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SENTIMENTOS DA ALMA
7, 9, 11 e 12 de Outubro de 1944

7 de Outubro

― Minha filha, a pureza e a candura das virgens encanta o meu divino Coração. Sinto-me bem à sombra da tua graça, da tua pureza. Anima-te, minha pomba bela! Só duma virgem casta e pura Eu posso tirar tal reparação. Coragem, querida, coragem, amada, tu não pecas, não desgostas o teu Jesus; estou contigo a amparar-te, está contigo a tua Mãezinha. Tiramos em ti a reparação que desejamos. Que alegria e consolação para nós! As tuas lutas com Satanás, permito-as Eu e exijo-as, mas só as podia exigir duma virgem como tu, aureolada da mais heróica pureza e virtude. Olha, minha filha, olha: oferece-mas pelos sacerdotes. São tão poucos em Portugal os padres seculares que são puros e castos! É tão pequenino o número! É por isso, meu encanto, que de ti exijo dois sacrifícios. Anima-te com a palavra afirmativa do teu Jesus: não pecas, não me ofendes. Estás no fogo mais ateado sem te queimares, sem ficares com a mais pequenina mancha. Estás no fogo para apagares as paixões, vives no fogo para purificares os outros. Se não fosse a ordem da obediência que tens, as tuas lutas seriam constantes. Obedeço aos que tu obedeces, mas necessito, meu encanto, exijo de ti tudo isto.

Nas horas que os combates forem mais violentos é nas que as paixões atingem o seu auge. Vê depois por quantas mais almas tens que reparar, quantos pecadores pecam contra a pureza com toda a gravidade. Repara, repara! É neste dia consagrado à minha Bendita Mãe que Eu tenho estes desabafos contigo.

Diz ao teu Paizinho que ele vai ser posto à frente da tua alma, que vai retomar o seu cargo, levar-te à entrada do Paraíso e que lhe mando uma enchente das minhas graças, do meu amor. Que se dê inteiramente às almas logo, que se sinta de asas soltas, que voe, voe como a pombinha que, depois de muito tempo presa, volta saudosa ao seu querido ninho.

Diz ao teu médico que continue com toda a vigilância sobre ti: necessitas dela. Escolhi-o para isso, preciso dele para te amparar. Que cuide de ti com todo o cuidado e amor. Que Me veja a Mim em ti, que faça de conta que lhe apareci para ele cuidar de Mim. Não espero só para a eternidade para lhe dar a recompensa. Já a tem sentido aqui na terra e continuará a senti-la. Dá-lhe abundância das minhas bênçãos, das minhas graças, do meu amor para ele e para todos os que lhe são queridos.

Recebe, filhinha, do teu Jesus e da tua querida Mãezinha coragem para as tuas lutas. Eu e Ela compadecemo-nos do teu sofrer.

A Mãezinha acariciou-me, cobriu-me de beijos, encheu-me de amor com Jesus e repetia-me:

― Coragem, coragem, minha filha querida e do meu Jesus.

― Jesus, Mãezinha, que dolorosos sofrimentos me pedis! Não tenho coragem para dizer-Vos que não, mas tenho coragem para Vos jurar: não quero pecar, quero só amar-Vos e dar-Vos as almas.

A vinda de Jesus ao meu coração, que é cinza e já tão desfeita, por pouco tempo fez brilhar a luz e suavizou a minha dor. Estou sempre tímida e aterrada. As lutas do inimigo apavoram-me. Ele ameaça-me descaradamente e diz-me:

— Assim pecando vais comungar? Isto não termina mais. Dizes que amas muito à tua Mãe do Céu... olha se Ela te vem acudir. Agora estou cá eu.

Outras vezes finge não ser culpado de nada do que se passa. Muito sentado lá ao longe, parece que grava em minha alma os seus olhares maliciosos e tenta mesmo de longe escarrar-me; os escarros não chegam a mim. Desafia-me dizendo:

— Vês como queres tudo isso?

Bate as palmas, dá gargalhadas. No meio da fúria, não sei porquê, de repente ele é obrigado a retirar-se para onde eu não o veja, não o sinta, não o ouça. Quando se retira, uiva muito ao longe, desesperadamente.

Ó Jesus, que vergonha a minha! Nem ao menos me atrevo a levantar os olhos para Vós. E Vós sois tão bom, Jesus! No momento em que baixais a mim, ao menos me deixais sentir que a gravidade do mal não é aquela que me parece na hora do combate e em quase todo o resto do tempo. Que vida, Jesus! Não há alegria para mim, sempre a viver no receio de pecar. Viver sem viver, sofrer sem sofrer. Só Vós compreendeis, meu Jesus. Tende dó. Aqui me tendes: sou a Vossa vítima.

Que mais vem ainda? O meu coração já há dias que sente sobre ele um grande assalto. Tem de ser esmagado de dor. Mas se ele é cinza, como pode ser? Que mais me dais, Jesus? Estarão mais golpes para ferir-me? Ou será isto resultado dos assaltos de demónio? Estou pronta, Jesus, abraço por amor a Cruz.

9 de Outubro

O demónio continua com os seus tremendos ataques e manhas infernais. Influenciou de tal maneira a minha imaginação até chegar ao ponto de julgar ter consentido nos maiores crimes e vai repetindo com satisfação infernal, acompanhada por olhares maliciosos:

— Vês como consentiste?

E ao longe, sempre sentado, de perna alçada desandando a cara ao lado como se tivesse nojo de tal coisa, escarra para o chão e vai dizendo:

— Olha a tua Mãezinha por quem chamas e a quem dizes que amas muito, olha se Ela vem acudir-te...

Repete-me as palavras mais indecentes e fala-me no que há de pior: coisas que eu desconhecia. Nos momentos de maior perigo, sinto-me como se despertasse de um sono e é então que brado ao Céu, de alma e coração:

— Jesus, não quero pecar! Valei-me, valei-me! Não quero, não quero ofender-Vos! Ó Mãezinha, tende dó de mim!

Cheguei até a dizer a Jesus:

— Se para Vos não ofender é preciso renunciar ao Céu, renuncio, Jesus, de boa vontade, a uma eternidade de gozo para não ter um momento de Vos ofender. Antes o inferno!

Depois de horas seguidas, que duram umas vezes o dia inteiro ou grande parte da noite, sinto o meu corpo prostrado a ponto de não ser capaz a minha irmã sozinha de me erguer para o mais pequeno movimento. Assim vou continuando arrastada sem sinal algum de vida, as minhas cinzas a desaparecer aprofundando momento a momento na imensidade do cemitério em que me encontro. Vou enterrando-me e sinto sobre mim uma montanha sob a qual penetram também muitas feras diferentes, passando sobre as cinzas que vão desaparecendo. Enterram nelas o focinho causando em mim um sentimento de terror.

Antes de receber a Jesus estou em grande tribulação que, causada pelo demónio, aproveita-a para repreender-me:

— É assim que te preparas ?

Não sei descrever a luta que se passa em mim para tranquilizar-me e convencer-me de que não dei consentimento. Mas Jesus chega ao meu quarto, trazido pelo sacerdote, e uma grande paz volta à minha alma, esquecendo completamente o que se tem passado. Pouco depois volta a tempestade que não tenho palavra para descrever e que mal posso esconder às pessoas queridas, que não queria ver sofrer por minha causa.

11 de Outubro

Ontem, Jesus, compadecido da minha dor, trouxe junto de mim (o P.e Humberto Pasquale) a quem eu pude abrir a minha alma e que eu não esperava nem teria pedido. Custou-me muito; fiz um enorme sacrifício a falar e olhando para Jesus ofereci-o por aqueles que ocultam as suas culpas por maldade. Chorei lágrimas de alívio e de vergonha, mas entrou logo em mim uma grande paz, desaparecendo da minha alma toda a treva, dúvidas e tudo o que era dor. Senti uma força que me fez levantar, cantei a Jesus e à Mãezinha pelo espaço de uma hora e meia.

Durante a noite, vi num grande abismo de trevas um grande número de demónios, vestidos de fogo escuro, os quais me fitavam com olhares aterradores e ameaçadores, mas sem proferirem palavras. Por graça de Deus, a visão durou muito pouco ficando eu muito assustada. Ao receber hoje a Jesus, senti que Ele me estreitou fortemente e abrasou-me em suas chamas divinas e disse-me:

— Prendo, minha filha, o teu coração ao meu. Prendo a todos os que te são queridos! Dá, minha filha, ao meu querido P. Humberto, os meus contínuos agradecimentos. Diz-lhe que lhe dou o meu divino amor com toda a abundância para ele dar às almas e quero dele de cada vez mais ânsias de se dar a elas por meu amor, porque com isso consola-me muito.

Sinto-me hoje mais livre dos assaltos do demónio, mas sinto em minha alma terríveis ameaças. Ele está como esteja preso e mudo.

Passou em mim um desejo veemente de poder bradar a Jesus que O amo e ser tão forte o meu brado que obrigasse todo o Céu a implorar de Jesus para mim o amor que eu tanto desejo, isto é, o amor com que Jesus é digno de ser amado. Encarrego a todo o Céu para O amar por mim.

Quantas vezes nos ataques mais violentos em que me parece consentir no mal, mas em que o pensamento e o afecto não se afastam do meu Jesus, sinto-me estar num lugar de martírio onde alguém me condena, e a minha cabeça estar já separada do corpo! A minha língua, junta a ela, enquanto o meu sangue se derrama pela terra, ela vai repetindo: “Amo-te, Jesus, amo-te, amo-te, Jesus!”

12 de Outubro

De manhã, tinha feito a minha preparação para receber a Jesus e chegou o meu pároco e colocando o Suspirado da minha alma sobre a mesa, depois de acender as velas, disse-me:

— Aqui tens Nosso Senhor a fazer-te companhia um bocadinho. Vem aí o Sr. Padre Humberto e dá-to.

Logo que ele se retirou, uma força vinda não sei de onde, obrigou-me a levantar-me. Ajoelhei-me à frente de Jesus, inclinei-me sobre Ele. O meu rosto e o meu coração nunca tinham estado tão pertinho d’Ele. Que felicidade a minha, gozar tão de perto da minha loucura! Segredei-Lhe muitas coisas minhas, de todos os que me eram queridos e do mundo inteiro. Sentia-me arder naquelas chamas divinas. Jesus falou-me também.

— Ama, ama, ama, minha filha, não tenhas outra preocupação a não ser a de amar-me e dar-me almas. Onde está Deus está tudo, há o triunfo, há a vitória.

Pedi aos anjos para virem louvar e cantar a Jesus comigo e cantei sempre, até que fui obrigada pelo Senhor Padre a ir para a minha cama.

Presa e abrasada no amor divino, comunguei. Momentos depois, disse-me Jesus:

— São maravilhas, são provas dadas por Mim. Diz, minha filha, ao meu querido Padre Humberto: Fui Eu que tudo permiti. Da minha parte, nada mais é preciso. É só necessário agora lutar, lutar, combater com os olhos postos em Mim. A causa é minha, é divina. Pobres homens que imolam assim as minhas vítimas! Pobres almas que assim ferem o meu divino Coração! Consolo-me no amor desta pomba inocente, desta vítima amada, senhora dos meus tesouros e de toda a minha riqueza.

Vem, ó mundo inteiro, vem depressa a esta fonte beber! É água que lava e purifica, é fogo que ateia e santifica.

Meu Jesus, amo-Vos, sou toda Vossa, sou a Vossa vítima. Obrigada...

(NOTA: Neste instante, tendo percebido o Sr. P. Humberto que ia acabar-se a comunicação da Alexandrina com Jesus —  por ter lido nos êxtases anteriores que acabavam quase sempre pela palavra “obrigada” — pediu-lhe prontamente para que oferecesse a Nosso Senhor todo o seu amor e o amor de todas as almas que lhe são queridas e lhe estão confiadas. Viu-se, então, a Alexandrina ofegante, como que a transbordar alguma coisa, e: “Aceitai o amor do Padre Humberto e de todas as almas que lhe são queridas. Aceitai o amor do P. Humberto e todas as almas que lhe são confiadas. Aceitai o amor de todas as que me são queridas e do mundo inteiro. 

— Estou entregue de toda a oferta (recebi toda a oferta).

 — Obrigada, meu Jesus !)[1]

Não foi muito duradoira a paz da minha alma; voltei para a cruz, dores e trevas e as dúvidas a atormentarem-me. Levantei os olhos para o Sagrado Coração de Jesus e disse-lhe:

— Confio, confio em Vós. Bem sabeis que não quero enganar ninguém; podeis lá consentir que eu me engane e engane alguém? Vós não me enganais.

Olhai, meu Jesus: ainda que todos os que estão ao meu lado me desprezassem e abandonassem, convencidos de que eu estava no erro e eu não tivesse ninguém, ninguém por mim, ainda confiava em Vós. Juro-Vos, juro-Vos, ó Jesus. E se Vós por mim, quem contra mim? Ó Mãezinha, vede a minha dor e compadecei-Vos da Vossa pobre filhinha. Eu não sou digna do Vosso amor, eu não mereço ser Vossa filha, mas sou, Mãezinha, e só a Vós quero e ao meu Jesus.

Passaram as dúvidas e eu fiquei sempre mergulhada na dor e nas trevas. Pouco depois do meio-dia, uma onda de frescura passou por mim, refrescando a minha alma e todas as cinzas do meu corpo. Gozei duma grande paz e suavidade. Não sei bem ao certo, mas talvez por espaço de duas horas.

Ao aproximar-se a noite, voltei a sentir o mesmo, desta vez por menos tempo. Como Jesus e a querida Mãezinha olham por mim, tomando e caminhando com a minha cruz! Bendito seja o Amor do Céu!


[1] “No caderno original não consenti que a Deolinda escrevesse estas palavras do êxtase por serem a mim dirigidas. Faço-o hoje, por obrigação de consciência. Escrevi-as eu mesmo durante o êxtase. A Alexandrina só falava nos êxtases das sextas-feiras e primeiros sábados. Deu-se aqui uma excepção que muito me admirou e impressionou, porque pareceu-me uma resposta a um pedido meu feito a Nosso Senhor, a quem roguei dar-me uma prova de que a causa que eu defendia como divina num relatório ao Sr. Arcebispo era verdadeiramente tal. A Alexandrina ignorava este pedido feito por mim no dia anterior”.  — In fide Sacerdotis.

Balasar, 3 de Setembro de 1965. P. Humberto M. Pasquale, Salesiano.

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