Educar,
abrigar e instruir os jovens pobres e abandonados na Itália do
século XVIII era um enorme desafio
que
o padre bresciano Ludovico Pavoni aceitou, ele que nasceu no dia 11
de setembro de 1784.
Naqueles anos de fome e de guerras, quando a miséria, as doenças e
as armas se tornaram aliadas importantes para exterminar os pobres,
Ludovico Pavoni teve uma intuição genial e profética, "educar,
abrigar e instruir" os jovens pobres, abandonados ou desertores que
eram, de fato, numerosos na Itália de 1800, tanto nas cidades como
no campo.
Não só
para evitar que se tornassem delinquentes, o que mais temia a elite
pensante daquele tempo, e com certeza não só daquela época, mas para
que eles tivessem a oportunidade de viver uma vida digna, do ponto
de vista cristão e humano.
Ordenado padre em 1807, Ludovico Pavoni dedicou-se desde o início à
educação dos jovens e criou o "seu" orfanato para abrigar os
adolescentes e jovens necessitados. Já como secretário do bispo de
Bréscia, conseguiu, para aqueles jovens, fundar o primeiro "Colégio
de Artífices" e, depois, em 1821, a primeira escola gráfica da
Itália, o Pio Instituto de São Barnabé.
Tipografia e Evangelho eram seus instrumentos preciosos: a receita
natural era a mais simples possível, como dizia ele: "Basta colocar
dentro da impressora jovens motivados, que os volumes de 'boa
doutrina cristã' estarão garantidos". Analogia de fato simples e
correcta mesmo para os nossos dias. Em 1838, nasceu a escola para
surdos-mudos, sendo inútil acrescentar o quanto essa também estava
na vanguarda daqueles tempos. Em 1847, a Congregação Religiosa dos
Filhos de Maria Imaculada, abrigando religiosos e leigos juntos,
hoje conhecidos como "os pavonianos".
Pela
discrição pode ainda parecer fácil, mas para colocar em prática todo
esse projecto, o vulcânico padre bresciano empregou tudo de si, do
bom e do melhor, chocando-se com as autoridades civis e com as
eclesiásticas. Sair recolhendo os jovens pobres e abandonados pelas
ruas era algo que batia de frente com rígidos costumes sociais e
morais da época. Por mais de uma década, Pavoni se debateu entre
cartas, pedidos, súplicas e solicitações, tanto assim que foi
definido "mártir da burocracia", mas, do dilúvio, saiu vencedor.
Padre
Ludovico Pavoni faleceu no dia 1o de abril de 1849, durante a última
das dez jornadas brescianas, de uma pneumonia contraída durante uma
fuga desesperada, organizada na tentativa de proteger os "seus"
jovens das bombas austríacas, quando ganhou, finalmente, o merecido
abraço do Pai Eterno. De resto, ele sempre dizia: "O repouso será no
Paraíso".
Apesar
da distância dos anos, hoje os pavonianos continuam a "educar,
abrigar e instruir" os jovens desses grupos, mas também todos os que
simplesmente procuram um trabalho e um lugar na vida, providenciando
a instrução escolar básica e colaborando com as igrejas locais nas
pastorais dos jovens. São incansáveis em suas atividades, porque os
traços cunhados pelo padre Ludovico estão ainda frescos, o exemplo
do fundador está inteiramente vivo, latente e actual.
Hoje,
outros levam avante sua obra, nos quatro cantos do mundo, os
pavonianos administram tudo o que possa estar relacionado à formação
desses jovens: comunidades religiosas, escolas, institutos de
formação profissional, centros de recuperação de dependentes
químicos, asilos de idosos, pensionatos, orfanatos, creches,
paróquias, cooperativas, centros de juventude, livrarias e a editora
Âncora, na Itália. Além disso, alfabetizam os deficientes
surdos-mudos e formam pequenos artífices nas artes gráficas, esses
que eram os dilectos de Ludovico Pavoni.
Beatificado pelo Papa S. João Paulo II, Praça de S. Pedro em Roma,
em 14 de Abril de 2002.
Canonizado pelo Papa Francisco, Praça de S. Pedro, a 16 de Outubro
de 2016.
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