Felicidade e seus 7 filhos

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MARTÍRIO DE SANTA FELICIDADE
E DE SEUS SETE FILHOS


(NO ano de Jesus Cristo 150)

No tempo do imperador Antonino, houve uma sedição fomentada pelos pontífices, durante a qual Felicidade, nobre senhora e seus sete filhos, foram presos e acusados de praticar o cristianismo com grande zelo. Felicidade era viúva; mas tinha oferecido a sua castidade a Deus; seus dias e suas noites passava-os em oração, e a sua vida era de grande edificação para os crentes.

Mas os sacerdotes dos falsos deuses, apercebendo-se que as virtudes desta viúva admirável atraíam muitas pessoas ao cristianismo, pelo odor que elas espalhavam por toda a cidade, foram encontrar o imperador, e falaram-lhe assim: “Pensámos por bem, Senhor, avisar-te que há em Roma uma viúva desta seita inimiga dos nossos deuses, que não cessa de ultrajá-los, e de irritá-los contra ti e contra o teu próprio império”. Ela é assistida nesta impiedade por seus filhos; ela tem sete, que, cristãos como sua mãe, como ela fazem votos sacrílegos e tornam os nossos deuses implacáveis, se a tua piedade nada faz para os apaziguar, exigindo que esta família ímpia a eles adore e preste homenagem.” Este discurso impressionou o espírito do imperador; enviou Públio, prefeito da cidade e ordenou-lhe que obrigasse, por todos os meios e recursos, Felicidade e seus filhos a sacrificar aos deuses e a apaziguar com vítimas aqueles que eles tinham ofendido e desprezado.

O prefeito obedeceu às ordens do imperador. Começou a falar-lhes com suavidade como era uso: pediu civilmente a Felicidade vir a sua casa, o que ela fez, acompanhada de seus sete filhos. Públio chamou-a à parte e, misturando habilmente algumas ameaças a maneiras envolventes, fez-lhe compreender as penas que a esperavam, se ela não se rendesse a todas as marcas de bondade e de confiança que ele lhe dava, e desfrutar dos momentos que o imperador lhe concedia para merecer a sua clemência por um rápido arrependimento.

Mas a intrépida viúva respondeu-lhe com um aprumo nobre e um orgulho modesto: “Não esperes, Públio, que uma débil complacência ou um medo qualquer façam esquecer a Felicidade o que ela deve ao seu Deus; as tuas ameaças não podem assustar, nem as tuas promessas me seduzir. Eu tenho em mim o Espírito Santo; sinto que me fortalece e nunca permitirá que a sua serva seja vencida, visto que ela luta para sua glória. Assim, Públio, tens a opção de me deixar viver, ou de me condenar à morte; mas qualquer que seja a tua decisão terás a vergonha de ser vencido por uma mulher.” “Miserável! respondeu o Prefeito, se a morte tem para ti tão grandes encantos, vai, morre, eu não me oponho a isso; mas que furor te impele a tirar a vida a teus filhos, depois de lhas ter dado?” “Meus filhos viverão, repicou Felicidade, se recusarem sacrificar aos teus ídolos; mas se suas mãos, se tornarem sacrílegas, oferecendo-lhes um incenso criminoso, a morte eterna será a punição para esta impiedade”.

No dia seguinte, o prefeito, oficiando no seu Tribunal, no campo de Marte, ordenou que trouxessem à sua presença Felicidade e seus filhos. Quando chegou diante dele, ele disse-lhe: “Tem piedade de teus filhos e não sejas a causa, por meio de uma resistência insensata, que jovens com tão bela esperança de vida sejam arrebatados ao mundo na flor da sua idade”. “Guarda para outros essa falsa compaixão, respondeu Felicidade, nós não precisamos dela; nós temos horror de uma misericórdia aparente, que nada mais é do que uma cruel impiedade”. Em seguida, voltando-se para seus filhos. “Erguei os olhos, meus filhos, disse ela, olhai para o céu, é lá que Jesus Cristo vos espera para vos coroar. Combatei generosamente pela sua glória e para a vossa, e mostrai-vos fiéis servos de um rei tão grande e tão digno de toda a vossa dedicação”.

Estas palavras, cheias de grandeza de alma, irritaram o prefeito; ele ordenou que lhe dessem uma bofetada, dizendo-lhe num tom de voz furioso: “Como ousas tu, na minha presença, inspirar-lhes tais sentimentos, e levá-los a desprezarem as ordens dos nossos imperadores?”. Em seguida, mandou aproximar-se do seu trono o mais velho dos sete irmãos, chamado Janeiro, fez todos os esforços para convencê-lo a sacrificar; umas vezes prometendo-lhe imensas propriedades outras vezes, ameaçando-o de grandes torturas. Mas este valente soldado de Jesus Cristo respondeu: “Tu me dás um sábio conselho, digno de um magistrado; é melhor para mim que eu siga o da sabedoria: aquele de colocar toda a minha esperança no Deus que eu servo. Ele saberá precaver-me contra todas as tuas artimanhas, e me fará ultrapassar todos os males de que me ameaças”. O Prefeito mandou-o para a prisão, após lhe mandar aplicar cruéis chicotadas.

Depois, foi a vez de Félix. Públio pressionou-o para que sacrificasse aos deuses. Félix disse-lhe com grande firmeza: “Nós sacrificamos a um só Deus que adoramos; e os sacrifícios que lhe oferecemos são votos, orações e afectuosos sentimentos de uma sincera devoção. Podes crer, é em vão que tentas de nos fazer renunciar ao amor que temos por Jesus Cristo. Toma contra nós as resoluções mais sangrentas; esgota sobre os nossos corpos as forças dos teus algozes e todos os tormentos que a crueldade mais engenhosa poderá sugerir-te, tudo isso não será capaz de minar a nossa fé ou reduzir nossa esperança”. O prefeito ordenou que se retirasse, e logo Filipe compareceu à sua frente. Públio disse-lhe: “O nosso invencível imperador Antonino Augusto ordena-te de sacrificares aos deuses todo-poderosos”. Filipe respondeu: “Aqueles a quem queres que eu sacrifique, não são deuses todo-poderosos; nada mais são do vãs representações, estátuas privadas de sentimento e a nada mais servem do que de refúgio aos maus demónios. Se eu sacrificasse a estas miseráveis divindades, seria digno de ser, como elas, precipitado no fogo eterno”.

Tiraram Filipe de diante do prefeito, que tremia de raiva e Silvano tomou o lugar de seu irmão. Públio falou com ele assim: “Pelo que estou a ver, vocês agem todos de concerto com a pior de todas as mulheres, na resolução que tomaram juntos: desobedecer aos nossos príncipes. Uma mãe desnaturada que envenena com os seus conselhos prejudiciais; ela inspira-vos revolta e impiedade; mas tende medo de não cairdes no mesmo precipício que ela”. Silvano respondeu ao prefeito: “Se nós fôssemos imprudentes ao ponto de nos deixarmos influenciar pelo medo da morte que nada mais dura do que um momento, tornar-nos-íamos as vítimas de uma morte que nunca mais acabará. Mas a religião que nós professamos ensina-nos que há no céu recompensas para as pessoas que praticam o bem, enquanto que no inferno há tortura para os ímpios, pelo que temos o cuidado de não obedecer às ordens que nos propõem de cometer um crime; mas devemos obedecer às leis do nosso Deus, que nos inspiram o amor da virtude. Qualquer pessoa que despreze os teus ídolos para servir unicamente o verdadeiro Deus, viverá eternamente com Ele; mas o culto abominável aos demónios te precipitará no fogo eterno com os teus deuses”. O prefeito que ouvira impacientemente esta sábia advertência, fez sinal para que Silvano fosse retirado da sua presença e feito calar.

Públio manou então aproximar-se Alexandre. “Jovem, disse ele, o teu destino está nas tuas mãos; tem pena de ti mesmo, salva uma vida que está apenas começando, e da qual não posso que lamentar a perda. Obedece às ordens do imperador; sacrifica e procura merecer, por esta complacência religiosa, a protecção dos deuses e os favores dos Césares”. Alexandre apressou-se a responder ao magistrado: “Eu sirvo um Mestre mais potente do que César: isso é Jesus Cristo. Eu o confesso de boca; eu O trago no coração, e o adoro constantemente. Esta idade, de resto, que te parece tão tenra, e que o é de facto, terá todas as virtudes da idade mais avançada e acima de tudo cuidado, a prudência, se eu permanecer fiel ao meu Deus, mas no que diz respeito aos teus deuses, pereçam com eles todos aqueles que os adoram!”

Vital tendo sido então levado à presença do prefeito, Públio disse-lhe: “Quanto a ti, meu filho, não venhas aqui, como teus irmãos, tentando loucamente morrer: Eu sei que tens o espírito muito bem feito para não preferir uma vida feliz e cheia de todos os bens, a uma morte triste e vergonhosa”. Vital respondeu: “É verdade Públio, eu amo a vida e é para a desfrutar muito tempo eu amo um só Deus e que tenho horror dos demónios”. “E que são, esses demónios?” perguntou o prefeito. “São os deuses das nações, retorquiu Vital, e aqueles que os reconhecem como deuses”. Finalmente, Públio tendo mandado entrar o último dos sete irmãos, chamado Marcial, disse-lhe: “Tenho pena dos teus infelizes irmãos, eles mesmos trouxeram sobre eles os infortúnios com os quais vão ser mortificados. Queres seguir o seu exemplo e como eles não respeitar as ordens dos nossos príncipes?” “Ó Públio, disse Marcial, se tu soubesses que terrível tormento está preparado no inferno para aqueles que amam os demónios! Mas Deus ainda mantém o seu fogo suspenso; não esperes que o lance sobre ti e mesmos sobre esses deuses, nos quais depositas a tua confiança. Ou reconheces que Jesus Cristo é o único Deus a quem o universo deve prestar homenagem, ou treme à vista das chamas que estão prontas para te devorar”. O prefeito enviou ao imperador os minutos de tudo o que tinha acontecido durante os diversos interrogatórios.

No entanto, Antonino nomeou vários juízes e confiou a estes o cuidado de aplicarem a pena de morte que decretara contra Felicidade e seus sete filhos.

 

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