Nasceu nos
arredores de Sevilha em 30 de Janeiro de 1846, tendo sido baptizada
no dia 2 de Fevereiro seguinte na paróquia de
Santa Luzia. Pouco
tempo teve de escola, aprendendo a escrever, algumas noções de
aritmética e catecismo. Apesar da sua pobreza, desde pequena se
habituou a partilhar os bens da sua casa com os mais pobres.
Na família
aprendeu a rezar o Terço e a celebrar o mês de Maio, dedicado à
Virgem Maria.
Manhã cedo,
acompanhava seu pai para a oração do Terço; em 1854 fez a Primeira
Comunhão e recebeu a Confirmação no ano seguinte. Começou a
trabalhar aos doze anos numa sapataria, onde também se rezava o
Terço, diariamente; ali começaram as suas experiências místicas.
Começou a ensinar a sua profissão a outras meninas numa instituição
chamada "As arrependidas", em Sevilha.
O seu
confessor ajudou-a a encontrar a sua vocação: ser monja. Por falta
de saúde, não foi admitida no Carmelo fundado em Sevilha por Santa
Teresa de Jesus, mas em 1868 entrou como Postulante nas Filhas da
Caridade do Hospital central de Sevilha, de onde foi trasladada para
Cuenca, com melhor clima para a sua saúde. Em 1870 teve de abandonar
definitivamente a Instituição. Teve de viver como "monja sem
convento", voltou ao seu trabalho, aceitou a orientação do seu
director espiritual, escrevendo os seus pensamentos e desejos da
alma, até descobrir a sua vocação perante uma Cruz: a fundação de
um Instituto que, "por amor de Deus, abraçasse a maior pobreza,
para poder ajudar os pobres".
Com essa
intuição, redigiu um projecto, com uma dimensão caritativa que a
levasse a identificar-se com os menos afortunados: "fazer-se
pobre com os pobres". Depois de participar na Santa Missa,
instalou-se com outras três mulheres, num quarto alugado, onde
tinham lugar principal um Crucifixo e um quadro da Virgem das Dores.
Nasciam as Irmãs da Cruz.
As casas da "Companhia"
deviam ter um ambiente de limpeza, saudável alegria e contida beleza,
com estilo simples para mulheres simples, afastadas da grandiosidade,
mas com ar de doçura, de modo a que todas sentissem uma nova maneira
de querer Deus e os pobres. Começaran a recolher meninas órfãs, as
casas começaram a crescer, atendiam as pessoas na sua própria casa,
pediam esmola com uma das mãos e distribuiam-na com a outra. Em 1879
foram aprovadas as primeiras Constituições pelo Bispo diocesano,
tendo conmo carisma a oração, a austeridade, contemplação e alegria
no serviço dos pobres. Depressa se estenderam por toda a Espanha,
chegaram à Itália e à América. Madre Ângela encontrou-se com o Papa
Leão XIII na beatificação de João de Ávila e de Frei Diogo de Cádiz,
mas o assinatura do decreto de aprovação da Companhia só foi
assinado por Pio X, em 1904. A Irmã Ângela foi nomeada
Superiora-Geral, reeleita por quatro vezes, destacando-se pelas suas
virtudes de naturalidade e simplicidade.
Em 7
de Julho de 1931, foi atacada por uma trombose cerebral que a
levaria à morte nove meses depois. Apesar de paralizada, mais
procurava agradar do que incomodar. Faleceu em 2 de Março de 1932 e
Sevilha passou durante três dias diante do seu cadáver. A Câmara
Municipal celebrou uma Sessão extraordinária para elogiar a Irmã
Ângela e deu o seu nome a uma rua da Cidade.
O seu
corpo encontra-se incorrupto na Capela da Casa Mãe.
Foi
beatificada por João Paulo II em 5 de Novembro de 1982, e canonizada
pelo mesmo Papa, em Madrid, em 4 de Maio de 2003. |