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SENTIMENTOS DA ALMA
de 11 a 14 de Dezembro de 1944

11 de Dezembro

A minha alma espera novas provas, o meu coração novos golpes que o venham ferir. Estou cheia de medo. O que me espera ! Que mais virá, meu Jesus ? Estou cansada de tanto sofrer. O corpo desfalece, mas a vontade está pronta, suspira e só quer a Vossa vontade divina, Senhor.

Ontem principiei a sentir e hoje ainda mais posso dizer que me parecem mais insuportáveis, as ânsias de salvar o mundo. É tal a loucura e o amor que sinto pelas almas, que me queria dar toda a elas. Quero todo o sacrifício e de boa vontade me deixo imolar para as salvar. Queria um punhal em minha mão para com ele abrir o coração numa chaga tão profunda que me desse sangue para escrever por toda a terra : “Convertei-vos, pecadores, não ofendais mais a Jesus ! O Céu é tão lindo ! E Ele a todos criou para lá”.

Eu queria ir de joelhos ou de rastos por toda a parte do mundo deixar bem vivas estas palavras escritas por mim e com o meu sangue. Nem um palmo de terra queria que ficasse sem estas letras : “Convertei-vos, convertei-vos, pecadores”. Não sei o que mais hei-de fazer, meu Jesus, por Vós e pelas almas.

Durante a noite fui assaltada pelas manhas do manquinho. Ouvia os seus assobios desesperados, ranger de dentes e uivos. Depois gestos, palavras feias e maliciosas. A meu lado e até debaixo de mim, abriram-se grandes barreiras, abismos sem fim. Nuns escombros feíssimos estavam grandes serpentes e enormes crocodilos que serviam de tormento e terror para uma massa que penso ser a almas que neles estavam. Cansada da luta e a parecer-me que caía naqueles abismos, não podia chamar por Jesus. E o maldito dizia-me :

― Chama por mim, diz-me que é a mim que me queres, que não queres Deus, que queres o pecado, que queres gozar.

E procurava instruir-me com as suas feias lições. Nos momentos mais tremendos, ao terminar a luta, foi que eu pude recorrer ao Céu, chamar por Jesus. E já a chorar, dizia-lhe : ― Que é isto, meu Jesus ? Enquanto que o maldito em forma de leão dizia-me :

― Pecaste ! Pecaste !

O mais que se passou tenho necessidade de o dizer, mas só em confissão e com muito custo.

A minha dor e lágrimas pareciam-me ser duradoiras, mas não foram. No mesmo lugar onde estavam os abismos, apareceu-me um formoso jardim cheio de flores. Lírios, açucenas e mais variedades. Que lindas, que belas ! Por entre elas sobressaiam raios, muitos raios mais brilhantes que o oiro. Contemplei tudo sem saber o seu significado. No mesmo instante disse-me Jesus :

― “As flores deste formoso jardim são as tuas heróicas virtudes. As suas pétalas são tenras, finas, delicadas ; o seu aroma é atraente. Os raios são do meu divino Amor. Não chores, filhinha, a tua pureza não se mancha nos combates do demónio. Sais deles cada vez mais pura, mais encantadora. É a reparação que de ti exijo. Se não fosse esta reparação, caiam nos abismos que agora viste tantas e tantas almas, ficando lá eternamente”.

Ao deixar de ouvir Jesus, vi de novo o demónio em forma de leão, de dentes descarnados, lá de longe, mas fazia tentativas para me engolir, e insultava-me ao mesmo tempo. Eu já não chorava e estava em paz, naquela paz que só de Jesus vem. Com a sua força divina, nesta ocasião não temi o demónio. Compadecida das almas que podiam cair em tão tremendos abismos, aceitava e sofria tudo o que Jesus quisesse. As minhas lágrimas eram de dor, receosa de ter pecado. Depois de ouvir a Jesus, sosseguei e fiquei em paz, sequiosa do seu Amor, ansiosa por lhe dar almas.  XE "Amar Aquele que não é amado" Não quero estar na terra senão para as salvar e amar Aquele que não é amado.

14 de Dezembro

O meu corpo e o meu espírito são assados em grelhas vivas ; não sei dizer a minha dor, dor que sinto sem saber de que é, nem a quem pertence. Que fogo consumidor ! Parece-me enlouquecer com a dor que ele me causa. Ouço ao longe grandes ruídos, faz-me lembrar um tremor de terra quando se faz ouvir ainda sem se sentir. Mas a minha alma ouve e sente. Foi tempestade que passou e deixou tantos estragos que muito tempo serão lembrados e falados. Ao longe, muito ao longe, há comentações, o meu nome é falado, enxovalhado, envolto em lama como folha que nela apodrece. Estou envergonhada ; a minha alma sente tudo e desfaz-se em dor.

― Ó meu Jesus, eu quero que estas manchas, esta lama que sobre o meu nome cai, sirvam para lavar as almas dos pecadores para que delas desapareçam os crimes com que Vos ofenderam para se poderem salvar. Quero sofrer inocente e não culpada, Jesus. Ó Jesus, que vida a minha, envergonho-me dos homens, envergonho-me de Vós. Por graça Vossa, dos homens sou vítima inocente ; por minha culpa e miséria, de Vós, meu Jesus, sou vítima culpada. Devo sofrer, quero sofrer porque Vos ofendi. Perdoai-me, perdoai-me, Jesus, valei-me, valei-me, só de Vós posso esperar, só em Vós posso confiar. Dos homens já vejo que nada posso receber. Tudo me roubam, todo o alívio humano desaparece como o fumo, leva o seu caminho. Caiu sobre mim a guerra do mundo e a guerra do inferno. O demónio apareceu-me na figura de um grande cão. Lembrei-me dos cães que se atiram para morderem sem darem sinal. Ele queria morder-me, ou melhor, engolir-me. Quando não me ataca violentamente, atormenta-me sempre :

― Pecas quando queres. Não pecaste hoje, nem pecas agora porque estás cansada.

Na noite passada veio fortemente acompanhado de muitos demónios em forma de negros esqueletos. Formaram à minha frente bancadas e camas pretas. ― “São bancadas e camas de delícias”, dizia ele, enquanto que os outros, junto delas, se entretinham. Dizia-me coisas feíssimas e parecia-me que me obrigava a repeti-las.

― Não chamas por Deus.

E parece-me que muitas vezes não chamava, que obedecia às suas ordens. De novo voltei a passar pelo que aqui não digo. Nos momentos de maior transe sei que fiquei como que moribunda repetindo só com o pensamento muitas vezes : “Ó meu Deus, ó meu Deus, ó meu Deus !”

Debaixo de mim estavam esses medonhos abismos de que já tenho falado ; e eu suspensa sem estar amarrada a nada, a ver quando caia neles. À voz de Jesus, os demónios fugiram e os abismos desapareceram. Jesus mudou-me de posição e disse-me :

― “Minha filha, sobre estes abismos estão as almas ; o que as sustém de caírem neles para sempre é a tua reparação nunca sentida, nunca experimentada, nunca vista. Dor, imolação sem igual. Diz-me, minha filha, pombinha amada, diz-me, desabafa comigo ; confias que não me ofendes ?”

― Ai, meu Jesus, meu Jesus, quero confiar e confio, mas custa-me tanto convencer-me de que não peco, que não Vos ofendo no meio de tão grande perigo !

― “Sossega, sossega, meu anjo, só me dás consolação, reparação e provas a grandeza do teu amor ao meu divino Coração”.

Fiquei por algum tempo unida a Jesus, cheia de mimo como a criancinha junto de sua mãe, dorida apenas da dor que tinha sentido.

Novo tormento para a minha alma, tormento que deveras me faz sofrer e não me deixa sossegar. Queria esconder-me dentro dum cofre do qual ninguém pudesse nem soubesse abri-lo. Quero abraçar o meu peito num abraço que ninguém pudesse arrancar. Quero guardar não sei o quê que me foi entregue e tenho que velar e vigiar. Não sei como, meu Deus, conseguir guardar, guardar bem, guardar tudo. Fujo, Jesus, fujo para o Vosso divino Coração : seja Ele o cofre bendito que me guarde para sempre a mim e a esta entrega que me foi feita, a que tantos cuidados me sujeita. Aí estou bem, aí estou segura, não corro perigo eu nem aquilo que tenho que olhar e vigiar. Guardai-me, sim ? Guardai-me para sempre.

É quinta-feira, é já noite. Grande tormento ! Ó meu Deus, cada sexta-feira que se aproxima é uma morte para mim. Sinto como se estivesse num convívio de alegria e eu falasse com os que falavam e sorrisse com os que sorriam. E a minha alma em grande agonia deixa a terra, sobe ao Céu para só exclamar : ― “Meu Deus, meu Deus, o que me espera !” Enquanto que esse convívio de alegria dura, o coração lá fora é esmagado, maltratado, escarnecido e desprezado. Todos sorriem de escárnio, á espera de novos acontecimentos. Jesus, sou a Vossa vítima e nada mais !

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