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Alexandrina Maria da Costa
Eugénia e Chiaffredo Signorile
Tradução Prof. José Ferreira

FILHA DA DOR MÃE DE AMOR

PARTE I - A VIDA

CAPÍTULO 6°
(1933-1939)

 

AMPLIA-SE O ÂMBITO DOS SOFRIMENTOS

 

O meu estado de saúde tem-se agravado muito...

mas seja feita a vontade de Nosso Senhor.

Mas está bem, porque assim mais tenho que Lhe oferecer

pelos pecadores e pelas pessoas que me são mais queridas

e por mim que tanto preciso!

 

Começámos (1933) agora a sofrer muito

com a perda dos nossos bens...

Eu não queria ficar com o valor de um tostão, enquanto tivéssemos que pagar.

 

Quanto maior é o sofrimento,

mais alegria espiritual sinto em mim,

mais tenho para oferecer ao meu amado Jesus,

 mais o posso consolar e desagravar.

 

A forte aspiração ao sofrimento da “discípula” e a exemplaridade da “mestra” são postas a bem dura prova! Vejamos exemplos no presente capítulo.

Sofrimentos físicos de todo o género

Da gravidade dos sofrimentos da Alexandrina estão ao corrente só a Deolinda e um pouco o P.e Pinho, em quem confia. Eis alguns extractos de Cartas:

 

 … Muito tinha que lhe dizer, mas o meu estado de saúde tem-se agravado muito. Caminha para quinze dias que tenho tido grande sofrimento na espinha, mas principalmente estes três últimos que não encontro posição para estar.

Não sei se tornarei a melhorar, porque se assim continuo, é-me totalmente impossível de continuar a escrever-lhe. É isso que me causa maior tristeza ; mas seja feita a vontade de Nosso Senhor. Mas está bem, porque assim mais tenho que Lhe oferecer pelos pecadores e pelas pessoas que me são mais queridas e por mim que tanto preciso.

Eu cá continuo com todos os meus sofrimentos e, de sábado para domingo, deu-me na cabeça não sei explicar o quê: parece que deixo de viver; dura pouco tempo, mas repete-se várias vezes. Penso ser resultado da espinha.

Eu muito queria não vir a perder o juízo; espero que Nosso Senhor me há-de atender, mas seja feita a sua Santíssima Vontade.

O meu sofrimento tem-se agravado muito. Agora fico simplesmente a águas, por não poder comer com um inchaçozinho que tenho dentro da boca. Pode ser que assim como cresceu depressa, também desapareça. Se assim não for, no estado de fraqueza em que estou, é-me impossível poder viver. O pouco que comia faz-me muita falta, pois só com as águas, passados dias principio a vomitar.

Mas não são os sofrimentos que me afligem, porque todos os dias os peço a Nosso Senhor e lhe peço também que me não abandone nem um momento, porque bem sei que sem ele nada podia sofrer. O que me aflige mais é o muito e muito que o tenho ofendido.

Queria-lhe agradecer por minhas mãos, com grande sacrifício o faço, escrevendo estas poucas linhas. Com certeza serão as últimas. Peço desculpas, não posso mais. A Deolinda lhe dirá o resto.

Senhor Padre Pinho, o meu sofrimento tem aumentado muito, mas muito. É por essa razão que eu digo que são as últimas linhas que lhe escrevo; está-me quase a ser impossível segurar a pena na mão por alguns minutos. São tantas, tantas as dores já nos dedos, que o pegar na pena me causa grande aflição. Nunca me fizeram raspagem nenhuma aos ossos, mas tantas são as dores. que me fazem sentir essa impressão.

 

… Senhor Padre Pinho, no domingo, dia 8 (Julho de 1934), piorei muito e assim tenho continuado neste estado de tal sofrimento que nem sei explicar. Parece-me que se juntam as costelas do peito com as das costas e dão-me umas aflições tão grandes que não sei como hei-de estar.

Quando me dá mais forte passo alguns minutos com metade do corpo na cama e com outra metade no regaço da Deolinda, o que a tem obrigado a passar as noites na minha companhia.

Também me custa muito a falar. Enfim, se não fosse a confiança que tenho em Nosso Senhor, já tinha perdido as esperanças de viver até ao tríduo.[1]

 

Leiamos agora o seguinte impressionante diálogo entre Jesus e a Alexandrina:

 

— Venho-te pedir para me pedires pelos pecadores. Sou ofendido tão horrorosamente. Não posso mais. Vou castigá-los.

Escolhe: ou condenar muitos ou crucificar o teu corpo muito, muito. Eu aceito o teu corpo para reparação, dá-me a resposta. Com uma deixar-me-ás muito triste e com a outra alegar-me-ás muito.

Eu disse a Nosso Senhor: Destruí o meu corpo. Tornai-o em nada, como já foi, e não os condeneis.

Então disse-me Nosso Senhor:

— Obrigado, minha filha, obrigado. Eu te darei o prémio.

 

Em Maio de 1935 sente fortes dores nos olhos e nos ouvidos; tem febre a 39 graus e não pode dormir durante toda a noite de terça-feira 21 até quarta-feira 22:

 

 ... Parecia que não tinha no meu corpo onde se pousasse o bico dum alfinete sem me doer. Pensei na morte. …

Eu com os lábios não, mas do coração dizia:

Ó meu Jesus, quem me dera passar assim todas noites para melhor vos acompanhar em todos os lugares onde habitais sacramentado! Eu com Vós tudo podia.

 

As suas condições físicas continuam a piorar; não tem só o tormento de estar paralisada:

 

... Parece que me queimam, tanto interior como exteriormente; custa-me engolir; não sei o que tenho desde a garganta até ao estômago; dores enormes me vão consumindo o corpo.

Mas quanto maior é o sofrimento, mais alegria espiritual sinto em mim, mais tenho para oferecer ao meu amado Jesus, mais o posso consolar e desagravar.

Penso muito na morte, e que consolação para mim de pensar que ela se tem abeirado de mim para me ceifar! Bem desejava ter junto do meu leito, o meu pai espiritual para me ajudar a ser o que eu tanto aspiro, que era ser santa, uma grande santa: e para me ajudar na minha última hora.

Mas há-de ser o que o meu bom Jesus quiser, porque eu não quero neste mundo nada que não seja a Sua Santíssima Vontade.

 

Em todos estes fragmentos de Cartas pudemos notar a sua grande generosidade em oferecer sofrimentos por amor dos pecadores e a sua constante conformidade com a vontade do Senhor.

Não podemos deixar de copiara aqui também a seguinte página, tão sublime: mostra a que grau de elevação a Alexandrina chegou já em Novembro de 1935.

 

… Estou muito, muito doente. Que grande dia foi hoje para mim! Que dia de tanto sofrimento! Espero que também tenha sido de grande consolação para o meu querido Jesus, pois que o devia desagravar de tantos e tantos crimes que ele recebe, ajudando-o, assim, com os meus sofrimentos, a salvar as almas dos pecadores. Se eu pudesse fechar as portas do inferno com os meus sofrimentos!

Assim repito a Nosso Senhor: Ó meu Jesus, a cada nova dor e nova aflição, novos actos de amor para os vossos sacrários e novos ferrolhos e fechaduras para as portas do inferno, para que força nenhuma do pecado a possa abrir.

Causa-me preocupação o não saber agradecer a Nosso Senhor tanto amor ao sofrimento e tantos benefícios que me concede.

Por caridade, lhe peço (ao P.e Pinho) que louve e bendiga a Jesus por mim. Deu-me Nosso Senhor a pérola mais preciosa e a riqueza maior que me poderia ter dado neste mundo. Como é feliz, quem sofre com Jesus!

Se eu não o tivesse ofendido tanto, era completa a minha felicidade.

Mas, apesar de o ter ofendido muito, ainda me parece que não há ninguém mais feliz do que eu. Sofrer por amor! Sim, por amor, porque conheço que amo Nosso Senhor no meio do sofrimento. Muito sofro, mas muito mais quero sofrer.

Mas, não amo Nosso Senhor com um amor que me satisfaça, é por isso que me lamento que O não sei amar.

Continuo no mesmo estado de alma e no mesmo abandono em que Nosso Senhor se dignou ter-me.

Dificuldade económicas

Aos sofrimentos físicos acrescentam-se outros, em particular os da perda dos terrenos e da hipoteca da casa.[2]

Lemos o que dita na Autobiografia.

 

Principiou Nosso Senhor a aumentar-me os Seus miminhos, para também aumentar o peso da minha cruz.

Bendito seja Ele e bendita a sua graça que nunca me faltou!

Começámos agora (1933) a sofrer muito com a perda dos nossos bens. ...

Eu dizia que não queria ficar com o valor de um tostão, enquanto tivéssemos que pagar.

Faltou-me muitas vezes o alimento que melhor poderia comer e só me alimentava daquilo que tínhamos, mas que prejudicava o meu estado de físico. Sofria em silêncio e não dizia que comia dessas coisas por não ter outras melhores, e minha família julgava que eu comia com gosto e assim não a desgostava pedindo-lhe aquilo que não tinha para me dar. Tudo que me ofereciam para comer cedia à minha irmã, porque nessa altura ela encontrava-se bastante doente. Eu pensava assim: já que não tenho cura, que ao menos ela possa melhorar.

 

Para dar uma ideia do estado de pobreza sofrido naquele período pela família Costa, ouçamos o que a Deolinda contou em 1965 ao P.e Humberto Pasquale.

 

…A minha irmã não tinha sequer as mantas para se defender do frio. Tinha uma feita de trapos: pesava muito mas não aquecia o suficiente. Quantas vezes de noite, no tempo frio, sentindo a Alexandrina a tremer e bater os dentes, me levantava, acendia o lume na lareira para aquecer uma pedra que, embrulhada num farrapo, metia debaixo das mantas da minha irmã!

Recordo ainda a alegria do P.e Frutuoso, jesuíta, quando entrou aqui com um grande embrulho: trazia à Alexandrina uma manta oferecida pela Sr.a Maria Joaquina, irmã do bispo de Gurza. Foi a primeira coberta de lã que entrou na nossa casa”.

 

Na Autobiografia continua a contar.

 

 ... Chorei muitas lágrimas, mas procurava sempre que não me vissem chorar. Era de noite que desabafava com o meu Jesus e com a Mãezinha. Benditas lágrimas que mais me uniram a Jesus e a Maria e mais firmaram a minha confiança n’Eles.

Esta situação durou cerca de seis anos. Procurava ser o conforto da minha família. Quantas vezes ela chorava em altos gritos e eu dizia-lhes que confiassem em Nosso Senhor.

Ele também tinha sido pobre e alegrava-me por Jesus nos ter assemelhado à Sua pobreza.

 

E como a Alexandrina se tornará semelhante a Jesus em tudo, não só na pobreza!

 

Eu pedia quase continuamente a Jesus que nos valesse e, no fim da Sagrada Comunhão, dizia a Jesus:

“Vós dissestes: pedi e recebereis; batei e abrir-se-vos-á. Eu peço e hei-de ser ouvida; bato e hei-de ser atendida. Ó Jesus, não Vos peço honras, grandezas, nem riquezas, mas peço-Vos que nos deixeis a nossa casinha, para que minha mãe e irmã tenham onde viver até ao fim da vida, para que minha irmã tenha onde colher as florinhas para compor o Vosso altar na igreja, aos sábados. Ó Jesus, todas as florinhas são para Vós.

Jesus, acudi-nos, que perecemos! Levai esta notícia longe, a quem nos possa acudir! Não Vos peço este nem aquele meio, porque não sei! Confio em Vós!”

... Passaram-se seis anos de aflições e de lágrimas. Jesus ouviu a nossa prece. Foi mesmo longe, muito longe que uma senhora[3] veio dar remédio ao nosso mal, que não acabou por acanhamento meu. Não disse tudo quanto devíamos, porque Nosso Senhor assim o permitiu, para que se prolongasse por mais tempo o meu sofrimento.

Deu-nos ela o bastante para não vendermos a nossa casinha.

Eu chorei mais de confusão do que de contentamento ao receber tão grande graça de Nosso Senhor. Não sabia como havia de Lhe agradecer. Parecia que estava louquinha e dizia a Jesus: “Muito obrigada! Muito obrigada!”

É indizível a alegria que a minha mãe e irmã sentiram quando receberam a quantia que as aliviou das grandes preocupações em que viviam. É impossível descrevê-las, pois foram tantas e tão grandes!...

Que Jesus aceitasse todas estas aflições, e bendito Ele seja por tudo. Só com Ele se podia vencer!


[1] Tríduo que o P.e Pinho iria fazer em Balasar, como se diz na carta de 6-11-1933.
[2] A mãe fora fiadora duma dívida de 8.400$00, contraída por um seu irmão. Passado o tempo da restituição, o devedor não conseguiu pagar, por isso a mãe da Alexandrina teve de vender as poucas terras e pedir por sua vez um empréstimo à Sra. Carolina Ferreira, que lho concedeu hipotecando-lhe a casa. Também o tio e padrinho da Alexandrina, Joaquim, outro irmão da mãe, se juntou como fiador e perdeu a casa. Foi então acolhido na da Alexandrina, onde viveu até à morte, em 10-10-1951, como veremos no Capítulo 20º.
[3] A Deolinda testemunhou ao P.e Humberto Pasquale: “Quem nos socorreu, graças ao P.e Pinho, foi a Sra. Fernanda dos Santos, de Lisboa, que nos enviou dinheiro para anular a hipoteca. Não terminaram aqui as nossas dificuldades financeiras, mas ficámos contentes por ter salvo a nossa casinha.”
A difícil situação prolongou-se até 1941, como se deduz da carta de 7-2-1941 ao P.e Pinho, onde se lê: “No dia 5 recebemos um grande benefício de Jesus: foram pagas as nossas dívidas.”

   

 

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