O
Reverendo. Padre Gabriele Amorth, da Pia Sociedade de São Paulo,
muito apreciado na Itália por seus
livros
sobre Nossa Senhora e sua actividade jornalística — seu programa na
Rádio Maria peninsular conta com 1.700.000 ouvintes —, tornou-se
mundialmente conhecido com o lançamento de sua obra “Um exorcista
conta-nos”, em 1990. Tal obra alcançou notável éxito editorial na
Itália, tendo sua tradução portuguesa obtido várias edições. A
partir de então, a média internacional vem focalizando a actuação
desse sacerdote, nomeado Presidente da Associação Internacional dos
Exorcistas.
Solicitadíssimo por inúmeras pessoas necessitadas de amparo contra
as insídias diabólicas, o Padre Amorth exerce intenso e extenuante
trabalho apostólico. Mesmo assim, marcou um horário para receber
nosso o enviado especial, Sr. Nestor Fonseca, a quem acolheu
amavelmente, juntamente com o fotógrafo, Sr. Kenneth Drake, na
Casa-Mãe da Pia Sociedade de São Paulo, na Cidade Eterna, no dia 26
de junho último. E durante aproximadamente duas horas foi
respondendo, com a segurança de um zeloso e experimentado exorcista,
às múltiplas e complexas questões que lhe foram sendo apresentadas.
Abaixo transcrevemos partes da substanciosa entrevista.
* * *
Catolicismo: — Todas as pessoas sofrem as insídias e as tentações
diabólicas, acontecendo de uma mesma tentação voltar a se repetir
muitas vezes. Podemos dizer que tal tentação torna-se um estado de
perseguição do demónio?
Pe.
Amorth: — Nós devemos distinguir a acção
ordinária da acção extraordinária do demónio. A acção ordinária é a
de nos tentar. Por conseguinte, todo o campo das tentações pertence
à acção ordinária diabólica à qual todos somos sujeitos e o seremos
até a morte. A tal ponto somos sujeitos a essas tentações, que Jesus
Cristo, fazendo-se Homem, aceitou ser tentado por Satanás, não
apenas nas três tentações do deserto, mas durante toda a sua vida,
como também ocorreu com Maria Santíssima. Isto porque a tentação faz
parte da condição humana. Esta é a acção ordinária do demónio, como
dizia o Catecismo de São Pio X, “por ódio a Deus, [o demónio]
tenta o homem ao mal”. Ou seja, por ódio a Deus, o demónio
gostaria de nos arrastar todos para o inferno.
A acção
extraordinária, por sua vez, é uma acção rara. É aquela na qual o
demónio causa distúrbios particulares. Portanto, não se trata de
simples tentação. Distúrbios particulares que podem chegar à
possessão diabólica.
Catolicismo: — Que tipos de distúrbios podem ocorrer? V. Reverência.
poderia classificá-los e, ao mesmo tempo, dar as razões da
existência de tais distúrbios?
Pe.
Amorth: — Não existem dois casos iguais.
Já fiz mais de 40 mil exorcismos. Entendamo-nos. Não a 40 mil
pessoas, pois em muitas delas eu fiz centenas e centenas de
exorcismos. Pois livrar uma pessoa do demónio, geralmente, constitui
um trabalho MUITO lento.
Como
escrevi em meu livro Um exorcista conta-nos, fico bastante
contente quando uma pessoa se livra do demónio, após quatro ou cinco
anos de exorcismos, com a média de um exorcismo por semana. Conheço
pessoas que ficaram livres do demónio após 12 ou 14 anos de
exorcismos seguidos. Portanto, muitos exorcismos feitos à mesma
pessoa.
Uma
pessoa pode levar vida normal com sofrimentos, de maneira que
aqueles com os quais convive nem se dêem conta de que está possessa.
Apenas quando sobrevêm os momentos de crise, então ela se
comporta de uma maneira inteiramente anormal, não podendo
cumprir seus deveres de trabalho, de família, sem excessiva
dificuldade. Em alguns casos, a pessoa pode ser assaltada pelo
demónio, digamos, 24 horas ao dia. Em tal caso, a pessoa não pode
fazer nada. Mas são casos raríssimos.
Normalmente o demónio apenas em certos momentos investe contra a
pessoa e se manifesta, sobretudo quando é obrigado a fazê-lo durante
o exorcismo.
Catolicismo: — E qual é a causa para que o demónio permaneça mais ou
menos tempo na mesma pessoa?
Pe.
Amorth: — A expulsão do demónio depende
de uma intervenção extraordinária de Deus. Ou seja, cada expulsão do
demónio constitui um verdadeiro milagre. E Deus pode praticá-lo a
qualquer momento. Nós, exorcistas, podemos prever, através de algo
que nos oriente, quanto tempo ser-nos-á necessário para expulsar o
demónio de uma pessoa. Por exemplo, uma criança. É mais fácil
expulsar o diabo de uma criança que de um adulto. O mesmo passa-se
em relação a uma pessoa que nos procura logo após ter sido possuída,
uma vez que o demónio ainda não teve tempo de deitar raízes naquela
pessoa. O primeiro exorcismo fala em “erradicar e expulsar o
demónio”.
Ao
contrário, torna-se muito mais difícil quando sou procurado por
pessoas de 50, 60 anos, e ao fazer-lhes exorcismos falando com o
demónio — pois eu falo directamente com o demónio quando a pessoa
está endemoninhada —, descubro que às vezes a pessoa era criança
ou ainda se encontrava no próprio seio materno quando sofreu os
primeiros ataques do Maligno.
Catolicismo: — V. Revcia., há pouco, referindo-se à expulsão do
demónio de um possesso, disse que ela constitui sempre uma
intervenção extraordinária de Deus...
Pe.
Amorth: — Certo. A libertação de uma
pessoa da acção do demónio constitui sempre uma intervenção
extraordinária de Deus. Aliás, tenho disso um exemplo, ocorrido na
semana passada. Um caso muito difícil de possessão diabólica e eu
tinha razões suficientes que levavam a prever muitos anos de
exorcismos para se libertar aquela alma das garras do demónio.
Acontece que tal pessoa foi ao Santuário de Lourdes, na França,
tomou banho na piscina, acompanhou a procissão do Santíssimo
Sacramento, rezou muito. Resultado: um milagre! Voltou para casa
completamente livre da possessão.
Catolicismo: — V. Revcia. poderia dar uma explicação aos nossos
leitores, ainda que sucinta, da necessidade do exorcismo e dos
exorcistas?
Pe.
Amorth: — O exorcismo é constituído de
várias orações oficiais feitas em nome da Igreja, e Deus ouve essas
orações. Com efeito, existem tantas razões para isso! O exorcismo
depende muito das causas que determinaram a possessão diabólica, uma
vez que estas exercem muita influência sobre o possesso. Dou-lhe um
exemplo simples.
Se uma
pessoa se consagrou a Satanás e fez o pacto de sangue com ele, é
fácil entender que ela praticou um ato voluntário de doação de si
mesma ao Maligno. Então, libertar tal pessoa torna-se muito mais
difícil, faz-se necessário muito mais tempo do que o empregado para
libertar um inocente, que foi vítima de um malefício causado por
outra pessoa.
Catolicismo: — Pelo que V. Revcia. afirmou acima, o exorcismo não
constitui o único modo de uma pessoa fazer cessar a possessão.
Haveria outras? Porque com a actual dificuldade em encontrar
exorcistas…
Pe.
Amorth: — Pode-se libertar da possessão
com o exorcismo, que é uma oração oficial da Igreja, mas reservada
aos exorcistas — pouquíssimos, quase inencontráveis. Outra forma,
aberta a todos, são as orações de libertação. No final de meus
livros eu acrescento orações de libertação que sugiro. As orações
mais eficazes são as de louvor, glória a Deus. Assim nós também
muitas vezes, nos próprios exorcismos, recitamos o Credo, o Glória,
o Magnificat, Salmos, trechos da Bíblia, o Evangelho em que Jesus
liberta os endemoninhados. Elas têm grande eficácia.
Catolicismo: — Os demónios têm nomes?
Pe.
Amorth: — Quando constringidos pelo
exorcista a dizer seus nomes, costumam apresentá-los. Os que têm
nomes bíblicos ou de tradição bíblica, são demónios fortes e é muito
mais trabalhoso exorcizá-los. Continuamente dão nomes como Satanás,
Asmodeu, Lilite, denominações igualmente importantes. O nome Lúcifer
é de tradição bíblica e não um nome bíblico. Ou seja, nós o
atribuímos à Bíblia, mas esta não cita Lúcifer. Encontramos
frequentemente um demónio de nome Zabulom. O nome Zabulom,
encontramo-lo na Bíblia, mas nunca como demónio. Zabulom é uma das
12 tribos de Israel. Há um demónio, porém, que tomou posse desse
nome e é um demónio fortíssimo.
Encontramos
nas Sagradas Escrituras o demónio Asmodeu. Deparo-me muitíssimas
vezes com ele, porque é o demónio que destrói os casamentos. Ele
rompe os matrimónios ou os impede. É tremendo!
Uma
pessoa possuída ou possessa, in genere, pode estar dominada
por muitos demónios. Temos um exemplo no Evangelho, quando Nosso
Senhor interroga os endemoninhados de Gerasara e pergunta: “Como
te chamas?” E o demónio responde: “legião”, porque são
muitos.
Lembro
o caso de um demónio fortíssimo que possuía uma freira, uma
possessão tremenda (às vezes, são vítimas que se oferecem pela
conversão dos pecadores e sofrem esta espécie de possessão). Quando
eu lhe perguntava o número, respondia-me: “Milhares!” “Milhares!”
“Milhares!”
Catolicismo: — A TV, de um modo geral, com programas incentivadores
de práticas de magia e espiritismo, bem como desagregadores das
tradições cristãs e da família, têm colaborado ponderavelmente para
o incremento do satanismo? E o rock
satânico, tem concorrido para a disseminação do poder do demónio?
Pe.
Amorth: — Quando foi inventada a
televisão, o Padre Pio ficou furioso. E a quem lhe dizia que se
tratava de uma magnífica invenção, ele respondia: “Verá que uso
farão dela!” Com efeito, a TV é corrupção da juventude e
igualmente dos velhos! Ouso acrescentar: é também a corrupção dos
padres, dos sacerdotes e das freiras. Com os espectáculos contínuos
de sexo, de horror, de violência... A Internet é ainda pior,
a Internet é ainda pior, repito.
Certa
vez, ao fazer um exorcismo, falando com o demónio, ele dizia: “A
televisão, fui eu que a inventei!” Eu afirmava: “Não! Tu és
um mentiroso! A televisão é uma grandíssima invenção do
homem. Tu inventaste o mau uso dela, a fim de corromper as pessoas”.
Todos
sabemos que existe o nudismo. Todos sabemos que haverá [já houve, em
Roma], dentro de alguns dias, uma manifestação de homossexuais! Uma
demonstração do vício, o pecado que isso representa! Ali está, não
há dúvida, a acção do demónio.
No caso
acima, existe a actividade ordinária do demónio de tentar o homem,
mas também a actividade extraordinária do demónio, que se serve da
ocasião para possuir as pessoas que promovem essas coisas.
Quanto
ao rock satânico, é tremendo. Pode conduzir à possessão
diabólica porque ensina o culto a Satanás. E pouco a pouco, através
do culto a Satanás, chega-se a ser possuído por ele. Satanás é
esperto, introduz-se sem nunca fazer-se sentir. Pode-se começar com
simples jogos de cartas, de tarôs, e, através dos jogos, saber se
vai ganhar na loteria, adivinhar acontecimentos, doenças de amigos.
E, pouco a pouco, vai-se sendo possuído pelo demónio. O diabo age
assim: atua sem se fazer sentir
Catolicismo: — As doutrinas marxistas e sua aplicação concreta
contribuem, de modo considerável, para a difusão do satanismo na
sociedade contemporânea?
Pe.
Amorth: — Sim. Tenhamos presente que
assim como o demónio pode possuir uma pessoa, pode igualmente
possuir uma classe de pessoas, pode assumir o governo de uma nação.
Exemplifico. Estou convicto de que Hitler, Stalin, eram possuídos
pelo demónio e que o nazismo — em massa — era possuído pelo Maligno.
Auschwitz, Dachau: não podem ser explicadas as atrocidades cometidas
nesses lugares sem se cogitar numa perfídia verdadeiramente
diabólica. E não há nenhuma dúvida de que o demónio influiu
muitíssimo no mundo cultural. O demónio quer distanciar o homem de
Deus.
Por
outro lado, tivemos pela primeira vez na História um fenómeno
profetizado em Fátima — 1917, 13 de Julho —, a aparição mais
importante de Nossa Senhora em Fátima, aquela na qual se encontram
os segredos e em que Nossa Senhora mostrou o inferno. Nessa ocasião,
entre outras coisas, profetizou: “Se não obedecerem minhas
palavras, a Rússia espalhará seus erros pelo mundo”. Nunca
aconteceu que o povo tivesse sido instruído para o ateísmo. Em
Moscou, entretanto, existia uma Universidade do ateísmo, na qual se
formavam os participantes do Partido e se ensinava como actuar para
destruir a religião em uma nação religiosa. Jamais, no passado da
humanidade, se ensinou o ateísmo. Foi uma novidade de nosso século,
devido ao comunismo que espalhou o ateísmo por todo o mundo.
Catolicismo: — A falta de fé seria a principal e mais profunda causa
do aumento do poder satânico no mundo actual?
Pe.
Amorth: — Sempre. É matemático.
Examinando toda a história do Antigo Testamento, a história de
Israel, quando esta abandona Deus, entrega-se à idolatria. É
matemático, quando se abandona a Fé, entregamo-nos à superstição.
Isto aplica-se, em nossos dias, a todos nós do mundo ocidental.
Tomem
as velhas nações da Cristandade medieval. A católica Itália, a
França, a Espanha, a Áustria, a Irlanda, que uma vez foram nações
cujo catolicismo era forte. Agora o catolicismo tornou-se
fraquíssimo. Na Itália, de 12 a 14 milhões de italianos frequentam
actualmente sessões de bruxaria e cartomantes. Há no país
aproximadamente 65.000 bruxos e cartomantes, muito mais que o número
de sacerdotes.
Existem
também na Itália de 600 a 700 seitas satânicas. E 37% da juventude
italiana participaram algumas vezes a sessões espíritas, acreditando
ser um mero jogo...
Um
movimento dirigido por um sacerdote ensina aos pais como falar com
seus filhos falecidos... Isto é espiritismo puro. Em outros tempos o
espiritismo exercia-se através de um médium em estado de
transe, e o médium evocava a pessoa.
O
espiritismo consiste em evocar um defunto para interrogá-lo e obter
dele respostas. Agora não é mais necessária a presença do médium,
pois pratica-se o espiritismo através do gravador, do televisor e da
Internet... Os dois meios mais usados são gravadores e
escritura automática. A página mais lida dos jornais é o
horóscopo... e os quotidianos não são comprados pelos analfabetos.
São os industriais, os políticos, que não tomam decisões sem antes
ouvir um bruxo. Ou seja, sempre que diminui a Fé, aumenta a
superstição.
Por
exemplo, faz-se um referendum na Itália para a defesa da família,
vence o divórcio; faz-se um referendum em defesa da vida, vence o
aborto. E isto na católica Itália... Não nos espantemos,
Satanás é poderoso. Nosso Senhor o chama por duas vezes “Príncipe
deste Mundo”. São Paulo o chama “Deus deste mundo”. São
João diz: “Todo mundo jaz sob o poder do Maligno”. E quando o
demónio tenta Nosso Senhor, leva-O ao alto do monte, fá-Lo ver os
reinos da Terra, e diz: “São meus, e os dou a quem quero e se tu
te ajoelhares diante de mim...” . Jesus não lhe responde: “Tu
és um mentiroso, todos os reinos são de meu Pai. É Ele quem dá a
quem quiser”. Não, não. A Escritura diz: “Tu ajoelhar-te-ás
somente ante teu Deus”. Nosso Senhor não contradiz o demónio.
Hoje
tantos se ajoelham diante de Satanás para obter sucesso, prazer,
riquezas — as três grandes paixões do homem! E o demónio oferece o
sucesso, o prazer, a riqueza, mas sempre unidos a terríveis
sofrimentos. Vemos o sucesso, vemos o dinheiro. Imaginamos que
aquela pessoa é feliz. Não é verdade, pois o demónio só pode
praticar o mal. Por conseguinte, as pessoas que se entregam ao
demónio têm o inferno nesta vida e na outra. Aqui um inferno
dourado, mascarado de sucesso, e depois... o fogo eterno!
Catolicismo: — Qual a influência do chamado progressismo católico
nessa decadência da virtude teologal da fé?
Pe.
Amorth: — Hoje, infelizmente, existem
teólogos e exegetas que negam até mesmo os exorcismos de Nosso
Senhor. No meu último livro — Exorcismos e Psiquiatras — dedico
um capítulo aos exorcistas franceses; apenas cinco de um total de
105 crêem e fazem exorcismos, os outros... não crêem neles. Em um de
seus congressos, convidaram para falar exegetas que negam os
exorcismos de Nosso Senhor. Afirmam eles tratar-se de uma linguagem
apenas cultural e que o Redentor se adaptava à mentalidade da época,
mas que, na verdade, aquelas pessoas eram apenas loucas e não
possessas.

Essas
prédicas de exegetas influíram nos espíritos dos Bispos, dos
padres etc.
Catolicismo: — Quais as razões que levam Bispos católicos a se
desinteressarem inteiramente da temática demónio, abandonando assim
os fiéis à acção preternatural, crescente nos dias actuais?
Pe.
Amorth: — Não há razão para se
impressionar com minha resposta. No Evangelho, Nosso Senhor diz:
“O demónio é fortíssimo”. Isto está muito claro. É fortíssimo e
conseguiu, com sua habilidade, fazer-nos crer que [ele] não existe,
coisa que mais lhe agrada. Porque pôde realizar isso nestes
séculos — pois já faz três séculos que faltam exorcistas. E isso
explica meu combate aos Bispos, aos padres que não crêem na acção do
demónio. Eu os critico fortemente.
Julgo
que 90% dos padres e dos Bispos não crêem na acção extraordinária do
demónio. Talvez existam alguns! TALVEZ, TALVEZ. No Concílio Vaticano
II, alguns Bispos já afirmavam que não existia!... Durante o
Concílio, hein! Diante da Assembleia Conciliar! Repito: tenho por
certo que 90% dos Bispos e sacerdotes não crêem na acção
extraordinária do demónio.
Razão
pela qual há três séculos, na Igreja latina, verifica-se uma
escassez espantosa de exorcistas. Na Alemanha, nenhum! Na Áustria,
nenhum! Na Suíça, nenhum! Na Espanha, nenhum! Em Portugal, nenhum!
Quando eu digo “nenhum”, não estou afirmando que não existam
um, dois, mas de tal maneira não são encontrados, que os considero
como inexistentes.
Em uma
cidade europeia, importante centro de peregrinação, temos uma
livraria Paulina. Quando lá estive, dei-me conta, através de um
livreiro amigo, que dispunham de meu livro na livraria, mas
escondido. “Os Bispos disseram-nos para tê-lo escondido, e não
expô-lo! De não expô-lo!”
Por
outro lado, há muitos Bispos que não nomearam exorcistas. Um Prelado
famoso — o Cardeal Todini, que foi Arcebispo de Ravena —, numa
transmissão televisiva jactou-se de nunca ter nomeado exorcistas!
Esta, infelizmente, é a situação na qual nos encontramos.
Catolicismo: — V. Revcia. baseia-se em alguma escola espiritual, em
algum Santo, para tomar uma posição tão louvável quanto destemida?
Pe.
Amorth: — Eu procuro seguir a linha
iniciada por um santo espanhol, o Beato Francisco Palau, carmelita,
que já em 1870 veio a Roma falar sobre o exorcismo com o Papa Pio IX.
Voltou depois a Roma durante as sessões do Concílio Vaticano I, para
que se tratasse da necessidade de exorcistas. Com a interrupção
daquele Concílio em razão da tomada de Roma, o assunto nem sequer
foi levantado.
Catolicismo: — Pe. Amorth, que conselho V. Revcia. poderia dar-nos e
aos nossos caros leitores para nos precavermos contra eventuais
malefícios (macumbas, por exemplo) que se queiram fazer para nos
prejudicar?
Pe.
Amorth: — O conselho número um consiste
em ter fé. Depois, viver na graça de Deus. Se se vive em estado de
graça, está-se protegido, é mais difícil que a macumba nos atinja.
Porém, se se é realmente atingido, é necessário recorrer-se aos
exorcismos, a muitas orações, a muitos sacramentos e, com a graça de
Deus, se é libertado. Mas pode ser que Deus permita que se continue
no estado de possessão, para o bem espiritual da própria pessoa.
Assim, São João Crisóstomo afirma que o demónio, malgrado ele
próprio, é o grande santificador das almas…
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