No
século IV, vivia, nas terras pagãs entre o mar Negro e o mar Cáspio,
hoje território da Geórgia, uma jovem escrava cristã chamada Nina ou
Nuné. Era o tempo do imperador Constantino e ela havia nascido na
Capadócia, atual. Turquia, e fora aprisionada por ocasião da invasão
dos bárbaros aos confins orientais do Império Romano. Nina era uma
escrava que demonstrava toda sua fé em Cristo, na alegria com que
enfrentava as dificuldades e os sofrimentos.
Esse
fato chamou a atenção dos pagãos com quem convivia. Assim, teve a
oportunidade de ensinar a palavra de Cristo a todos os que a
cercavam. Tornou-se tão conhecida que passaram a chamá-la de "Cristiana",
a serva cristã.
A
antiga tradição russa narra que, certa vez, uma senhora procurou-a,
pedindo que solicitasse a intervenção de Deus para que seu filho,
gravemente enfermo, não morresse. Nina se ajoelhou aos pés da cama
onde estava a criança e rezou com tanto fervor que o menino abriu os
olhos, sorriu e levantou-se na frente de todos. Foi o bastante para
que toda a região mostrasse interesse pela religião da serva de
Cristo. Quanto mais prodígios ela promovia, mais catequizava e
convertia os pagãos.
Até
que, um dia, a rainha desse povo, chamada Nana, adoeceu gravemente e
nenhum remédio conseguia fazê-la melhorar. Tentaram de tudo. Nada
parecia possível. Então, alguém se lembrou dos chamados "poderes" da
serva cristã. Como último recurso, foram sugeridos à rainha, que
mandou chamá-la. Assim, essa humilde escrava foi ao palácio atender
a rainha, levando consigo apenas a certeza de sua fé e a confiança
de suas orações. Logo conseguiu curar a soberana.
Enquanto ela se recuperava, seu marido, o rei Mirian, certo dia,
saiu em comitiva para uma caçada. Mas o grupo acabou isolado no
bosque devido a uma violentíssima tempestade. A situação era
crítica, com trovões e raios incendiando árvores, pedras rolando ao
vento e atingindo pessoas. O pavor tomou conta de todos, clamaram
por seus deuses, mas nada acontecia. Lembrando-se da rainha, o rei
decidiu rezar para o Deus de Cristiana. Uma luz, então, foi vista
saindo do céu, a tempestade cessou e todos puderam regressar sãos e
salvos à Corte. Nesse instante, o rei sentiu a fé invadir seu
coração.
Ao
voltar, procurou a escrava Nina e lhe pediu que falasse tudo o que
sabia sobre sua religião. Acabou catequizado e convertido.
Entretanto os reis Mirian e Nana não podiam ser baptizados, pois na
Corte não havia nenhum bispo. Seguindo a orientação de Cristiana, o
rei enviou esse pedido ao imperador Constantino. Nesse meio tempo,
mandou construir a primeira igreja cristã, de acordo com uma planta
feita sob orientação de Nina, já liberta. Quando chegou o primeiro
bispo da Geórgia acompanhado de um grupo de sacerdotes missionários,
encontraram o povo já abraçando a doutrina de santa Nina, como os
fiéis a chamavam por força de sua piedade e prodígios de fé. Com
facilidade, converteram a nação inteira, a partir da grande
solenidade do baptismo do casal real.
Depois,
junto com o bispo, o rei Mirian e a rainha Nana construíram o
Mosteiro Samtavro, anexo àquela igreja, onde mais tarde foram
sepultados. Nele também viveu alguns anos santa Nina, que morreu no
ano 330.
Venerada pelos fiéis como padroeira da Geórgia, suas relíquias estão
guardadas na Catedral da Metiskreta, antiga capital do país. Seu
culto foi confirmado, sendo realizado, no Oriente, em 14 de janeiro,
enquanto a Igreja de Roma a comemora no dia 15 de dezembro.
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