O Beato
Bernardo de Offida nasceu aos 7 de Novembro de 1604, em Offida, nas
Marcas de Ancona, na diocese de Áscoli (Itália), da humilde família
dos Parani. Na infância dedicou-se a guardar rebanhos. Aos 22
anos
foi recebido na Ordem dos Capuchinhos, no convento de Corinaldo,
onde fez a profissão religiosa em 1627. Depois, no Convento, exerceu
o ofício de enfermeiro, esmoler, cozinheiro, encarregado do quintal
e porteiro, servindo seus irmãos. Distinguiu-se sempre pela sua
caridade alegre e generosa, que lhe permitiu transformar todo seu
trabalho no mais eficaz dos apostolados. Aos 65 anos foi enviado
para o convento de Offida, onde prosseguiu seu trabalho de esmoler
com muita alegria, vendo esse encargo como penitência e actividade
apostólica muito proveitosa para as pessoas. O bispo de Áscoli,
tendo sabido que os superiores pensavam mudá-lo de convento, foi ter
com eles pedindo que o deixassem ali, pois, com sua vida de irmão
simples e com vida tão evangélica e franciscana, fazia mais do que
muitos missionários. Frei Bernardo visitava os doentes para quem
tinha sempre palavras de conforto. Quando dizia a algum doente que
era preciso estar disposto a fazer a vontade do Senhor, era quase
certa sua morte. Quando, pelo contrário, dizia que não tivesse
receio porque a situação não tinha importância, era sinal de que o
doente se curaria. Tinha como modelo São Félix de Cantalício.
O
encargo de esmoler era o campo do seu apostolado. Partia, por longos
caminhos, de povoação em povoação, com o alforge aos ombros, umas
vezes coberto de pó e ensopado em suor debaixo do sol escaldante,
outras vezes, coberto de neve com os pés intumescidos e a sangrar.
Porém, sempre feliz e a prosseguir a sua missão, dócil na
obediência, que considerava o único guia seguro na sua vida
religiosa. Um dia, quando esmolava, recebeu apenas um bocado de pão
e um frasco de vinho. No convento, não havia mais nada. Aquilo,
porém, foi o suficiente para toda a comunidade. Por vezes, quando
recebia insultos em vez do pão e do vinho, continuava sereno e dizia
a si mesmo: “Mantém-te alegre, frei Bernardo, porque o pão e as
demais esmolas são para o convento e os insultos são para ti”.
Quando ouvia criticar qualquer pessoa, interrompia e dizia: “A
verdadeira caridade compreende todas as faltas. Não julgueis e não
sereis julgados”. À medida em que ia envelhecendo, redobrava suas
orações e penitências.
Quando
tinha 84 anos, seus superiores, vendo que este irmão velhinho se ia
extinguindo, dispensaram-no dos seus encargos. Era edificante vê-lo,
então, prostrado diante de Jesus sacramentado em profunda adoração.
Aos 22 de Agosto de 1694 recebeu o sagrado Viático e a Unção dos
enfermos. Depois, dirigindo-se ao seu guardião, disse-lhe: “Irmão
guardião, dai-me vossa bênção e mandai-me partir para o Céu”.
Respondeu-lhe o guardião: “Espera, frei Bernardo, quero que antes me
abençoes e abençoes também os teus irmãos”. Em nome da obediência,
nosso irmão levantou a mão, que apertava o crucifixo, e traçou sobre
os presentes grande sinal da cruz. Antes de morrer, recomendou aos
seus irmãos a observância fiel da Regra, o amor fraterno, a paz e a
caridade para com os pobres. Após ter recebido a bênção e a
obediência do seu guardião, expirou docemente. Tinha 90 anos. Foi
beatificado por Pio VI a 25 de Maio de 1795.
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