Era
um diácono simples e nunca quis ser ordenado sacerdote. Escreveu a
maior parte de sua obra teológica em versos. Muito devoto da Virgem,
parecia dotado de talento profético, pois quase todos os
desenvolvimentos que a ciência mariológica viria a ter ao longo dos
séculos, Efrém já os tinha antecipadamente previsto e cantado. Lutou
contra as heresias do tempo. Foi denominado "Cítara do Espírito" e
"Cantor da Virgem".
***
Efrém
nasceu no ano 306, bem no início do século IV, na cidade de Nisibi,
actual Turquia. Cresceu em meio a graves conflitos de ordem
religiosa, além das heresias que surgiam tentando abalar a unidade
da Igreja. Mas todos eles só serviram de fermento para que sua fé em
Cristo e sua ardente devoção à Virgem Maria vigorassem e se
firmassem.
O pai
de Efrém era sacerdote pagão e, embora sua mãe, cristã, defendesse a
liberdade religiosa educando o filho dentro dos preceitos da Palavra
de Cristo. Ele foi educado na infância entre a dualidade do
paganismo do pai e do cristianismo da mãe, pois o Edito de Milão,
autorizando a liberdade de culto, só entrou em vigor quando ele já
tinha sete anos de idade. Mas o patriarca da família jamais aceitou
a fé professada pelo filho. Como não o venceu nem com a força nem
com argumentos, expulsou-o de casa. Efrém foi baptizado aos dezoito
anos e viveu do seu próprio sustento, trabalhando num balneário
local.
No ano
338, Nisibi foi invadida pelos persas. Efrém, então diácono, se
deslocou para a cidade de Edessa, também actual Turquia. Os poucos
registros sobre sua vida nos contam que era muito austero. Ele
dirigiu e leccionou uma escola que pregava e defendia os princípios
cristãos, escrevendo várias obras sobre o tema. Como não sabia
grego, sua obra ficou isenta da influência dos teólogos seus
contemporâneos, inclinados à controvérsia da Trindade. Efrém foi um
ardente defensor da genuína doutrina cristã antiga.
Com
veia poética seus sermões atraiam multidões e sua escola era muito
concorrida pelo conteúdo didáctico simples e exortativo, atingindo
directamente o povo mais humilde. Na sua época estava-se organizando
o canto religioso alternado nas igrejas. Este movimento foi iniciado
pelos bispos Ambrósio de Milão e Diodoro da Antioquia. Com veia
poética a colaboração do diácono Efrém de Nisibi, foram poesias na
língua nativa próprias para o canto colectivo, que permitiu uma
rápida divulgação.
Por sua
linguagem poética recebeu o apelido carinhoso de "a Harpa do
Espírito Santo". Somente à Nossa Senhora dedicou mais de vinte
poemas transformados em hinos. Suas poesias eram tão populares e
empolgantes, que da Síria espalharam-se e chegaram até o Oriente
mediterrâneo, graças a uma cuidadosa e fiel tradução em grego.
Efrém
morreu no dia 9 de Junho de 373, em Edessa, sem ter sido ordenado
sacerdote. Desde então venerado neste dia por sua santidade, tanto
pelos católicos do Oriente como do Ocidente. O Papa Bento XV o
declarou Doutor da Igreja em 1920.
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