Leopoldo de Alpandeire Religioso

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Leopoldo de Alpandeire
Religioso professo capuchinho, Beato
1866-1956

A sua vida não se distingue por obras estrepitosas, mas antes pela simplicidade e a fidelidade que punha em tudo o que fazia. Dele se pode dizer que foi em primeiro lugar um “homem de Deus”, imbuído de seu Espírito. Era um frade esmoler e por isso andava todo o dia entre o povo. A sua posição não era a do poder, mas a de quem pede e deixa livre quem está à sua frente. Ele pedia a esmola para o sustento dos frades, deixava em troca a quem lhe dava, a serenidade, a paz, os dons do Espírito.

O serviço de esmoler, como o fazia frei Leopoldo, desapareceu de todo, ou quase, na Ordem, mas é necessário descobrir outras formas para estar presente entre o povo como "menores". "Submissos a todos os homens deste mundo", reza São Francisco no Elogio das virtudes, para oferecer a ocasião de cumprir um gesto de partilha e oferecer a eles "a Sua paz", aquela paz do Senhor Jesus. Como? Envolvendo-os nas obras de caridade que muitos de nossos confrades iniciaram, pedindo-lhes que dediquem um pouco de seu tempo ao fazer e ao receber o bem. Da gratuidade no doar-se só pode nascer o agradecimento por aquilo que se recebeu.

O beato Leopoldo faz parte dessa grande fileira de frades mendicantes que encarnaram na minoridade a pergunta de quem procura, a pergunta pelo Bom Deus que busca o homem porque lhe quer bem. Hoje o humilde mendicante chega à glória dos altares, alegramo-nos e ao mesmo tempo peçamos-lhe que acompanhe quem busca a Deus, que nos acompanhe para que como frades menores capuchinhos saibamos estar abertos à voz do Espírito para viver entre o povo na simplicidade, sem nada mais do que o júbilo e a alegria de saber-nos amados por Ele.

No centro da Serra de Ronda encontra-se Alpandeire, vilarejo minúsculo, escondido, como um ninho no coração da montanha, uma beleza natural. É a terra natal de nosso santo esmoler capuchinho, místico da humildade e do ocultamento, dom de Deus à humanidade que procura o seu destino.

Seus pais, Diego Márquez Ayala e Jerónima Sánchez Jiménez, eram agricultores, simples e laboriosos e, como a maior parte do povo, trabalhavam duro para tornar fértil aquela terra rochosa da qual deviam tirar o sustento para a família. Em 24 de Junho 1864 nasceu o primeiro filho, que no dia 29 de Junho na pia baptismal recebia o nome de Francisco Tomás de São João Batista, o nosso frei Leopoldo. Diego e Jerónima tiveram a alegria do nascimento de outros três filhos, Diego, Juan Miguel e Maria Teresa.

No calor do amor familiar, alimentado pela prática das virtudes cristãs, cresceu a boa semente cristã de Francisco Tomás. De seu pai aprendeu as boas maneiras, os princípios cristãos e a prática do bem. Dos lábios da mãe, aprendeu a oração. Alegre, ajuizado, de boa companhia, trabalhador incansável, Francisco Tomás começava sua jornada assistindo à santa missa e visitando o Santíssimo Sacramento. Seu hábito de partilhar o pouco que tinha e a sua bondade natural, jamais forçada, eram expressão de uma profunda vida espiritual e de uma forte experiência de fé. Era "todo coração" no socorro dos pobres, nos dizem as testemunhas que o conheceram. Conta-se que dava suas ferramentas de agricultor a quem precisasse, ou doava o dinheiro ganho com a vindima aos pobres que encontrava no seu caminho voltando para casa.

Ele viveu assim, no trabalho dos campos e na vida familiar, os seus primeiros 35 anos de vida "escondida". Enquanto Deus o modelava lentamente esperando a ocasião de chamá-lo para seu serviço. Em 1894, escutando a pregação dos capuchinhos por ocasião da festa que se estava preparando em Ronda, para celebrar a beatificação do capuchinho Diogo José de Cádis, o jovem Francisco Tomás, decide abraçar a vida religiosa fazendo-se capuchinho. "Peço para ser capuchinho como eles". Atraído por "sua vida retirada".

Só em 1899 ele foi acolhido entre os capuchinhos no convento de Sevilha. Um mês depois foi admitido ao noviciado com o parecer mais do que favorável, dos membros da comunidade que louvavam nele: o silêncio, o empenho, a oração e a bondade. Pela mão de frei Diego de Valencina, Superior e Mestre dos noviços, em 16 de Novembro do mesmo ano recebeu o hábito capuchinho e o nome de frei Leopoldo de Alpandeire.

A decisão de fazer-se capuchinho não exigiu dele uma mudança radical de vida, pois já vivia uma profunda e intensa vida evangélica. Frei Leopoldo trabalhando no campo e na horta do convento transformava o seu humilde trabalho em oração constante e em generoso serviço. A mudança de nome, comentará anos mais tarde, o abalou "como uma ducha de água fria", inclusive porque aquele nome não era usual entre os membros da Ordem. A sua entrada no convento não era consequência da pobreza, nem refúgio para um coração angustiado, mas a manifestação do que já vivia e sentia vivo. O exemplo do beato Diogo José de Cádis o tinha induzido a servir a Deus com todo o seu ser, até à imolação.

Sabendo que ele era agricultor, em Sevilha encarregaram-no de ajudar o irmão hortelão. Na horta além de verduras frei Leopoldo cultivava também seus dons espirituais. Quem o conheceu afirma que a sua santa alegria correspondia à sua profunda interioridade que os seus olhos e o seu rosto não podiam esconder. Qualquer gesto dele, mesmo o mais corriqueiro e repetitivo, nascia de uma profunda comunhão com Deus. O noviço frei Leopoldo experimentou a alegria de ter respondido ao chamado de Deus. Uma coisa era certa: ele tinha 36 anos de idade, porém sua juventude de espírito não era um facto somente interior, irrompia visivelmente em sensível alegria. A experiência do noviciado pôs as bases de seu caminho espiritual, pois o seu amor a Deus ia crescendo mediante o conhecimento da tradição e da espiritualidade da Ordem capuchinha.

Terminado o noviciado emitiu a primeira profissão, passando breves períodos nos conventos de Sevilha, Granada e Antequera. A enxada acompanhava-o constantemente, como uma fiel companheira, enquanto cultivava a horta dos frades. Ele transformava em oração, o trabalho manual e o serviço feito para os irmãos. Foi um "contemplativo entre a água dos canais de irrigação, as hortaliças, os frutos e as flores para o altar".

Frei Leopoldo foi destinado ao convento de Granada, pela primeira vez em 1903, sempre no ofício de hortelão. Seus últimos anos foram vividos em absoluto retiro entre os velhos muros conventuais e a horta. Foram anos de profunda experiência espiritual e de silêncio. Na horta cresceu o seu diálogo com Deus e nesse diálogo, as suas virtudes. Da horta passava à capela do Santíssimo onde por longas noites permanecia em profunda adoração. No velho convento de Granada, no dia 23 de Novembro de 1903, frei Leopoldo emitiu os votos perpétuos diante de frei Francisco de Mendieta, superior da fraternidade. Era a sua consagração definitiva a Deus pela qual tinha vivido e para a qual viverá o resto de sua vida.

Após breve estadias em Sevilha e a Anteguera, em 21 de Fevereiro de 1914, ele voltou a Granada onde permaneceu até o fim de seus dias. A cidade aos pés da Serra Nevada, será o cenário de meio século de sua vida. Hortelão, sacristão e pedinte, sempre unido a Deus e ao mesmo tempo sempre próximo ao povo. O ofício de esmoler o definiu e o caracterizou. Ele tinha-se tornado religioso para viver longe do "barulho do mundo", foi lançado pela obediência a combater a batalha decisiva de sua vida entre as ruas da cidade e o vozerio do povo. A partir de então, com passo decidido, as montanhas, os vales, as estradas poeirentas, as ruas, serão o seu claustro e a sua igreja. Frei Leopoldo, como outros santos capuchinhos, com forte inclinação à vida contemplativa, viveu constantemente em contacto com o povo e isso em vez de distraí-lo, o ajudou a sair de si mesmo, a assumir o peso dos outros, compreender, ajudar, servir e amar. Era, como disse um fervoroso devoto seu: "separado, mas não distante".

A sua figura foi tão popular na cidade que todos o reconheciam. Sobretudo as crianças que ao vê-lo gritavam: “Olha, lá vem frei Nipordo”, e corriam ao seu encontro. Ele parava explicando a elas, alguma página do catecismo e com os adultos para escutar seus problemas e suas preocupações. Frei Leopoldo tinha descoberto o modo de manifestar a todos a bondade divina: recitar três ave-marias. Era a sua fórmula de ligar o humano ao divino.

Por meio século, dia após dia, frei Leopoldo percorreu Granada distribuindo a esmola do amor, dando cor aos dias tristes de muitos, criando unidade e harmonia, levando todos a encontrar Deus, dando dignidade às acções de todos os dias. Todas as suas acções e seus gestos para aproximar-se das pessoas, eram sempre novos.

Nem tudo porém foi fácil, nem sem dificuldade. Frei Leopoldo exerceu seu ofício de esmoler numa época em que na Espanha sopravam ventos anticlericais e quem era religioso era mal visto se não perseguido. Era o tempo das "Duas Espanhas", da Segunda República antes da guerra civil e depois. Sete mil religiosos e sacerdotes foram mortos só por serem da Igreja Católica. Na sua faina diária de esmoler frei Leopoldo sofreu muito e não poucas vezes foi insultado: “Preguiçoso, ainda te vamos enforcar com este teu cordão!”. “Vagabundo, vai trabalhar em vez de andar pedindo esmola!”. “Prepara-te que vamos cortar teu pescoço!”. “Experimentou este clima hostil e parafraseando o Evangelho, dizia: “Pobrezinhos, só posso ter compaixão deles pois não sabem o que dizem!”.

Será que existia, pergunto-me, algum segredo na vida de nosso irmão pedinte? Sim, o segredo de sua vida era a sua oração, a sua união com Deus e o seu trabalho. Ele transformava tudo em oração e a sua oração era o seu trabalho mais precioso. A sua vida não foi uma vida de grandes gestos ou de eventos notáveis, a não ser o que normalmente de pede a quem abraça a vida religiosa.

A santidade de frei Leopoldo tinha como suporte a humanidade do velho Francisco Tomás. Ele manteve a identidade do camponês de Alpandeire que já incluía o seu caminho de santidade.

Frei Pascoal Riwalski, Ministro Geral da Ordem, falando dele disse: «Encontrando frei Leopoldo ficamos subitamente fascinados pelo seu modo de ser simples, natural, sem artifícios, sincero e recto, evangelicamente pobre. Um pobre que tem fé, cândido, simples e discreto, que sempre soube pôr-se em segundo plano, servindo no anonimato e na humildade. Um homem com um coração de menino, nobre e franco, cortês e sóbrio, de camponês honesto... Um homem extremamente reservado e modesto, quanto a tudo aquilo que de bom o Senhor operava por meio dele, que se perturbava diante dos louvores dos homens, que se alegrava com as humilhações e que mantinha uma consciência viva de seus limites e de seus pecados. Frequentemente repetia. “Sou um grande pecador!” A verdadeira centelha evangélica é fruto da estima que temos por nossos semelhantes e pelas criaturas na perspectiva de Deus. Frei Leopoldo conhecia bem o famoso dito de São Francisco: “porque, quanto é o homem diante de Deus, tanto é e não mais”» (Admoestações, XIX).

Não era fácil ver os seus olhos. Frei Leopoldo, tomou como modelo São Félix de Cantalício, em ter os olhos voltados para a terra e o coração para o céu. Tinha olhos de criança, puros e penetrantes, serenos e límpidos. Transmitia serenidade, pureza e doçura de coração, fruto da paz interior que o invadia.
Ele tinha uma influência particular sobre todos aqueles que encontrava por causa de sua humildade e disponibilidade. A sua figura não era daquelas que impressionam e chamam a atenção. Mais do que “andar entre o povo, frei Leopoldo, passava entre o povo”, mais do que olhar, ele via no coração das pessoas que o cercavam.

Considerando a sua vida podemos dizer que ele aderiu ao Evangelho de Cristo sine glossa seguindo o exemplo de São Francisco. O extraordinário encontra-se na sua limpidez, clareza e silêncio. Num clima de incerteza e falta de referências, a figura do Servo de Deus frei Leopoldo apresenta-se como a de quem escutou com atenção a voz de Deus e se deixou transformar na imagem do Filho Unigénito.

Um certo dia, aos 89 anos de idade, enquanto recolhia, como de costume, a esmola da caridade, ele caiu e fracturou o fémur. Foi levado ao hospital, mas por sorte ficou curado sem operação cirúrgica. Recebendo alta, ele retornou a pé ao convento, com a ajuda apenas de seu bastão, mas não teve mais condição andar pelas estradas. Pôde assim dedicar-se totalmente a Deus, o grande amor de sua vida. Absorto em Deus, ele passou os últimos três anos de sua vida consumindo-se pouco a pouco, “qual chama de amor”.

A chamazinha se extinguiu em 9 de Fevereiro de 1956, quando ele tinha 92 anos de idade. O humilde esmoler das Três Ave-Marias, uniu-se definitivamente ao Senhor. A notícia de sua morte correu por toda a cidade de Granada, comovendo-a. Um rio de gente de todas as idades e condições se dirigiu ao convento dos capuchinhos. A fama de santidade que já o acompanhava em vida, cresceu após a sua morte. Todo dia, mas sobretudo no dia 9 de cada mês, uma insólita afluência de pessoas, de todo o mundo, visita a sua tumba. Muitas são as graças que Deus concede por intercessão de seu servo fiel.

Bento XVI no dia 15 de marco de 2008 declarou a heroicidade de suas virtudes e no dia 12 de Setembro de 2010 foi declarado Beato.

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