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SENTIMENTOS DA ALMA
26, 28 e 30 de Outubro de 1944

26 de Outubro

Durante a noite tive com o demónio um violento combate. Meu Deus, tantas coisas feias, tantos gestos e ameaças e convites para o mal! Não sei o que ele punha em minha alma, não sei das manhas de que ele se servia; o que me parecia era que a minha alma tinha desejos de pecar e que os meus lábios pronunciavam: quero pecar, troco o Céu, troco Jesus pelos prazeres, pelos gozos do mundo. Isto eram manhas do demónio; Jesus bem sabia que eu não queria pecar. Mãezinha, guardai-me, valei-me, oferecei-me a Jesus como vítima. Dizei-Lhe que não renuncio aos sofrimentos, mas que renuncio ao pecado. Pecar, não; amar-Vos, sim! Amar-Vos a Vós, amar a Jesus! O maldito, no meio de horríveis coisas, convidava-me a que o beijasse. Então redobrei de forças e atirava beijinhos para a Mãezinha e dizia-lhe:

— Dai-os a Jesus e levai-os por mim aos sacrários.

Procurava entrar em mim o mais intimamente possível e aí beijar o Pai, o Filho e o Espírito Santo, rico tesouro que possuo. O demónio retirou-se mostrando-se contente por me ter levado ao ponto que desejava e afirmava-me eu ter pecado gravemente. Apesar dos meus esforços para não ofender o meu Jesus, fiquei triste e duvidosa. Unidinha aos sacrários, mas envergonhada diante de Jesus, queria acreditar nas palavras de quem me dirige, que não pecava, e custava-me a acreditar. Eram quatro horas da manhã e eu desfalecidíssima preparava-me para a visita de Jesus. Ele não esperou que eu o recebesse, veio consolar-me antes. Chamou-me:

― Minha filha, vem para os meus braços. Deixa a tua cruz, descansa em mim, toma conforto.

Senti que Jesus me desprendeu da cruz, via-a separada de mim: era grande. E eu então sentia-me nos braços de Jesus, estreitada por Ele ao seu divino Coração. Ao ouvir que Ele me dizia:

― Sacia a tua fome, sacia a tua sede, recebe o meu Sangue que é a tua vida, o teu alimento. Estou em ti como Rei no palácio do teu coração. Venho a ti como esposo fiel e cheio de amor. Venho a ti como Pai cheio de doçura, ternura e compaixão.

Chegou aos meus lábios o seu Sangue divino, deu-mo a beber por algum tempo. Depois senti o meu coração e peito aberto, e dentro em mim caía uma chuva de sangue. Jesus dizia-me :

― Recebe, é o Sangue das minhas veias.

Toma coragem, enche-te de mim para levares a tua cruz. Se soubesses o bem que estás aqui a fazer às almas, morrerias de pasmo! Confia nas palavras de quem te dirige. Não me ofendes; confia nas palavras afirmativas do teu Jesus, que valem mais do que uma jura. Confia, confia; não me ofendes, não posso consentir que me ofendas.

Dito isto, estreitou-me de novo forte e docemente. De novo fiquei na cruz, de pés e mãos cravadas e a cabeça bem penetrada de agudos espinhos, inclinada, bem firme sobre a cruz. Pouco depois, comunguei; não senti novos alívios. Passei o dia abraçada à cruz. Ai, quantas recordações tristes! Quantas amarguras e torturas de alma! Quantas ânsias de amar o meu Jesus! Quantos pensamentos! Eu só queria quem me ensinasse a amá-Lo!

A chuva de sangue vinda do alto continua a cair sobre o cemitério, mas já não encontra cinzas para lavar: tudo desapareceu. Bendito seja o amor de Jesus, benditas sejam as suas invenções para salvar as almas!

28 de Outubro

Hoje foi um dia cheio; espinhos, só espinhos penetraram o meu corpo de cima a baixo; nem um só bocadinho me foi poupado. Tantas contrariedades! Tantos sofrimentos!

Meu Jesus, por Vosso amor. Tudo o que é por Vosso amor não custa!

Olhava o Santíssimo Coração de Jesus, olhava-o crucificado na cruz e murmurava ao mesmo tempo que sorria aos sofrimentos: bendita seja a cruz de cada dia, bendita a dor de cada momento.

Passavam-se as horas e com elas iam passando as dores e angústias da minha alma. De vez enquanto era ferida por novos golpes. O demónio de longe a longe ameaçava-me e atormentava-me a imaginação. Queria confiar em Jesus e não podia, queria confiar nas palavras de quem me dirige e não me era possível, queria confiar em mim mesma, nos sentimentos da minha alma, pior ainda.

— Ó meu Deus, ó meu Deus, se no meio disto eu Vos amasse! Ficava por algum tempo com os olhos fixos no Sagrado Coração de Jesus. Que sede de O amar!

Era já noite, feriram-me agudas espadas. Pratiquei actos de humildade não por entender que fosse necessário fazê-los, mas sim para dar bom exemplo de ensinar alguém a ser humilde para consolarem a Jesus e O amarem cada vez mais. Durante a noite com o coração a sangrar de dor via correr dum lado e do outro muitos regatozinhos de sangue. Sobre eles poisavam bandos de pombinhas sem conta bebendo o sangue e de contentes batiam às asas. A amargura da minha alma continuava. O demónio com as suas feias palavras e acções tentava levar-me ao desânimo, ao desespero. Fazia actos de fé a ver se tinha confiança para melhor resistir. Ó amargura, triste amargura!

30 de Outubro – Dia de Cristo Rei

Logo de manhã na preparação para a comunhão esforcei-me por consolar a Jesus. Pedi à Mãezinha que Lhe fizesse a oferta das minhas orações e de todas as coisas para Sua maior glória, para que Ele triunfasse e reinasse no mundo inteiro em todos os corações. Dei-me a Jesus por Maria. Veio Jesus para o meu coração. Voltei aos mesmos regatozinhos de sangue: tantos, tantos bandos de pombinhas alegres, satisfeitas, bebendo, levantando-se aqui e poisando-se acolá. O sangue corria e eu sem saber de onde. Terminou a visão e eu sem saber o que significava, mas nem por isso me preocupava. A agonia da minha alma não me deixava pensar em nada disso.

Fingia no meio dos meus que estava muito satisfeita para assim ver em todos a paz e a alegria. Fui visitada por muita gente. Perguntas esquisitas, coisas desagradáveis: faziam-me sofrer muito.

Ó Jesus, ó Mãezinha, tudo por Vosso amor; dai-me coragem para eu sorrir a tudo sem dar a conhecer a minha dor. Sentia-me tão nada, um nada que nunca existiu. Sentia-me morta e morta toda a humanidade, mas era tal morte que nunca teve vida. Ó meu Deus, que há-de ser de mim, que doloroso tormento! Pelo meio desta mortandade apareciam ânsias quase insuportáveis de amar a Jesus, amar sem sentir, amar sem conhecer o amor.

Chegou a noite. Terríveis ameaças do demónio atormentavam-me e enchiam-me de medo e pavor. Meu Jesus, quero só o que Vós quiserdes, estou pronta para tudo, não me deixais ofender-Vos.

O demónio é mentiroso, mas desta vez não mentiu. Ontem com feias palavras mandava-me preparar para a noitada e não faltou. Eu não sei bem, mas talvez das 10 para as 11 horas veio ele com toda a fúria e maldade infernal. Ó meu Deus, nem posso pensar, ai que horror! Lutei, lutei por muito tempo. O grande tormento da minha alma era parecer-me que ele conseguia que eu dissesse: não quero Jesus, não quero Maria, não quero o Céu, odeio-os, volto-lhe as costas, quero o prazer, quero gozar. Eu não o juro, mas parece-me que não dizia nada disto. Só de longe a longe eu podia chamar por Jesus ou pela Mãezinha e oferecer-me como vítima e escrava. Uns momentos em que me parecia pecar sem remédio apertei como pude na minha mão o crucifixo e a [medalha da] Mãezinha e dizia-lhes: amar sim, pecar não. E foi tal a aflição do meu coração que pensei que morria por espaço de muito tempo. Vinha-me ao pensamento a realização das promessas de Jesus e animava-me. Eu quero o Céu, mas quero uma morte de amor, não quero morrer nas mãos de Satanás. Via-me sobre um horroroso abismo; por entre as trevas dele sobressaíam uns ganchos rebitados muito polidos. Assustadíssima porque me parecia cair nele sem remédio, fiquei desfalecida. O coração estava em fortes arrancos e, aflito, fazia grande ruído; parecia-me que a morte estava para aquele momento. Só com a minha mente dizia: ó meu Jesus, se eu ao menos não pecasse não me importava todo este sofrimento. Fiquei nesta prostração e triste agonia. O pecado, o pecado, que preocupação a minha! Passaram-se uns momentos: nova visão de sangue e bandos de pombinhas. Mas desta vez falou-me Jesus:

― Não pecas, não pecas, minha filha. Confia, meu amor, tem coragem. Exijo de ti esta reparação. Vistes aquele abismo? Com este sofrimento evitas de cair nele muitas almas. Os ganchos que nele estão são as prisões em que ficam presas para sempre. Este sangue é o sangue da tua dor, do teu martírio. As pombinhas que nele bebem são as almas que por ti se salvam; nele se lavam e purificam. Alegra-te querida, alegra-te, amada, és minha, só minha. Não pecas, amas-me, reparas, desagravas o meu divino Coração. Amo-te, amo-te, minha loucura.

A noite ia adiantada, uns pequeninos intervalos de sono, queria estar muito unidinha a Jesus, esforçava-me para isso, mas mal podia. Com una lanterna que ardia fitava o seu divino Coração, fitava [o quadro d]a Mãezinha e a Jesus pequenino em seus braços, pedia-Lhe amor, graça e pureza, pedia-Lhes tudo. Chegou a hora de comungar: fiquei unida a Jesus. Pouco depois passou-me pelo pensamento o grande combate da noite, desfaleci mais ainda. Indiferente a tudo e de tudo depreendida, sentia lá no alto aquela vida que já me pertenceu enquanto que a dor lutava e rastejava no lodo nojento e na lama.

De vez em quando o Divino Espírito Santo batia as asas em meu coração e dentro dele infundia o seu biquinho como para me alimentar e dar coragem. Sinto-o em mim em forma de pomba.

É já noite. O que me espera nela? Jesus o sabe.

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