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SENTIMENTOS DA ALMA
4 e 7 de Dezembro de 1944

4 de Dezembro

O tempo não passa, a eternidade não chega. Não poderei, Jesus, ver ainda uns raiozinhos de luz, viver ainda entre os meus uns momentos de alegria?

Vontade santíssima do meu Deus, quero-te, amo-te com todo o coração e com toda a minha alma. Ando como um ladrão fugitivo a esconder-me de tudo e de todos. Mas mesmo assim mal posso aguentar a dor que me causa ver a distância que me separa de Jesus: Ele no Céu e eu na terra.

Meu Deus, quando poderei ver-Vos e amar-Vos? Secou em mim aquela fonte da qual nasciam em mim ânsias de Vos amar e possuir.

Tudo desaparece, tudo morre, só a dor não. Essa ocupa-me todas as horas do dia e da noite. Amar não sei, amor não possuo. A dor sim, a dor existe com toda a força e agudez. Para onde foi a vida da minha dor? Ó meu Deus, como convencer-me da morte da minha alma? Horas há que ela vive e sinto-a despedaçar-se uma e milhares de vezes; é mais custosa a dor dela do que a do corpo.

Tenho tido fortes tentações contra a fé: não há Céu, não há inferno, não há santos, não há anjos e Deus não existe. E se Ele não existe, como posso eu temê-Lo? Sempre a esforçar-me por viver na sua divina presença e sempre a esconder-me dele. Nem por um só momento quero separar-me dele, e sempre cheia de vergonha e confundida por Ele lançar sobre mim os seus olhares divinos.

A minha vida são ilusões. Não vi o Céu, não vi o Inferno, não ouvi a Jesus. Isto são momentos de tribulações aterradoras; é o demónio que me faz sugerir tudo isto.

Meu Deus, creio em Vós e confesso-me a mais miserável de todas as criaturas, mas confio na Vossa misericórdia, no Vosso perdão. Sei que existe o Céu e o Inferno, vi-o, vi-o, meu Jesus, por tantas vezes. Confio que centenas e centenas de vezes tenho ouvido a Vossa terna e doce voz.

Creio, creio, confio em tudo, meu Jesus.

Estas duas noites passadas Jesus poupou-me aos ataques violentos do demónio; hoje fui assaltada por ele fortemente. De dentes descarnados, em forma de leão, descia uma montanha do meio de negros arvoredos, a uivar desesperadamente. Ao chegar perto de mim, abriu a boca para me engolir. A minha alma apavorou-se, sentiu mais ainda do que o corpo. O corpo mesmo ficou sem poder fazer nem consentir que me fizessem qualquer movimento; julgava-me mesmo às portas da eternidade. Os gestos eram feíssimos assim como os nomes que me chamava e às pessoas cúmplices do crime, como ele diz. Lançava as patas sobre as mesmas pessoas, amarrava-as com a sua grande boca pela cabeça como se fosse para as tragar e engolir. Tremenda tragédia! O meu coração, de tanto que palpitou, quase perdia a vida de cansado. Chamei por Jesus e pela Mãezinha tantas, tantas vezes! Mas ele, com a sua voz aterradora abafava tudo, dizendo-me:

— Pecaste, pecaste, estás cansada de pecares.

Fiquei tão desanimada! Que triste vida! Triste com o receio de ofender o meu Jesus.

Que horror! Que horror! Só vejo lama e sou lama, lama que todos calcam com nojo e aborrecimento; lama que nenhuns olhos querem ver, caminhos que ninguém por aborrecimento quer trilhar.

Jesus, quero seguir-Vos, quero tudo por amor de Vós. Aceitai o meu desfalecimento e a minha desconsolação para só Vós serdes consolado, para só Vós serdes amado!

7 de Dezembro

Grande sofrimento, triste e doloroso. Ai, meu Jesus, não sei exprimir quanto sofro, não compreendo tal dor. Choro, choro sempre a perda do meu corpo, a morte da minha alma. A cada passo sinto em mim como que uma bomba que vai explodir tudo. Tremo apavorada. Prenderam-me os voos; estou como a pombinha na escuridão, sem ver caminho, batendo as asas no ar sem poder descer, sem poder subir, de asas presas, temerosa de cair desastradamente.

Ó meu Deus, que será de mim? Vede bem o meu sofrimento, tende compaixão, compadecei-Vos de quem só confia em Vós.

Hoje de manhã cedo era tal a dor que sentia em mim, era tal a repugnância e a vergonha que me causava o ver que todo o povo se preparava e esperava novos acontecimentos. Parecia-me ver grupos aqui e acolá fazendo comentários. Meu Deus, espera-me a sexta-feira! Que medo! Tudo isto que eu sinto e vejo por Vós passou, meu Jesus. São sofrimentos Vossos, que tanto sofrestes por meu amor.

Os meus olhos parecem penetrar no íntimo de toda a multidão que ocupa as ruas. A minha alma sente tudo. Ao lado de uma montanha, perto de entrar numa cidade, a figueira amaldiçoada por Jesus. Mais abaixo alguém traz à cabeça uma bilha de água. Há encontros, falam, preparam-se para novos acontecimentos. Vi tudo, senti tudo. Oh, quanto sofria em silêncio! A figueira de que acima falei, tive o conhecimento que a vi verde, florescida e hoje já seca, como lenha velha para o lume. Eu não pensava em nada disto, antes pelo contrário; quando principiava a sentir estes sentimentos de alma, esforçava-me por me distrair e fazer de conta que nada sentia. O meu esforço era inútil, de cada vez se avivavam mais estes sentimentos de alma. Este meu esforço de nada querer sentir não é para fugir à dor nem à vontade do meu Jesus, mas sim o receio de ser confusão minha ou ilusão. Estou convencida que não é. Nosso Senhor, ao ver tal receio e medo de engano não podia deixar-me enganar. Ninguém como Ele sabe que não quero enganar ninguém.

As manhas do maldito continuam cada vez mais, parece que a sua malícia refina. Diz-me o que há de pior. Ai, meu Deus, que coisas tão feias! Blasfema contra Nosso Senhor, acusa-O como réu de culpa e faz que eu diga tudo, ou parece-me que digo e depois afirma-me que sou eu e deixa-me quase nessa persuasão. Só com Nosso Senhor a alma e o pobre corpo pode resistir a tanto. O coração de aflito faz ruído enorme, com o receio de pecar e dizer tantas coisas contra o meu Jesus. Na última luta fiquei quase sem vida. Murmurava:

Ó meu Jesus, ó minha querida Mãezinha! Meu Deus, que triste vida a minha! Que será de mim?

Não podia mover-me e necessitava de alívio. Veio Jesus com as suas santíssimas mãos, colocou-me na posição que eu desejava, cobriu-me de carícias e como a mãe que se deita ao pé do filhinho para o adormecer, disse-me :

— Descansa comigo. Não é triste a tua vida, filhinha, é vida de reparação e sacrifício. Alegra-te comigo, com a consolação que Me dás. Não pecas, não, minha amada.

Senti logo paz na minha alma. Muito chegadinha a Jesus, depressa pude adormecer, coberta com as suas carícias, abrasada no seu amor.

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