Na história da humanidade, a palavra rei quase sempre está associada
à palavra tirano. Mas na história do catolicismo, rei muitas vezes
vem junto da palavra santo. É o caso exemplar de Eduardo, rei da
Inglaterra.
Seu
avô era o santo rei e mártir Edgar, e esse exemplo de santidade
norteou também a sua vida no seguimento de Cristo.
Eduardo nasceu em Oxford, no ano 1003, num período em que a
Inglaterra sofreu a invasão dos pagãos dinamarqueses. Seus pais,
junto com toda a família real, tiveram de abandonar o país, indo
refugiar-se na Corte da Normandia, norte da França, de parentes
cristãos. No exílio, Eduardo frequentou e estudou nas mais famosas
cortes da Europa, adquirindo uma educação primorosa e fundamentada
no cristianismo. Recusou várias vezes tomar o trono à força, pois
não queria derramamento de sangue. Em 1042, com a morte de seu
meio-irmão, que governava a Inglaterra, ele finalmente assumiu o
trono.
Seu reinado foi um dos mais felizes para o povo inglês. Mesmo
sentindo-se um pouco "estrangeiro", fez a pátria retomar seu caminho
correcto dos princípios cristãos, afastando a influência nefasta dos
anos de domínio pagão e trazendo paz e prosperidade para seus
súbditos. Logo passou a ser chamado de "o santo homem" e os escritos
registram vários prodígios de cura operados por sua intercessão em
favor de pessoas simples do reino. Curou um doente de câncer com um
sinal da cruz. E um paralítico que se movia penosamente na rua ele
ajudou a chegar a uma igreja, onde, por meio de orações, o curou,
além de outros fatos narrados pelos historiadores.
A política do Estado exigia que ele se casasse e, pelo bem do reino,
Eduardo o fez. Casou-se com Edith, filha do conde Godwin, um dos
seus adversários políticos. Gentil e elegante, por tratar-se de um
acordo, prometeu viver com ela em estado de castidade, sem união
corporal. Manteve sua palavra. O casal não teve filhos. Ela se
tornou uma grande rainha e irmã, participando das obras de caridade,
ajudando a restaurar e fundar igrejas e conventos por todo o país.
Valorizando o lado espiritual da vida, viviam em perfeita ordem e
harmonia. Tornaram-se exemplo de reis cristãos, piedosos e
caridosos, amados e aclamados como "pais" pelos súbditos e
respeitados por todas as cortes.
Após quase sessenta e quatro anos de vida de penitência, oração,
mortificação dos sentidos e luxos, no recto seguimento de Cristo, o
rei Eduardo morreu no dia 5 de Janeiro de 1066. Pouco tempo depois
de ter assistido a consagração da igreja da Abadia de Westminster,
totalmente restaurada, o mais antigo símbolo da aspiração e das
lutas religiosas da Inglaterra, onde foi sepultado.
Venerado em vida, imediatamente o povo passou a celebrá-lo como
santo. Quase quarenta anos após a sua morte, o seu corpo foi exumado
e encontrado intacto, o que para o povo não causou nenhuma surpresa.
Em 1161, o papa Alexandre III canonizou-o. A sua festa litúrgica é
celebrada no dia 13 de Outubro, mas os devotos ingleses costumam
lembrá-lo também no dia de sua morte.
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