Ana
de Jesus Maria José Magalhães nasceu em Arrifana, nos arredores
do Porto, à 19 de Março de 1812.
Pastora, ela acamou com apenas 16 anos, em 1828.
Começou
então para ela uma nova vida onde a oração ocupava uma grande
parte do seu tempo, senão todo.
O
Senhor não permaneceu muito tempo surdo a suas fervorosas
orações e até mesmo lhe deu alguns dons sobrenaturais
extraordinários, como levitação, êxtases e reprodução em seu
corpo e em seus gestos da Paixão de Jesus.
A
primeira vez que o fenómeno da levitação ocorreu, as irmãs de
Ana nem queriam acreditar naquilo que se passava diante dos seus
olhos: Ana, em êxtase, tinha-se elevado acima de sua cama e
ficou ali, olhando para o céu, em oração fervorosa.
Intrigadas, eles foram avisar o pároco da aldeia, porque elas
não sabiam nem compreendiam qual o fenómeno que fazia levantar
assim a irmã, ela que nem se podia mexer de ordinário.
O
bom sacerdote veio imediatamente para observar o fenómeno.
Antes de mais ele quis que ela se confessasse, pensando que se
tratasse de uma farsa, o que ela lhe diria na confissão.
Depois da confissão, ele deu-lhe a Sagrada Comunhão e, desde que
a hóstia tocou a língua da doente, ela novamente se elevou no
ar, como o próprio pároco testemunhou: «Depois da Sagrada
Comunhão, ela elevou-se, ficando assim suspensa por cima da
cama, a uma altura de três palmos, mais ou menos, durante um
espaço de três horas.»
O
sacerdote continua o seu depoimento:
«Isto acontecia quase quotidianamente, durante as horas que ela
consagrava à meditação».
«Depois de ter recebido a Santa Comunhão
– continua o mesmo sacerdote – ela caia em êxtase e ficava acima
da cama, de maneira que não podíamos passar as mãos entre o
cobertor e o seu corpo, da cabeça aos pés.»
O
pároco de Arrifana não queria de forma alguma ser tomado de
surpresa e ser vítima de uma brincadeira de mau gosto; então
multiplicou as intervenções em casa da doente, muitas vezes
chegando imprevistamente, para melhor apreciar o bem fundado dos
fenómenos místicos dos quais ele se tinha tornado, sem o ter
procurado, uma testemunha privilegiada.
Para evitar qualquer erro, sempre possível nestes casos, o
sacerdote chamou outras testemunhas: sacerdotes e médicos
competentes. Ele explica:
«As vezes que celebrei a Santa Missa e lhe dei a Comunhão,
observei que depois de receber o Senhor, ela absorvia-se na
contemplação. (…) Via então aquela santa rapariga em êxtase, sem
qualquer movimento, de olhos bem abertos e voltados para o Céu,
fixando um ponto distante. O seu corpo estava suspenso no ar e
imóvel, na posição horizontal, durante um longo momento.»
Mais tarde, por volta de 1869 – seis anos antes da sua morte –
ela tornou-se epiléptica. Mas esta enfermidade não a impediu de
continuar, durante os êxtases da Paixão, cada sexta-feira, de
estender o seu braço paralisado, para tomar a posição do
Crucificado, o que causou admiração e intrigou muito os médicos
que a visitavam. Apenas puderam constatar a evidência dos
factos: os seus testemunhos categóricos e categorizados são
disso uma prova evidente.
Ana
entregou a sua alma a Deus no dia 25 de Março de 1875, em
Arrifana – paróquia de Nossa Senhora da Assunção e o seu corpo
foi sepultado no cemitério paroquial, onde um grande número de
pessoas vão em peregrinação, para agradecer as graças recebidas
ou pedir graças a Deus por intermédio de Ana Magalhães.
O
processo diocesano, a cargo da diocese do Porto, foi aberto em
1939. Depois desta data, nada mais se sabe.
Afonso Rocha |