Filho
primogénito de um príncipe da Itália, mas educado santamente, foi
baptizado apenas nascido, de
maneira
que pareceu mas ter nascido no céu, do que na terra. Essa primeira
graça, guardou-a tão constantemente que se acreditou tivesse sido
confirmado.
Desde o
primeiro uso da razão, ofereceu-se a Deus, e levou uma vida cada vez
mais santa. Com nove anos, estando em Florença, diante do altar da
santa Virgem, que honra sempre como sua mãe, fez o voto de castidade
perpétua; e, por uma graça especial de Deus, conservou-a sem
necessidade de defender-se contra qualquer tentação do espírito ou
do corpo. Quanto às outras perturbações da alma, reprimiu-as tão
fortemente desde a primeira idade, que não se ressentiu nem de seus
primeiros movimentos. Guardava tão bem os sentidos em particular o
da vista, que não olhava jamais para o rosto da princesa Maria da
Áustria, a quem saudava quase todos os dias durante vários anos,
como pajem do príncipe da Espanha; não olhava jamais fixamente a
própria mãe. Chamaram-no com justeza homem sem carne ou anjo
encarnado.
À
guarda dos sentidos, ajuntava as mortificações corporais. Jejuava
três vezes por semana, o mais frequentemente a pão é água. Pode-se
mesmo dizer que seu jejum era perpétuo, não passando o alimento de
uma onça. Frequentemente, castigava-se até o sangue três vezes por
dia, com cordas e correntes; algumas vezes substituía as cordas por
grossas correias e o cilício por esporas de cavaleiros. Tinha um
leito macio, mas tornou-o duro colocando pedaços de madeira, e isso
também com o fito de acordá-lo mais cedo para orar: porque empregava
grande parte da noite na contemplação das coisas celestes, vestido
somente com uma camisa, de joelhos sobre o pavimento ou prostrado de
fraqueza.
De dia,
ali permanecia três, quatro e cinco horas imóvel. O preço dessa
constância foi tal estabilidade de espírito na oração que não se
afastava jamais de Deus, permanecendo como que em perpétuo êxtase.
Para unir-se a Deus somente, após haver obtido a permissão de seu
pai, em seguida a três anos de solicitações, transmitiu ao irmão
direito ao principado da família e entrou, em Roma, na sociedade de
Jesus, à qual uma voz celeste o havia chamado desde Madrid.
No
noviciado, revelou-se modelo de todas as virtudes. Observava com
escrupulosa pontualidade as menores regras, mostrava grande desprezo
do mundo e ódio de si mesmo. Mas um amor tão ardente, que o próprio
corpo nele se consumia insensivelmente.
Tendo
recebido ordem para distrair um pouco o espírito das coisas divinas,
fazia vãos esforços para evitar Deus que se apresentava a ele de
toda parte. Abrasado de maravilhosa caridade para com o próximo,
servia com amor nos hospitais e contraiu uma moléstia contagiosa.
Consumindo-se lentamente, emigrou ao céu, no dia em havia predito,
21 de Junho de 1591, com a idade de 24 anos começados, após ter
pedido para receber, pela última vez, a disciplina e morrer
estendido sobre uma tábua.
Bento
XIII canonizou-o e deu-o à juventude cristã por patrono e modelo de
inocência e castidade. Sua mãe vivia ainda quando foi beatificado,
em 1621, e pode invocá-lo sobre os altares. Feliz mãe!
Vida
dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XI, p. 83 à 85 |