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A Igreja como lugar do encontro com Ele
«Os Reis de Társis e das ilhas vão trazer-lhe ofertas, os reis de Sabá
vão pagar-lhe tributo. Que o adorem todos os reis da terra e o sirvam
todas as nações» (cf. Sal 72). A Solenidade de hoje mostra-nos o
cumprimento desta profecia. Os sábios “pagãos” vão à manjedoura de
Belém. O nascimento do Salvador apresenta-se como um acontecimento que
interessa não só ao Povo de Israel, mas a todo homem. A liturgia
apresenta um fato particular – a adoração dos Magos – e, através de tal
acontecimento, insere-nos na Realidade divina. Eis a pedagogia divina: A
Incarnação.
Os três Magos, cujos restos mortais são custodiados na Catedral de
Colónia, eram homens em atitude de profunda espera, que escrutavam os
céus em busca dos sinais do Criador. Para fazer-se encontrar por eles, o
Senhor utiliza aquilo que lhes era mais familiar: a estrela. Tratava-se
de uma estrela com luminosidade e dimensões similares a qualquer outra,
mas que ao mesmo tempo, era absolutamente única. De fato, ao
resplandecer sobre suas faces reacendia os seus corações, mostrando para
qual Luz fossem realmente feitos e colocando-os em caminho.
Tratava-se de um “sinal”, algo de absolutamente comensurável, mas que
remetia a uma Realidade superior ao próprio significado.
Durante a viagem, especialmente quando os Magos chegaram a Jerusalém,
parecia que a estrela havia desaparecido, mas, na realidade, estavam
diante de uma estrela bem maior, que lhes permitiu reconhecer a
necessidade de dar um passo ulterior. De fato, reconheceram que foram
conduzidos ao coração de Israel, o Povo que o Senhor escolheu como sua
morada, e àquela nova Estrela confiaram o próprio caminhar. Depois do
cosmos, da obra da criação, a primeira Aliança é o “grande sinal” que
Deus pôs no mundo, através do mistério da predileção.
No entanto, parece que aquela luz não resplandeceu com a mesma pureza do
astro celeste, ainda que fosse sempre uma mesma luz, pois em diversos
momentos indicou aos Magos o caminho, animados das mais díspares das
intenções: o rei Herodes serviu-se deles para eliminar um possível rival
no poder e concorrente ao título de Rei; além disso, os chefes dos
sacerdotes e os escribas usaram a sabedoria recebida de Deus para
secundar as solicitações de Herodes, ao ponto de fazê-lo permanecer em
Jerusalém, ao invés de acompanhar os Magos à Belém.
O Evangelista mostra-nos o Mistério da Igreja, a Comunidade daqueles
que, por graça divina, tornaram-se filhos no Filho, ao mesmo tempo em
que foram chamados a fazerem-se, com a ajuda divina, plenamente
participantes da Vitória de Cristo sobre o pecado e a morte.
Confiamo-nos ao Senhor Jesus que, sobretudo através daqueles “astros” –
que de modo todo especial resplandece na vida dos Santos – indica-nos,
incansavelmente e com fidelidade divina, a Igreja como lugar do encontro
com Ele. Juntamente com os Magos, aprendemos da Bem-Aventurada Virgem
Maria e da fé das pessoas simples, a ter mesma atitude dos pastores:
prostrar-se diante de Cristo, verdadeira Eucaristia, e oferecer ao Rei
dos reis o ouro dos nossos “tesouros”, ao Deus-conosco o incenso da
nossa oração, e ao Redentor Crucificado e Ressurrecto a mirra do nosso
sofrimento.
Assim nos tornaremos, sempre mais, participes da Vida do Senhor Jesus,
único e verdadeiro “Astro do Céu”, e se realizará também em nós a
profecia de Isaías: “Então verás, e teu rosto se iluminará, teu coração
vai palpitar e arfar, pois estarão trazendo a ti os tesouros de
além-mar, aí chegarão as riquezas das nações” (cf. Is. 60, 5).
Congregação para o Clero -
2011 |