SOYEZ LES BIENVENUS SUR LE SITE DES AMIS D'ALEXANDRINA - SEDE BEM-VINDOS AO SITE DOS AMIGOS DA BEATA ALEXANDRINA

Pagina Mensal

SENTIMENTOS DA ALMA
23 e 26 de Novembro de 1944

23 de Novembro

De dentro de mim sai um brado de profunda aflição e extrema agonia. Não sou ouvida. De mãos levantadas ao Céu uma e muitas vezes imploro socorro. De nada valem os meus brados. Não existe quem possa compadecer-se da minha agonia. Aterrorizada, louca de dor, sinto-me no cimo da mais alta montanha, sem ver nada, porque a escuridão é de densas trevas; continuo: socorro, socorro!

Socorro de onde, se nada existe, tudo é morte na terra e no Céu? A minha alma chora, chora sem cessar uma dor indizível que não pode explicar. Fitei o Coração Santíssimo de Jesus e exclamei:

Ó dor, ó dor que não és compreendida! Mas não me importa, meu Jesus; basta ser compreendida por Vós, não pelo prémio que me dais, mas sim para Vos aproveitardes do meu sofrimento para a salvação das almas.

Ao sentir que o meu corpo já não podia sofrer mais e como sentia a alma muito ferida pelo muito que me fazem sofrer, tive este desabafo com a minha irmã:

É preciso não terem coração para me fazerem sofrer assim em cima de tanto sofrer…

Referia-me aos sofrimentos dados à alma em cima de tão grande martírio do corpo. Meu Deus, que estou eu a dizer? Como posso falar da minha alma se ela já morreu? Como posso falar do meu corpo se ele já desapareceu, nem cinzas existem? Quem fala, Jesus? Quem sofre? Quem vive aqui?

Falais Vós, sofreis Vós, viveis Vós, só Vós, meu Amor.

Ai, meu Deus, não posso pensar nisto, não posso aguentar estes tristes sentimentos. Aguentai, Jesus, aguentai por mim.

O demónio trabalha com canseira num ataque aterrador para persuadir-me que o que sentia era verdade; dizia-me que eram mil demónios num só, que só assim podia ser. Acrescentava coisas muito feias.

― Não queiras ser vítima de Jesus, entrega-te a mim por vontade e por amor. Eu não te faço sofrer como Ele, comigo só terás gozo, sempre gozo.

Olha como tu pecas.

Oferecia-me a Jesus o mais que podia e ele então mais se enfurecia contra mim. Afirmava-me nunca me deixar; mas, sem saber como, fugiu deixando-me banhada em suor e como que o meu corpo desfeito.

O último ataque foi terminado quase à meia noite. Eram oito horas e meia, estávamos a rezar em família; dum e do outro lado eu ouvia à minha volta assobios desesperadores. Conheci que eram assobios infernais; fiquei assustadíssima. Pouco depois de terminadas as orações, formou-se à minha frente, por entre chamas, uma dança de demónios. Eram tantos como chuva; todos dançavam, mas só um falava dizendo-me o que há de mais feio e vergonhoso.

Nas horas dos combates tudo sei, tudo conheço, tudo é malícia, tudo é horror. Depois desconheço as coisas, ficando-me o temor de ter pecado, a lembrança da presença de Deus e de ter de comungar. Meu Deus, e nem um sacerdote para me ouvir de confissão.

As manhas de Satanás mudaram-me de posição. Um banho de suor ensopou-me a roupa, não podia estar mais tempo assim, não tinha força para pedir que me dessem outra posição.

Jesus e Mãezinha, valei-me!

Veio Jesus e disse-me:

― Vem cá, minha filha; Satanás odeia-te, mas Eu amo-te. Satanás persegue-te, e Eu venho em teu auxílio. Amo-te, és minha filha, és minha esposa, és minha amada. Sabes porque te odeia e persegue? Pelas almas que me dás.

Anda, meu encanto, vem descansar.

Fiquei na posição do costume por espaço de muito tempo sem poder descansar, mas com muita paz, unidinha a Jesus e a pedir coisas à Mãezinha.

26 de Novembro

Que vida é a minha, Jesus? É Vossa ou a quem pertence? Não posso aguentar o sofrimento que me causa a morte da minha alma; não posso estar aqui sem ela: não compreendo, não posso convencer-me desta separação. Esta perda que eu sinto causa-me uma dor de enlouquecer. Triste penar o meu! Corro o mundo por entre trevas a bradar sempre: socorro! Socorro! Não vejo nada, não encontro ninguém, não sou ouvida, parece que só eu existo aqui. Tanta vez invoco o nome de Jesus e o da querida Mãezinha. Tanta vez quero levantar os meus olhos para o Céu:

Meu Deus, falta-me a coragem.

Jesus não me ouve.

E como pode a Mãezinha ouvir-me e atender-me assim tão manchada como estou? Posso eu atrever-me a levantar os olhos à Pátria celeste da sua habitação para de lá receber algum alívio? Triste confusão a minha!

Ai, meu Jesus, todo o meu ser é despedaçado. Não tenho coragem, meu Jesus, ai de mim! Não posso estar na Vossa divina presença, coberta de maldades e crimes como estou.

Se uma vez ou outra de repente me passam pelo pensamento alguns do títulos que me dais é para meu maior tormento, é só para minha maior vergonha e confusão.

Como, Jesus, como podeis falar assim à mais indigna das Vossas filhas, a este abismo de miséria? Quero redobrar a minha confiança em Vós, confio cegamente. O que eu quero é amar-Vos; e confio que Vos amo sem sentir amor, sem sentir um coração para Vos amar. Creio, creio, meu Jesus! Vós desprendeis-me de tudo e de todos. Faça-se a Vossa divina vontade. Deixei de sentir em mim a presença do divino Espírito Santo.

Tudo isto me causa maior horror. Tudo desaparece, tudo foge de mim, até as próprias criaturas. Quero resistir a tanta dor, e desfaleço, não posso.

Para Vos dar maior consolação, ó meu Jesus, quero sofrer em silêncio, sozinha, sem desabafo a não ser convosco. Ofereço-Vos o sacrifício de calar e sofrer; fico indiferente a sentir que não Vos dei a mais pequena consolação.

Ó minha vida, ó minha cruz, quero-te, amo-te porque creio que em ti está Jesus.

Jesus, Jesus, vede esta dor, vede este pobre ser a lutar, a lutar sozinha no meio do mundo. Olhai este coração que grita e chora, vede esta dor que despedaça mundos e mundos.

Hoje no fim de comungar principiei logo a desabafar com o meu Jesus.

Vede a minha agonia, vede a minha dor, vede este coração que tanto deseja amar-Vos, vede e compadecei-Vos de mim, meu Jesus.

Dizia isto para desabafar, para alívio do meu penar e não com o fim duma resposta; nem nisso pensava. Mas Jesus, primeiro que tudo, incendiou-me o coração em chamas abrasadoras, parecia-me arder todo o meu peito; e logo principiou a falar-me meigamente:

— Minha filha, a tua agonia é a minha alegria, a tua dor é a minha consolação, as tuas lágrimas são os meus sorrisos pela alegria e reparação que me dás.

Coragem, filhinha, nada temas! Coragem para todas as provas que vierem e possam ainda vir. Tens o teu Jesus, que podes temer? Tens graça, tens força para combateres e venceres milhares e milhares de mundos. A vitória é minha, só minha. A glória é minha e dos que cuidam do que é meu.

Fiquei com mais força, com mais alento na minha alma. Foi pouco duradoira. Depressa voltei ao mesmo penar. Espinhos dum lado e do outro, rumores de tempestades, um sentir de alma como se elas nunca acabassem, ânsias de ir para o Céu e ao mesmo tempo temor à morte. Não sei, mas parece-me que este medo de morrer é o mesmo que me causa a lembrança de viver na presença de Deus. Penso se será efeito dos ataques do demónio. Parece-me mentira ele deixar-me dois dias e duas noites em paz; será depois para maior tormento.

Seja o que Jesus quiser: o que eu quero é não pecar.

Pour toute demande de renseignements, pour tout témoignage ou toute suggestion,
veuillez adresser vos courriers à
 :

alexandrina.balasar@free.fr