Ficará
conhecido, na história, o Cardeal Stepinac como paladino da
liberdade, uma vez que, mesmo
escravizado
nas masmorras, pois fora condenado a uma prisão ignóbil, morreu, ele
o grande cardeal da Igreja, na sua terra natal, servindo o pároco.
Por
tudo isto, pôde escrever Pemán, no dia seguinte à sua morte ocorrida
a 10 de Dezembro de 1960: “Em
todas estas histórias da liberdade há
enormes e equívocas histórias de tirania. Há guilhotinas, pelotões
de fuzilamento e governos absolutos. Só o púlpito de Zagreb, batido
pelas ondas de tiranias hostis, significou a liberdade de Cristo.
Aos eternos incensadores da liberdade do homem escapar-lhes-á,
encoberta detrás da sua fiada de estátuas de tiranos liberais, a
gesta gigantesca e humilde de Luís Stepinac”.
Nascido na Croácia, em 1898, no seio de uma família numerosa, onde
aprendeu, desde a infância, a crescer imbuído de virtudes humanas e
cristãs, foi mobilizado, aos dezasseis anos, e incorporado nos
exércitos da Primeira Guerra Mundial.
Em
1918, foi aprisionado pelas tropas italianas e logo que liberto,
regressou à sua terra, onde trabalhou na agricultura, enquanto
discernia a vocação ao sacerdócio.
Feitos
os estudos no seminário diocesano, termina a teologia em Roma onde é
ordenado, a 25 de Outubro de 1930, ia pelos 32 anos.
Feitos
os 36, foi nomeado arcebispo coadjutor de Zagreb, cuja cátedra
ocupou, passados três anos.
Correntes sociais e políticas dominantes não facilitavam a
fidelidade ao Evangelho. O comunismo ia alastrando por todo o
Ocidente e o arcebispo conhecendo, por experiência própria, o
flagelo da guerra e o perigo marxista, fez frente a esta ideologia
aniquiladora e orientou, com clareza e coragem, os seus fiéis.
Com a
escola da militância nas organizações juvenis, fomentou movimentos
apostólicos, sobretudo entre rapazes, defendeu a unidade da Igreja
firmada no Papa, promoveu a fraternidade entre o clero religioso e
diocesano, em ordem à evangelização, e organizou a comunicação
social da Igreja.
Ia a
passar o terceiro aniversário da tomada de posse como titular da
sede do seu arcebispado, quando rebentou a Segunda Guerra Mundial.
Perante tanta violência, Stepinac fala bem alto: “Nós, ao condenar
todas as injustiças, todas as matanças de inocentes, todos os
incêndios e destruições de aldeias tranquilas, todo o aniquilamento
do trabalho dos pobres, afirmamos que a Igreja apoia um sistema que
tem tantos anos como os mandamentos de Deus”.
Quando
o regime comunista pretendeu criar uma igreja nacionalista, a fim de
mais facilmente a manobrar, o arcebispo da Croácia não se intimidou.
Com uma audácia sobre-humana defendeu os direitos do Catolicismo
Romano e a liberdade de cada qual escolher a religião, segundo a sua
consciência.
Juntamente
com todo os bispos croatas, publicou uma carta onde denunciava a
conduta do regime comunista que perseguia até à morte os sacerdotes
e reprimia, quanto lhe era possível, os católicos. Como resposta, os
dirigentes do partido, a 11 de Outubro de 1946, decretaram a sua
detenção e o julgamento.
Dezasseis anos ali ficou em duríssimas condições na cadeia. A 12 de
Janeiro de 1953, Pio XII fê-lo cardeal, por entre a alegria de toda
a cristandade.
Devido
ao clamor gigantesco do mundo inteiro e ao declínio de sua saúde, as
autoridades comunistas mudaram-lhe a pena para prisão domiciliária
em Krasic, onde a morte põe termo ao seu lento martírio. |