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SENTIMENTOS DA ALMA
18 e 21 de Novembro de 1944

18 de Novembro

Se eu não tenho vida, o que é que sofre? Se eu não existo, porque me perseguem? Meu Deus, meu Deus, sinto que morri e estou aqui. Sinto que passei para a eternidade e estou no mundo. Ó vida, minha triste vida! O demónio não me deixa. Neste último ataque parece que redobrou a sua malícia.

― Pecas quando eu quero, como eu quero e levo-te aonde quero. Olha que vida tu tens! Que vida de sofrimentos, quando podias gozar! Desengana-te, olha que Deus não te quer, abandonou-te, odeia-te; tu és minha: podes pecar à vontade.

Dava-me as suas falsas e vergonhosas lições. Prometia o mundo como recompensa pelos crimes. Sem lhe dar resposta, eu dizia a Jesus:

Ainda que me desse o mundo por um só pecado, não o queria, meu Jesus, ainda que soubesse que não me condenáveis, que não me pedísseis conta, não, meu Jesus, nem uma leve falta: o Vosso divino Amor não o merece. É por amor e não por temor que eu não quero ferir-Vos nem desgostar-Vos na mínima coisa.

Eu parecia-me um trapo imundo debaixo das manhas de Satanás. A fúria atingiu toda a altura. Clamei muitas vezes:

Jesus, Jesus, Mãezinha!

De repente Ele apareceu, serenou a tempestade sem me pôr a sua divina Mão; senti que foi só o seu Sopro divino que docemente me levou às almofadas. Uma doçura e suavidade suavizou o cansaço do meu corpo, a dor da minha alma e deu-lhe uma grande paz. Já muito calma e serena, na posição de costume, disse-me Jesus:

― “Eu vi, minha filha, Eu assisti, tu não pecaste, deste-me toda a consolação. Só dum anjo em carne, só duma virgem pura, pura, inocente, inocente, inocente posso exigir esta reparação, a maior das reparações.

Amo-te, amo-te, minha pomba querida!

Fiquei numa suavidade e paz serena. Adormeci por um pouco, parecia-me dormir com Jesus para agora combater com as minhas dúvidas, tristezas e amarguras. Ó dor bendita, quanto te amo! Em ti só vejo Jesus e as almas!

21 de Novembro

Vou ditar o que me vai na alma para obedecer e não para satisfazer os meus desejos. Tenho sempre diante de mim a enormidade das minhas misérias passadas e receio sempre novas quedas. Que horror para mim ver sempre o que tenho sido! Como posso eu, só miséria, dizer alguma coisa? Tristes, bem tristes são estes pensamentos e receios. A minha confusão aumenta por me ver de mãos vazias, sem ver nada de bem do tempo que já lá vai. Vou para a presença do meu Jesus sem nada, mesmo nada! Meu Deus, e sem vida para praticar o bem, e sem possuir amor para Vos amar. Só para amar e praticar o bem é que a vida é breve, é que a não sinto, é que a não tenho. Para ir para Vós, ó Jesus, para amar-Vos e bendizer-Vos eternamente, uma hora é uma eternidade.

Como posso estar aqui? A minha vida fugiu para o alto e de lá contempla o lugar onde deixou este pobre corpo enquanto que ele pertence não sei a quem, enquanto que ele vai lutando e sofrendo sofrimentos que só por alto sei exprimir.

Vêm de dentro de mim ondas de fogo, fogo abrasador; sinto até queimar-me a língua. Quantas vezes peço para me levarem aos lábios um pouco de água a ver se consigo saciar minha sede. Impossível: os ardores dela continuam, e quantas vezes mando retirar a água sem a poder engolir. Oh! quanto sofrem os condenados do inferno!

Nestes três dias, só de domingo para segunda fui atormentada pelo demónio violentamente. Usou das maldades e palavras feias do costume. Vi talvez dúzias deles à minha frente, em forma de esqueletos, e tinham junto a eles lugares feíssimos do inferno. O malvado para persuadir-me do que me dizia e fazia sentir, afirmava-me que não era ele só que fazia mal, mas que eram muitos; que ia ser uma noite de pândega e de gozo. E depois daquele combate seguiram outros, a um por um. Foi muito demorado: estava banhada em suor. Bradei tanto ao Céu! Parecia-me tal sofrimento nunca mais acabar; e assim o diziam as ameaças que eu ouvia. De repente não sei por ordem de quem, desapareceram todos. E eu, por espaço de muito tempo, repeti sem cessar:

― Ai Jesus, ai Mãezinha! Meu Deus, se aqui me aliviam, ali me ferem; se aqui me amparam, ali me deitam por terra.

Sinto continuar ao longe horrores de tempestade. Sinto corações revoltados contra mim, tentam matar meu nome, tentam matar tudo que em mim existe, enquanto que dentro destas pobres paredes eu sofro a mais não poder. Anda o meu nome a correr mundo como folha que a tempestade arrastou. Sou humilhada, sou enxovalhada, sou perseguida e caluniada. E por quem, meu Jesus? Bem sabeis por quem. É por Vós, só por Vós e pelas almas.

Sinto este corpo numa massa de sangue, sinto-o entre duas montanhas no meio das quais é esmagado até desaparecer reduzido ao nada. E o brado de aflição não sobe ao cimo das montanhas. Meu Deus, tudo morto, tudo perdido! E eu sozinha, sem ter ninguém. Não há um raio de luz que vá penetrar entre essas duas montanhas, no lugar do suplício. Quem poderá valer-me? Não há ninguém. Se houvesse e eu pudesse, iria de joelhos a pedir socorro e que tirassem do cativeiro aquele que tanto sofre e que tanta falta me tem feito e faz. Ai, quanta luz eu teria recebido e quanto amor Jesus de mim a mais possuiria! Se eu pudesse, iria de joelhos junto daqueles que me fazem sofrer e perguntava-lhes:

― Onde vos ofendi? Como vos ofendi? Dizei-me em quê, e perdoai-me; e se não vos ofendi, porque me tratais assim? Por que razão me feris tanto? É preciso não ter coração.

Perdoai-me ó Jesus, e perdoai a todos porque não sabem o que fazem. Se soubessem, não procederiam assim. Ai, Jesus, tende dó de mim, parece-me não poder mais.

Há um mês que não me confesso; a minha alma tem fome, necessita da graça da absolvição. Meu Deus, meu Jesus, compadecei-Vos da agonia da minha alma, compadecei-Vos deste corpo que não é corpo e parece que não é meu.

Mergulhada nesta dor de que dou uma pequenina ideia, esmagada com o peso de todos os sofrimentos sem poder respirar, num abatimento que nem podia, nem me lembrava de pedir socorro ao Céu.

Foi de noite, não sei a hora, vi a meu lado a Mãezinha de Fátima; não se demorou, não me falou. Senti que Ela veio mostrar-me que não estava sozinha, que Ela estava a meu lado. Libertada destas tristes amarguras, entrou em mim uma suavidade, pude adormecer.

Os homens podem fazer tudo, podem sentenciar-me conforme os seus juízos, o que não podem é privar-me destas visões, privarem-me de amar a Jesus, tirarem-me a minha união com Ele, nem arrancarem-me do meu coração a união com aquelas que Ele, e só Ele, permitiu, que Ele e só Ele colocou neste coração tão pequenino no amor, mas tão grande nos desejos de o amar e nas ânsias de só a Ele pertencer. Todos estes sofrimentos, que só Jesus conhece a dor imensa que me causam, só Ele os vê e compreende deveras, fazem nascer dentro em mim novos desejos, profundas ânsias se só para Jesus viver, de só a Ele pertencer e a Ele só amar. O peso da dor faz rebentar em meu coração tão vivos e amantes desejos de caminhar por entre espinhos e procurar Jesus e as almas como o trovão com o seu estrondo estremecedor faz rebentar as águas na profundidade da terra. Sofro? Não importa. Amo Jesus: isso me basta. Pedi para me colocarem sobre o meu peito, amparada pela minha mão a açucena que me foi oferecida para levar para a sepultura. Senti-me tão alegre e ao mesmo tempo umas saudades quase insuportáveis de ver chegado esse dia, o dia da minha verdadeira felicidade, da minha verdadeira vida.

Nesta manhã, ao receber o meu Jesus, senti-me tão abrasada no seu divino Amor, tão unidinha a Ele e tão a sós com Ele; desabafei as minhas mágoas. Pedi-Lhe, como de costume, que não queria enganar-me nem enganar ninguém. E Ele, tão terno, tão cheio de compaixão por mim, disse-me muito baixinho:

― Nunca, nunca, minha filha, consentirei que te enganes. O que te digo é para vos animar e provar que eram esses os meus desejos.

O meu tempo é breve; é por isso que te digo ‘em breve’ e é em breve que as minhas divinas promessas hão-de realizar-se; o que te digo, é assim que eu quero: os homens é que vão contra a minha divina vontade. Eu venço e hei-de triunfar sobre eles”.

Aceitai, meu Jesus, as minhas lágrimas: hoje não pude vencer-me. Foram lágrimas de amor e de dor pelos meus pecados. Aceitai a minha dor por todos os que a não têm, aceitai as minhas lágrimas por todos os que deviam chorar as suas culpas e não as choram. Entrego-me à cruz para sofrer e ao Vosso divino Amor para Vos amar.

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