Coube a Lourenço Maria Salvi
viver tempos conturbados, na sua Itália. Menino ainda, pois nascera
em 1782, assistiu à campanha de Napoleão Bonaparte que invadiu e
agitou a sua pátria e, mais tarde, pôde ser
testemunha
da prisão de Pio VII e padecer, pois já era religioso passionista,
na sua própria carne, o encerramento das casas de ordens religiosas
e institutos eclesiais e a proibição do uso de hábitos fradescos ou
monásticos.
Seus pais eram muito piedosos.
Deram-lhe, por isso, uma educação esmerada. Frequentou, quando
jovem, o Colégio Romano dos Jesuítas até aos 17 anos, onde teve como
professor particular o religioso camaldulence, Mauro Cappellari,
eleito papa com o nome de Gregório XVI, em 1831.
Ao ouvir uma exortação de
Vicente Maria Strambi, grande orador passionista, dirigida a uma
grande multidão enfurecida, aquando de um levantamento popular,
ficou de tal maneira impressionado que quis ingressar na ordem dele.
Houve de convencer o pai que
punha muitas reticências aos seus desejos, por causa do ambiente
anticlerical, já então divulgado, mesmo pelos Estados Pontifícios.
Depois de ter feito os votos,
na Ordem dos Padres Passionistas, e ter recebido o nome de Lourenço
Maroa de São Francisco Xavier, estudou filosofia e teologia, sendo
ordenado sacerdote, a 29 de Dezembro de 1805.
Quando eclodiu a perseguição
aos conventos e mosteiros, deixou Roma, sua terra natal, com suma
prudência, e continuou, através das aldeias e terras pequenas da
Província, a exercer o ministério de pregador das missões ao povo,
nas quais exortava os fiéis à confiança no amor misericordioso de
Cristo Redentor, sempre mergulhado o seu espírito na oração e no
estudo e sempre pronto para atender os fiéis. Tornou-se um
verdadeiro mestre na direcção às consciências, no atendimento no
confessionário e no impulso estimulante para a santidade, através de
tantas exortações públicas.
Depois da prisão de Napoleão
Bonaparte e do regresso do Papa à sua cátedra, voltou à actividade
missionária, segundo o carisma de sua congregação, percorrendo
grande parte da Itália. Conta-se que, por essa altura, tendo
adoecido gravemente, lhe apareceu o Menino Jesus a quem começou a
dedicar uma profunda devoção, tornando-O centro dos seus sermões e
até dos seus livros. Habituou-se até a esculpir pequenas imagens do
Deus Infante que distribuía pelos seus ouvintes juntamente com
pagelas e orações.
O beato Lourenço encontrou-se
um dia, era 26 de Agosto, Domingo da Mãe de Deus, com o Beato
Domingos Barberi prestes a partir para a Inglaterra, a fim de
começar o diálogo ecuménico com a Igreja Anglicana. Entusiasmado com
este projecto pediu aos superiores licença para nele se integrar,
acompanhando assim o seu grande amigo. Não tendo conseguido a tão
desejada permissão, prontamente obedeceu aos superiores,
crucificando em Cristo os seus anseios, convencido que valeria mais
a obediência do que as vítimas.
Encontrando-se em Capranica, em
casa de uma família conhecida e grande benfeitora da sua
Congregação, aproximaram-se os dias da sua morte e partiu para Deus,
a 12 de Junho de 1856. Já nessa altura, era proclamado por muitas
pessoas como um verdadeiro santo.
Foi beatificado, a 1 de Outubro
de 1989, por João Paulo II. |