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SENTIMENTOS DA ALMA
16, 17 e 18 de Outubro de 1944

16 de Outubro

Caminhando sempre arrastadas por alguém, sem já há tanto tempo darem sinal de vida, lá vão as minhas cinzas aprofundando-se, momento a momento, neste cemitério imenso, num abismo sem fim. Uma montanha de ruínas, de misérias e de crimes cai sobre elas infundindo-as (mergulhando-as) mais e mais nesse abismo. Oh, meu Deus, tudo passa, tudo desaparece! Não sei pelo que sinto agora uma chuva de sangue cair sobre estas pobres cinzas amortecidas, quase a desaparecerem por completo. Esse sangue forma rios, banha essas cinzas que ficam mergulhadas nele, ficando assim numa massa de sangue, só sangue.

O que é isto, meu Jesus ? Não o sei: é dor para mim e o resto basta que Vós o saibais. Se no meio disto eu Vos amasse! Os meus desejos são profundos, são vivíssimos. Eu não queria que um só momento da minha vida se passasse sem eu repetir sempre: Amo-Vos, meu Jesus, eu amo-Vos. Não queria outro movimento nem outra palavra para os meus lábios.

Jesus, o demónio enfurecido não cessa os seus combates; sede comigo para eu resistir, é furor diabólico. Num deles, dos mais violentos, acusava-me como a maior das criminosas.

— E dizes que és inocente e que não queres pecar e é só isso o que tu queres.

Dizia-me mais, muito mais.

— Ó meu Deus, bem sabeis que não me tenho por inocente e que por graça e misericórdia Vossa conheço a minha miséria. Meu Jesus, sou a Vossa vítima.

Enquanto que eu renovava a oferta a Jesus e Lhe dizia, não quero pecar, o demónio repetia:

— Criminosa! Criminosa!

E Jesus, dentro de mim, prontamente a defender-me:

— Inocente! Inocente!

O demónio espavorido, de cara voltada para trás como que a olhar alguém, fugia para muito longe, desesperado. Não ouvia bem, mas parecia blasfemar contra Jesus. Tudo se serenou e pouco depois eu adormeci.

Vivo triste e aterradíssima. Meu Deus, que medo eu tenho de pecar! Ainda hoje ouvia ao longe as seduções e palavras feias de Satanás. Às suas tremendas ameaças, cada vez me aterrava mais. Olhei para Jesus crucificado e disse:

Bendita seja a cruz de cada dia, benditos sejam os sofrimentos de cada momento!

Fez-me lembrar um condenando que vai para o martírio, mas que vai porque é obrigado, e enquanto caminha, desesperadamente, vai amaldiçoando tudo. Assim me acontecia a mim. O demónio levava-me com as suas manhas, desafiava-me com as suas maldades. O amor a Jesus e às almas obrigava-me a caminhar. No auge da minha aflição, as minhas maldições foram estas:

— Sou Vossa, Jesus! Tudo por Vós e pelas almas! Não quero pecar! Ai, pecar não, meu Jesus! Sou a Vossa vítima.

Ao terminar a luta, o coração a desfazer em dor, banhada em suores, acabei com lágrimas, com o triste receio de ter pecado.

Bem sabeis, Senhor, que não quero ofender-Vos; confio em Vós e nas palavras de quem me dirige. Em recompensa da minha dor, dai-me almas, todas as almas e o Vosso amor sem fim.

17 de Outubro

Hoje sinto o meu corpo em um tal cansaço, basta dizer: está moído, é cinza, só cinza. O demónio deixou-me mais em paz, ou melhor, Jesus assim o permitiu. Mas ele serviu-se do meu estado de desfalecimento para me atacar violentamente. Foi só um ataque no dia de hoje, mas valeu não sei por quantos. Chamando-me muitos nomes feios, dizia-me:

— Dizes que sou eu que te atormento, e vês que és tu que queres pecar. Hoje não tens feito nada do costume, porque te sentes cansada. Vês que és tu que pecas e queres pecar.

Continuando a dizer-me as coisas mais horrorosas, acrescentou:

— Prepara-te para uma noite de crimes, para uma noite de ofensas a esse Deus a quem dizes amar, o qual tem por ti o maior aborrecimento e desprezo.

O combate foi aterrador a mais não poder ser. Foi no auge de tanta agonia que recorri a Jesus e à Mãezinha. O meu pobre coração parecia-me que tinha o movimento e o barulho de uma fábrica. O meu peito era pequenino para o conter.

Jesus, sou a Vossa vítima; Jesus, não quero pecar! Mãezinha, valei-me! Ai, o que será de mim!

Banhada em suor, principiei a chorar. Depois de reflectir bem no perigo em que estava metida, exclamei profunda e dolorosamente:

Ó meu Deus, eu estou na Vossa divina presença. Que vergonha, que vergonha, meu Jesus!

Depois disto, uma voz vinda só de Deus tranquilizou a minha alma; sosseguei e não pensei por algum tempo que tinha ofendido a Jesus. Fiquei em ânsias de O amar e dizia-Lhe:

Ó Jesus, se houvessem novas invenções de amor, como eu Vos queria amar! Se houvessem fábricas que inventassem amor e me fosse possível construir o mundo todo em fábricas, era isso o que eu fazia, Jesus. Queria ver o mundo todo, o Céu e a terra, a amar-Vos por mim. Não caibo em mim, Jesus; Jesus, meu doce Amor, fazei que eu Vos ame: vede os meus desejos, vede as ânsias que me consomem.

18 de Outubro

O demónio bem me ameaça, mas de nada valeram as suas ameaças. Jesus não consentiu que ele me atormentasse durante a noite.

Nesta manhã, quando me preparava para comungar, atormentaram-me as dúvidas por algum tempo. Depois de Jesus entrar no meu coração, tudo que eram dúvidas desapareceram, senti uma grande paz e doce união sem me poder separar daquele por quem só suspiro. Esta doçura e suavidade de alma, estas ânsias e loucura de amor por Jesus deram alento, deram vida às cinzas do meu pobre corpo. De tudo necessitei.

Após umas horas da sagrada Comunhão, inventou o maldito novos meios de me atormentar. Eram horas do comboio, nele deviam regressar da Póvoa minha mãe e uma prima. Foi minha irmã esperá-las ao apeadeiro. A demora era grande; não aparecia ninguém. Principiou o malvado, um pouco retirado de mim, com as maiores injúrias e afrontas, com as palavras mais indecentes e feias.

— Olha, minha criminosa, tua mãe e tua prima estão mortas. O corpo delas está em ruínas, nem um hospital, nem um cemitério. Umas galgueiras (valas) estão abertas para as sepultar no lugar do desastre, a elas e a centenas e centenas de pessoas: não escapou uma só. Tantos inocentes mortos por tua causa, que és culpada. Deus não via outra forma de castigar e punir os teus crimes; foi para te castigar que procedeu assim. Manda-me aqui avisar-te que tudo isto foi por tu O ofenderes tão gravemente. Tua irmã foi ao seu encontro, foi vítima junto das ruínas delas.

Via e sentia na minha alma as galgueiras, o sangue e todos aqueles estilhaços desastrosos. Não eram cadáveres, era sangue, eram as carnes todas em bocadinhos. Meu Deus, tudo isto por causa minha! Sentia-me de verdade a maior das criminosas e a causadora de todo aquele desastre.

— Ó Jesus, confio em Vós, espero que tudo isto é mentira. Perdoai-me, tende misericórdia de mim. Bem sabeis que os meus desejos são de Vos amar; nada de pecado, nada de desgosto para Vós.

O demónio, às gargalhadas, acompanhadas de nomes (feios), fingia tocar viola. Recordou-me a minha prima que havia ordem de quem tinha autoridade para isso de o mandar retirar. Pegando no crucifixo, aspergindo água benta, usou das palavras que tinha ouvido dizer, e ele retirou-se. Mas antes de se retirar, enfurecido, escarrava virado para o rosto dela. Cheguei a perguntar-lhe se ela sentia os escarros; respondeu-me que não. Foram duas horas de luta. Lutei sempre com os olhos em Jesus e sem dar uma palavra ao inimigo. Estava cansada e aterrada de tão triste cena. Veio Jesus com o seu bálsamo divino, curou por algum tempo as minhas chagas.

— Minha filha, minha filha, não acredites em Satanás: é meu inimigo, é inimigo das almas. Não houve desastre nenhum, foi apenas um atraso; os teus estão para chegar. Confia no teu Jesus que te dá tudo: dá-te paz, doçura e amor. Confia, confia: sou o teu Jesus, louquinho de amor por ti. Confia plenamente em Jesus.

Não duvidei mais. Minutos depois, chegavam todos os que me eram queridos.

Pobres almas que se deixam convencer por Satanás! Pobre de mim, se Jesus me abandonasse um momento só, seria eu então a mais desgraçada.

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