Gonçalo da Silveira
Jesuíta, Mártir, Venerável
(1526-1565)
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D.
Gonçalo da Silveira foi o décimo filho de D. Luís da Silveira,
primeiro Conde de Sortelha e de sua esposa D. Brites de Noronha
Coutinho, nasceu a 23 de Fevereiro de 1526.
A
mãe faleceu três dias após o parto, sendo Gonçalo criado e educado
por sua irmã mais velha, D. Filipa de Vilhena, casada com o Marquês
D. Luís Álvares de Távora.
Em
Mogadouro, onde viveu os primeiros anos, recebeu instrução no
Convento de S. Francisco.
Continua os estudos em Coimbra, frequentando o mosteiro de Santa
Cruz. Em 1540 estudava Retórica e três anos depois entra na
Companhia de Jesus, contra a vontade de seus familiares,
principalmente dos irmãos.
Em
Dezembro de 1545 celebra a sua primeira missa, partindo cinco anos
depois para Espanha, com mais quatro religiosos, dirigindo-se a
Gandia onde frequenta a Universidade fundada pouco antes por São
Francisco de Borja e se doutorou em Teologia.
Regressa a Portugal dedicando-se à pregação onde deu provas de bom
orador em várias partes do país onde a sua presença era requerida,
tendo por máxima, entre outras, pregar até enrouquecer.
Em
1553, D. João III entregou à Companhia de Jesus, em Lisboa, a Ermida
de São Roque, estabelecendo-se Casa professa de que veio a ser
primeiro Superior.
Em 30
de Março de 1556 embarca para o Oriente na armada comandada pelo
capitão-mor, D. João Meneses de Sequeira, sendo o seu destino a
Índia onde ao chegar lhe foi lida a patente em que Santo Inácio o
nomeia provincial da Índia.
Nessa
missão se mantém até 1559, organizando e visitando todas as casas e
postos missionários.
Seguindo D. Constantino de Bragança em 1558, na expedição contra a
fortaleza de Damão, depois da conquista da praça, acompanhou a
armada que ia para o Estreito mas adoecendo, seu irmão Álvaro da
Silveira, fê-lo regressar a Goa a fim de se tratar.
Durante
a sua acção missionária, procurou que os pagãos convertidos à fé
cristã tivessem leis proteccionistas e combateu tenazmente os judeus
que procuraram assassiná-lo.
Tendo o
rei de Monomotapa (Moçambique), zona banhada pelo rio Zambeze,
mostrado interesse que lhe mandassem missionários e isto devido ao
facto de um seu sobrinho se ter convertido ao cristianismo, em
Inhambane e certamente por outras vantagens de tipo comercial, foi o
padre D. Gonçalo da Silveira um dos primeiros a oferecer-se para
cumprir tal missão e assim parte com esse destino a 5 de Janeiro de
1560, aportando a Moçambique um mês depois.
Deixou
os companheiros em Tonga e decide acometer a conquista espiritual de
Monomotapa. Sobe o Zambeze até Sena onde baptiza muitos negros.
Desloca-se a pé até Tete onde continua a sua missão de
evangelização, chegando finalmente, a 26 de Dezembro à zona de
destino onde é bem acolhido pelo rei negro que o cumula de presentes
que acaba por devolver pretendendo justificar que não eram essas as
riquezas que pretendia.
Bem
recebido, começa sem demora o trabalho a que se tinha proposto,
baptizando o imperador e centenas de indígenas.
Avançando a fé cristã com rapidez, alguma árabes começaram a
espalhar calúnias contra o missionário e conseguiram que o rei o
considerasse um poderoso feiticeiro e decidiu-se mandá-lo matar, o
que veio a acontecer, por estrangulamento, aos trinta e seis anos de
idade. O seu corpo foi deitado a uma lagoa na confluência dos rios
Mucengeze e Mutate, a 6 de Março de 1561.
D.
Gonçalo da Silveira que foi o primeiro missionário que derramou o
seu sangue por aquelas paragens, tinha fama de santidade.
Vários
poetas e dramaturgos jesuítas se inspiraram na sua vida para
realizarem trabalhos e o nosso Épico, que se crê tenha conhecido o
missionário na Índia, celebra-o no seu imortal Poema.
José Varzeano |