dirige. Pobre de mim, se aqui confio e me encorajo, ali desfaleço e fico duvidosa!

Vinde, Mãezinha, em meu auxílio! Valei-me, valei-me, Jesus!

Fiquei em paz. Muito unida aos sacrários, contente por estar acordada, dizia:

Jesus, quero velar, quero amar pelos que estão a dormir. Quero sofrer, quero reparar pelos que estão a pecar.

Assim passavam as horas e eu entrava em mim para falar com as Personagens divinas da minha alma. Sinto por tantas vezes a sua realeza divina dentro em mim! Gosto tanto de viver na solidão e no silêncio com estas Personagens! Sinto que o divino Espírito Santo no seu trono, no trono do meu coração, no meio do Pai e do filho, mas acima deles, bate as suas asinhas brancas como para me despertar e dizer-me que estão ali. Irradia-me com o seu amor, dá-me efusões do seu fogo divino, leva-me a santas inspirações, move-me a praticar obras boas, obras de caridade e tantas vezes com tanto sacrifício. Para quantas coisas sinto a sua acção divina. Quando estou em êxtase com Jesus e Ele me manda escrever tudo, eu não chego a dizer-Lhe nada, mas fico triste por me lembrar que não sou capaz. E Ele, que tudo conhece, diz-me logo:

— Vai, que o divino Espírito Santo está contigo, tens toda a sua luz divina.

E é bem verdade! Vou para escrever, lembro-me de tudo, compreendo tudo sem dificuldade. Sinto uma luz que alumia todos os caminhos.  XE "Como o Espirito Santo vejo coisas nas almas" O divino Espírito Santo! Com a sua luz vejo tantas coisas nas almas, ansiosas tantas vezes por mas dizerem e não têm coragem.

Dá-me o Espírito Santo conhecimento de tudo. E quantas vezes pressentimentos reais, como da vinda de pessoas junto de mim, acontecimentos, etc. ... O divino Espírito Santo é fogo que me ilumina e eleva muitas vezes às alturas: perco-me nele, irradio-me nele. Oh, quem me dera todas as almas conhecessem e sentissem nelas a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo!

Meu Jesus, tenho tantas ânsias de Vos amar! Desfaleço com tantas saudades do Céu. Que tristeza viver aqui! Tende dó de mim! Sinto-me tão ferida, e por pessoas que desconhecem ferir-me assim! Assemelhai o meu coração ao Vosso. Por Vosso amor quero perdoar a todos, por Vosso amor e por amor às almas aceito estes espinhos que tão profundamente ferem a minha cabeça em tantas horas do dia.

Se o mundo compreendesse a dor! Se o mundo compreendesse uma ofensa feita a Vós, não pecava, só Vos amava. Jesus, dai-me amor sem fim, dai-me amor para todos. Dai-me força e coragem para eu obedecer escrevendo tudo como me mandam. Que repugnância, meu Jesus, em tudo que escrevo! Se não fosse a obediência, não escrevia nada apesar da grande necessidade que sinto de o fazer. Amo a obediência, custe o que custar; quero ser fiel, quero obedecer em tudo.

Muito obrigada, meu Jesus, pelo alívio que me destes trazendo junto de mim quem tão bem compreende a minha alma. Com os olhos fitos em Vós, embora sempre na cruz, pude respirar mais fundo. Ó cruz, ó amor do meu Jesus, quero-te, quero-te, morro por ti!

25 de Outubro

Dia a dia, momento a momento, torna-se a minha vida mais penosa e triste. Por um lado, a ordem da obediência obriga-me a viver escondida não recebendo pessoas para assim, a pouco e pouco, ficar esquecida. Ó meu Deus, se eu tivesse querer, era assim que eu queria; mas que engano! Quanto mais me querem escondida, mais me fazem conhecida. Chegam-me visitas dum lado e doutro. Despertou agora a curiosidade dos médicos: que tormento para mim! Ó almas, ó almas, quanto é preciso sofrer para Vos salvar! Ó Jesus, ó Jesus, quanto custa a conquista do Vosso amor!

Esta manhã, quando me preparava para a visita do meu Amado, sentia-me triste e amargurada.

Meu Deus, receber-Vos assim, tão cheia de misérias! Tende dó de mim, Jesus! Ó Mãezinha, purificai o meu coração, o meu corpo e a minha alma; preparai-me para a visita de Jesus.

Ele veio, fez serenar tudo, sentia-O na minha alma, suavizou a minha dor unindo-me toda a Ele. A seguir uns momentos, deram-me a notícia que os meus escritos que se julgavam perdidos e que o demónio afirmava estarem na mão dele tinham aparecido. Senti muita alegria. Já que tinha Jesus em meu coração, aproveitei a ocasião de Lhe agradecer mais de perto. Pouco depois principiaram as visitas. De Jesus recebi força para tão grandes sacrifícios.

Eram duas horas e meia da tarde e entraram no meu quarto cinco homens. Tive logo o pressentimento de que algum deles era médico. Principiaram a interrogar-me; não sei porquê, os meus olhos fitavam-se mais num. Soube depois que era esse o médico. Como tinha o pressentimento de que estava a falar com um médico, respondia a tudo e fazia por me explicar bem da minha doença. Não me faltou a serenidade. Ó Jesus, só Vós sabeis quanto custa tudo isto. Quando acabará, ó meu Deus? Com certeza só com a minha morte! Respondia com firmeza, pois a verdade só tem um caminho. Chegou a ocasião de me falarem na alimentação. Duro golpe! Quem me dera que ninguém soubesse!

— Então não come nada?

Eu não sabia se estava a falar com pessoas religiosas. Mas sem respeito humano, respondi:

— Comungo todos os dias.

Um silêncio profundo por uns momentos se travou sobre todos; nem um gesto, nem um sorriso. Pouco depois retiraram-se muito delicada e respeitosamente. Ó Jesus, ó Mãezinha, divino Espírito Santo, dai a Vossa santa luz a estas almas; fazei que sejam só Vossas e sigam os Vossos caminhos. Que as minhas humilhações e sacrifícios sirvam para a salvação de todos. Ó Jesus, quero viver para Vos amar e para a salvação das almas!

Pour toute demande de renseignements, pour tout témoignage ou toute suggestion,
veuillez adresser vos courriers à
 :

alexandrina.balasar@free.fr