Imaginemo-nos a tirar água de um poço. Usamos a força de braços para
carregar o bem que tanto necessitamos. Ele está ali ao nosso alcance
e dá-nos vida, no entanto exige de nós que o procuremos com
segurança, ânimo e sobretudo perseverança. Devemos procurá-lo com
alegria, liberdade e força. Enquanto vivemos, mesmo que seja por
humildade, faz-nos sempre bem conhecer a nossa miserável natureza.
Alguns de nós, por terem à superfície a
água
do poço ainda não tiveram a necessidade de a “erguerem” com força de
braços. Têm tido a disponibi-lidade de a terem sempre ao dispor.
Outros, no entanto, por razões de caminhos percorridos e
permeabilidades que foram surgindo, desenvolveram robustez e
discrição. Alguns até a erguem sem nós sabermos, passando-a a outros
e fazendo disso a sua forma de estar e amar. Pas-sam despercebidos e
conseguem recrear-se, ficando tão fortes que usam de discernimento
perene. Amigos, em tudo é preciso discernimento. Devemos acreditar
que se nos esforçarmos pouco a pouco Deus nos encaminha aquele
“poço”. E como só Ele sabe, ter-nos-á o bem dis-ponível à superfície
ou lá bem no fundo, conforme a robustez que estamos a precisar
adquirir para sermos também eleitos.
Foi
nessa procura incessante de tentar “erguer” a água de um “poço” bem
fundo que encontrei Balasar, que albergou uma alma tão pura e
inebriante. Foi nesta procura determinada e sempre desconfiada de
mim mas decidida, que encontrei Balasar plena de luz de amor eterno.
Uma luz que não tem igual. Chegar a Balasar é encontrar uma
luminosidade incomparável, um brilho de deslumbre que não dá nem
vontade de abrir os olhos tal nos preenche todo o nosso ser. É como
uma água cris-talina e pura que escorre por um vidro onde brilha a
luz do sol. No encontro com esta Alma de Deus resplan-decente
invade-nos uma formosura de fermento que nos faz crescer e ser
plenos de alegria sobrenatural. Não aquela alegria fisiológica, mas
da outra, a de inspiração divina. A que transparece cá pra fora como
se andássemos muito tempo a crescer para dentro e florescêssemos com
uma beleza inigualável. Esta Alma terna de Deus, plena em sorriso,
proporciona-nos aquele discernimento tal como Santo Agostinho “Dá-me,
Senhor, o que me mandas e manda o que quiseres”. Correr até
Balasar e ter ao meu lado em constância permanente esta suavíssima
Alma de perfume tão dulcíssimo, tornou-me capaz de entender que o
verdadeiro discernimento preside à capacidade de olhar sempre ao que
os outros têm de bom e às suas virtudes encobrindo os seus defeitos
com os meus pecados. Tenho corrido assim, embora não seja logo com
toda a perfeição. Quando me falta entendimento, para que daí decorra
raciocínio, logo aquela Alma terna me sorri e me dá paciência, até
que o Senhor por sua intercessão me dê luz e matéria para que me
ocupe. Com esta Alma Pura de Amor não construo raciocínios mas antes
sim lhe apresento as minhas necessidades na plenitude de um
entendimento de amor perfeito para que veja sempre onde sou
necessária. Corro com esta Alma de Deus sempre a sorrir, e encontro
a fecundidade do silêncio e a felicidade de ser discreta levando sem
o saberem o bem e a felicidade a outros. Se pudesse empoleirava-vos
a todos ao seu magnífico colo para que pudessem receber a energia do
seu sorriso e caminhassem a partir daí.
Ir a
Balasar e ter a recompensa eterna de encontrar esta puríssima Alma
fez-me sentir o que é enriquecer a seiva, no que é a verdadeira
entrega de amor e enriquecer por dentro. Faz-nos pensar num momento
da Paixão, por exemplo, Jesus atado à coluna. Nesta entrega
começamos a vislumbrar entendimento daquelas tão grandes dores e
tristezas que esta Alma tão pura teve o privilégio de sentir. É
nessa meditação que me concentro. Faço-o pelos outros para lhes
encontrar sempre melhores virtudes e lhes levar a alegria. Faço-o
correndo e em oração de quietude com esta Alma puríssima de Deus,
porque isso tira-me do conhecimento próprio e me leva à concentração
necessária do entendimento do grau de felicidade que o próximo
precisa.
Ir a
Balasar e ser acolhida por este sorriso desta Alma em permanência,
leva-nos a ter mais tempo e a entrarmos no sobrenatural desta graça
de partilha de Amor Eterno. Já não precisamos empregar tanta força
de braços porque a “água” está mais acima, está mais perto.
Sentimo-nos eleitos no Amor e damos conta que só Deus nos basta e
que a alma está tão cheia de alegria que é só cativada por quem Ama.
Que grandiosíssimo consolo e as lágrimas… as que aqui correm são já
de gozo… são as que se sentem e não se procuram.
Estimados amigos, não poderia deixar de vos partilhar os imensos
benefícios e graças que esta terna Alma de Deus que eu amo
profundamente faz crescer em expoente as virtudes de amor ao
próximo. É convosco que quero partilhar e entregar todo este
conforto de um sim permanente de uma Alma que por nós intercede e
que na sua grandeza quer que percebamos que Deus está connosco e
muito perto e de tal maneira, meus amigos, que não precisamos elevar
a fala da oração muito alto. Basta mexermos os lábios para Ele a
entender.
Ir a
correr por vós até lá, é levar-vos à “água” da Graça para que dela
bebais e rompais a cantar, em agradecimento permanente. Correrei
sempre por vós e para que se sintam na luz, naquela que não tem o
lado da noite, porque nada a turva, porque através desta Alma de
Amor Eterno, da dulcíssima Beata Alexandrina, é sempre luz.
Porto,
7 de Novembro de 2012
Ana
Cristina Fernandes Rato e Costa Magalhães Teixeira |