NASCIMENTO
José Aparício da Silva nasceu em
Abrunheiro Grande, freguesia de Santa Margarida da
Fundada, não muito longe de Portalegre, Portugal, a 14
de Fevereiro de 1879. Era filho de Joaquim Aparício da
Silva e Ludovina da Silva, e foi baptizado no dia 24 do
mesmo mês e ano.
Como
todas as crianças da sua idade, frequentou a escola
primária dirigida pelo padre da aldeia, Padre Sebastião
de Oliveira Xavier. Foi este sacerdote que lhe ensinou
não só as primeiras letras, mas também o catecismo e a
oração, para a qual José tinha uma disposição especial,
como dizem várias testemunhas.
NO COLÉGIO
Quando ainda era muito jovem, deixou a
sua aldeia natal para entrar na Escola Apostólica de
Nossa Senhora das Neves, que os Padres Jesuítas tinham
aberto em Barro, perto de Torres Vedras. Ali fez os seus
estudos preparatórios para o sacerdócio.
Muito respeitoso das regras e assíduo à
oração e à meditação, José Aparício progrediu muito
rapidamente no caminho espiritual, mas mantendo sempre
aquela virtude que seria a sua prerrogativa: a
humildade.
Alguns anos após a sua entrada na Escola
Apostólica – em 1892 – foi transferido para Guimarães –
a cidade berço – e, claro, José acompanhou os seus
colegas, bem como os seus superiores.
A 8 de Setembro de 1895, aos 16 anos de
idade, entrou no noviciado da Companhia de Jesus e
durante oito dias teve de aprender as Regras e seguir os
Exercícios do Santo Fundador da Ordem, Inácio de Loyola.
Desde o início, tomou a “firme
decisão de observar as Regras à letra, não cometendo
deliberadamente qualquer falta”. Os seus cadernos de
notas espirituais dessa época distante contêm “páginas
deliciosas”, decisões e considerações que mostram o seu
carácter resolutamente espiritual, mesmo contemplativo.
Ele tinha uma devoção especial a São
José, à Santíssima Virgem e ao Sagrado Coração de Jesus.
A divina Eucaristia foi objecto de adoração filial,
dando origem a visitas diárias regulares ao Santíssimo
Sacramento.
OS VOTOS
Em 1897, a 12 de Setembro, festa do
Santíssimo Nome de Maria, fez os seus votos perpétuos.
Tendo terminado o curso de retórica,
teve de seguir os de filosofia, mas por uma causa
independente da sua vontade, isso não foi possível e,
durante o período de estudo de 1900-1901, foi enviado
para Lisboa como professor de latim, português,
história, geografia, botânica, zoologia, matemática e
desenho, desculpem do pouco... Depois, em 1901, foi para
Setúbal, do outro lado do Tejo, para fazer a sua
filosofia. Passou lá três anos, “os três anos mais
belos da minha vida”, escreveu nos seus cadernos de
apontamentos.
Teve como professor, nessa época, o
Padre Luiz Gonzaga da Fonseca, um dos organizadores do
reconhecimento das aparições de Fátima e autor de uma
obra-prima sobre as mesmas aparições. José Aparício terá
o mesmo entusiasmo que o seu professor por este fenómeno
sobrenatural; será mesmo um dos mestres de obras do
Santuário de Fátima.
Alguns anos mais tarde, de 1904 a 1909,
José foi professor no Colégio Apostólico de Guimarães.
Depois, mesmo antes dos tristes acontecimentos do
estabelecimento da República Portuguesa e da lei de
separação, foi para Espanha, para o Colégio de São
Jerónimo em Múrcia, para estudar teologia.
ORDENAÇÃO
SACERDOTAL
Em 28 de Junho de 1912, foi nomeado
subdiaconado e no dia 29, festa dos Santos Pedro e
Paulo, recebeu o diaconado e foi ordenado padre no dia 1
de Julho desse mesmo ano.
Após a sua ordenação, fez mais um ano de
teologia escolástica no Colégio de Jesus em Tortosa,
Espanha, e depois foi para a Bélgica, para Tronchiennes,
para o seu último ano de provação.
COMEÇO DA GUERRA
A 3 de Agosto de 1914, assistiu à
passagem das tropas alemãs que, após um ultimato à
Bélgica para atravessar o país, passaram de facto para
invadir a França. Assistiu ao saque e viu, horrorizado,
o fogo de Lovaina, o que lhe inspirou estas poucas
linhas escritas a um amigo: “Até agora não acreditava
no que me disseram sobre os alemães, mas agora já não
tenho dúvidas”.
De facto, um dos seus camaradas foi
baleado pelos invasores simplesmente porque tinha
escrito no seu caderno de notas os acontecimentos que
estavam a ter lugar nessa altura. A 24 de Outubro, com
um salvo-conduto concedido pelo Rei da Bélgica, deixou
este país, via Holanda, para se refugiar em Espanha. No
dia 27 de Novembro esteva em Salamanca. Aí pronunciou os
seus votos definitivos a 2 de Fevereiro de 1915.
REITOR DA ESCOLA
APOSTÓLICA
No mesmo ano de 1915, a Escola
Apostólica de Salamanca mudou-se para St. Martin de
Trevejo, na região de Cáceres, para uma casa que ainda
não estava completamente pronta – não havia sequer
electricidade. José Aparício foi também enviado para lá,
mas desta vez como Reitor, cargo que assumiu a 7 de
Outubro do mesmo ano.
Sempre muito activo, e cheio de zelo
apostólico, tomou as medidas necessárias – tendo
recorrido a São José – e no dia 3 de Novembro a casa já
tinha electricidade.
Apesar de algumas outras dificuldades
encontradas no início, a Escola Apostólica progrediu e
recebeu mesmo, em 15 de Junho de 1920, a visita de dois
bispos espanhóis, o de Salamanca, acompanhado pelo bispo
de Ciudad Rodrigo.
A 6 de Novembro de 1921, José Aparício
foi transferido para Tuy, ainda em Espanha, porque nesta
cidade os jesuítas portugueses, após a sua expulsão de
Portugal, tinham comprado uma casa, a que chamaram
“Residência e Casa de Retiro”. José Aparício tornou-se
responsável por dela.
IRMÃ LUCIA DE
FATIMA
Assim que chegou a Tuy, o Padre Aparício
foi nomeado confessor ordinário das Irmãs Doroteias.
Ora, estava nesse convento a irmã Lúcia, a visionária de
Fátima, a única sobrevivente das aparições marianas de
1917.
Tornou-se seu confessor e aprofundou o
seu conhecimento de Fátima, o que em breve bem lhe
servirá. |