Nasceu
em Fontainebleau (França) e foi baptizada a 13 de maio de 1734. Dois
anos antes tinha nascido um irmão seu que morreu ao fim de uns
meses, de tal forma que o nascimento de Maria Ana encheu de alegria
toda a família. Mas o pai morreu no mês seguinte e, assim, Maria Ana
conheceu o sofrimento desde muito pequena.
Não
se sabe nada dos anos que passou com a família nem da origem da sua
vocação. Aos 27 anos começou o postulantado com as Filhas da
Caridade e a 25 de Setembro de 1761 ingressou no Seminário de Paris.
Desconhece-se a data em que chegou a Angers, para trabalhar no
Hospital S. João.
Provavelmente já lá estava quando ocorreu a Revo-lução francesa que
teve seu início verdadeiro a 14 de Julho de 1789, com a tomada da
Bastilha.
Maria Ana Vaillot e Odília Baumgarten. |
Depois
deste feito histórico — que não augurava o que depois iria acontecer
de triste e de horrível —, os ideais de uns e de outros foi mudando
rapidamente e aquilo que segundo escreveram diversos historia-dores,
devia ser uma revolução para acabar “com os privilégios”,
tornou-se numa revolução “fundamen-talmente ateia”, que
“se propagou de forma violen-ta em todo território”, chegando-se
mesmo, não lon-ge onde então vivia Maria Ana Vaillot, a praticar
massacres apenas verosímeis: “afogamentos em massa: homens,
mulheres e crianças, nus, foram amarrados juntos em botes
especialmente cons-truídos, que foram rebocados para o meio do rio
Loire e, então, afundados”.
Para
melhor assentar os seus intentos, os revolucionários — como muito
bem diz outro historiador —, criaram novas “leis revolucionárias
que subvertiam a ordem antiga em nome dos princípios de liberdade,
igualdade, fraternidade”. Não é portanto de admirar que o Papa
Pio VI interviesse firmemente. Na sua Encíclica Inscrutabile
Divinae Sapientiae, de 25 de Dezembro de 1775, podemos ler:
“Estes perfidíssimos filósofos acometem isto ainda: dissolvem todos
aqueles vínculos pelos quais os homens se unem entre si e aos seus
superiores e se mantêm no cumprimento do dever. E vão clamando e
proclamando até à náusea que o homem nasce livre e não está sujeito
ao império de ninguém; e que, por conseguinte, a sociedade não passa
de um conjunto de homens estúpidos, cuja imbecilidade se prosterna
diante dos sacerdotes (pelos quais são enganados) e diante dos reis
(pelos quais são oprimidos); de tal sorte que a concórdia entre o
sacerdócio e o império outra coisa não é que uma monstruosa
conspiração contra a inata liberdade do homem.”
O mesmo
e corajoso Papa dirá ainda, no mesmo documento:
“A
esta falsa e mentirosa palavra Liberdade, esses jactanciosos
patronos do género humano atrelaram outra palavra igualmente falaz,
a Igualdade. Isto é, como se entre os homens que se reuniram em
sociedade civil, pelo facto de estarem sujeitos a disposições de
ânimo variadas e se moverem de modo diverso e incerto, cada um
segundo o impulso de seu desejo, não devesse haver alguém que, pela
au-toridade e pela força prevaleça, obrigue e governe, bem como que
chame aos deveres os que se conduzem de modo desregrado, a fim de
que a própria sociedade, pelo ímpeto tão temerário e contraditório
de incontáveis paixões, não caia na Anarquia e se dissolva
completamente; à semelhança do que se passa com a harmonia, que se
compõe da conformidade de muitos sons, e que se não consiste numa
adequada com-binação de cordas e vozes, esvai-se em ruídos
desordenados e completamente dissonantes”
Foi
durante esta triste revolução que “contagiou a vários países da
Europa”, que Maria Ana Vaillot — e mui-tas outras
religiosas — tendo recusado de negar a sua fé e de abandonar o seu
estado religioso, foi fuzilada no “Campo dos Mártires”, no dia 1 de
Fevereiro de 1794.
Foi
beatificada a 19 de Fevereiro de 1984.
Composição, segundo diversas fontes, de Afonso Rocha. |