A
19
de Março de 1945
morria
num campo de concentração alemão um jovem
francês que impressionou
vivamente o coronel Tibodo, apesar de
ele já ter assistido à morte de milhares de
prisioneiros. Mas este prisioneiro era diferente. “Marcelo
tinha o olhar de um santo”,
repetirá depois o coronel com insistência e emoção.
Quem
era aquele recluso de 23 anos? Marcelo Callo,
o segundo de nove filhos de um casal profundamente cristão,
nasceu em Rennes (França), a
6
de Dezembro de 1921.
Por causa das precárias condições de família,
aos 13 anos deixa os estudos e começa a trabalhar como
aprendiz de tipógrafo. Um ano antes tinha sido admitido nos
escuteiros e em 1936 inscreveu-se na Acção Católica.
Estas duas associações marcaram profundamente a alma de
Marcelo.
Tornaram-no mais atento às necessidades dos outros e
inspiraram-no a ser missionário. Movido pela graça
divina e pelo desejo de ser apóstolo, não hesita em dar
o passo decisivo que o levará, sem ele suspeitar, ao martírio
e às honras dos altares.
Com a invasão da França
pelas tropas hitlerianas durante a segunda guerra mundial, milhares
de jovens franceses foram convocados para trabalhar nas fábricas
de armas na Alemanha.
Marcelo
ofereceu-se
para ir em vez de seu irmão, que se preparava para o
sacerdócio. Além disso, desejava ser apóstolo
entre aqueles que o seguiam, como ele próprio declarou em
carta para uma tia: “Não
é como trabalhador que eu parto, mas sim como missionário”.
Deixou pai, mãe e noiva, que tanto amava. No novo posto de
trabalho, começou imediatamente a organizar a Acção
Católica. Por mais cautelosamente que o fizesse, veio a ser
descoberto e foi preso com vários companheiros, no dia
29
de Abril de 1944.
No campo de concentração mais razão havia para
ser apóstolo entre os infelizes companheiros.
Movido por
caridade sobrenatural, fazia tudo o que podia para aliviar os mais
necessitados. A sua atitude irritou terrivelmente os chefes nazis,
que a 22 de Outubro o removeram para “Mathausen”,
denominado campo da morte. Ali de tal modo o vezaram por todas as
formas e feitios que veio a falecer cinco meses depois. Os carrascos,
todavia, não conseguiram que
Marcelo
se
irritasse contra eles. É que à força de oração
continuada, o
Servo
de Deus
havia
alcançado os frutos do
Espírito
Santo
que,
segundo
S.
Paulo,
são: “caridade,
alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, temperança”
(Gl
5, 22-23).
Marcelo
morreu a sorrir.
Foi
beatificado por
S. João
Paulo II,
no dia
4
de Outubro de 1987. |