Antecedentes
Madre
Maria Catarina Troiani, nascida em Giuliano de Roma - Itália em 19
de janeiro de 1813, levada a pia
baptismal recebeu o nome de
Constância Domínica Antónia Troiani. Precocemente dedicou-se a
oração e à busca de sua vocação corajosa.
No
seu diário ela anota aos 17 anos:
“Meu
Jesus (...) venho humildemente dizer-te aquilo que me sinto
inspirada a fazer por teu amor. ...
Estar pronta a fazer por ti todos os sacrifícios, especialmente
aqueles quotidianos, que são os que mais custam...
Mortificar as pequenas satisfações ainda que lícitas...
Suportar em silêncio as pequenas dores,... executar pontualmente os
meus deveres”.
Apontamentos que revelam a fé materializada na vocação religiosa. No
dia 8 de dezembro de 1829, festa da Imaculada Conceição, Constância
realiza seu maior desejo e veste o hábito franciscano. — “Não te
chamarás mais Constância, mas Maria Catarina de Santa Rosa de
Viterbo”.
Em 16
de dezembro de 1830, antes de completar 18 anos consagra-se
definitivamente ao Senhor, oferecer-se a Ele e lhe promete viver por
toda existência em obediência, pobreza, castidade, enclausurada na
comunidade de Santa Clara da Caridade em Ferentino, Itália.
Antes
de atender ao chamado missionário Irmã Catarina desempenha
importante papel na comunidade de Ferentino como professora e
directora do pequeno educandário, vigilante em melhorar a si mesma e
o seu relacionamento com Deus. Irmã Catarina defende com veemência,
a fisionomia franciscana da comunidade religiosa e, assim, a Regra e
as Constituições, permeadas pelo espírito de São Francisco e de
Santa Clara, são aprovados pela Igreja.
A
missão missionária nasce e cresce, a vontade de levar o evangelho
para além mar faz de Irmã Catarina protagonista de uma história
admirável no Egipto. Nas pegadas de Frei Guiseppe Modena de S. Remo
que após realizar um trabalho de evangelização no oriente propõe a
abertura de outra Comunidade religiosa.
O tempo
passou. Em 1859 partem da Itália seis missionárias rumo ao Egipto
com a bênção do Papa Pio IX. Acompanha-as Frei Giuseppe Modena e a
abadessa Irmã Aloisia Casteli.
Irmã
Maria Catarina Troiani tem 46 anos de idade. Desembarcam em
Alexandria. Em setembro, seguem para o Cairo para trabalhar na
paróquia de Muski em Clot-Bey um dos bairros mais pobres da cidade
do Cairo.
“O espírito empreendedor e activo de Irmã Maria
Catarina não pode ser contido no estreito âmbito de Clot-Bey. No
prazo de poucos anos, as casas e as actividades apostólicas se
multiplicam por todo Egipto.
É como um acender-se de chamas: uma escola em
Balacco, bairro do Cairo, escolas, pensionatos e dispensários nas
cidades de Mansura, Damiata, Kafr-el-Zaiat, Ismailia.
Mais
tarde outras escolas e orfanatos em Malta, Alexandria do Egipto,
Jerusalém. A caridade cristã se faz no acolhimento de recém
nascidos, na instrução de meninos de qualquer cor, nacionalidade,
religião ou nível social, sobretudo pobres e abandonados”.
Também
na Itália, Irmã Maria Catarina abre casas em Roma, em Montefiascone,
em Bórnio e em Milão, onde aceita numerosas aspirantes à vida
missionária. De fato, muitas jovens provenientes do Oriente e da
Europa entraram para fazer parte das FRANCISCANAS DO EGIPTO, atraídas
pelo fervor e dedicação das irmãs, pela vida estritamente pobre e
alegre, pela perfeita união entre elas, apesar da heterogeneidade de
nacionalidade e de cor. A maior prova do zelo apostólico e da
caridade de Madre Maria Catarina são duas obra missionárias sociais,
as quais dedica a riqueza do seu coração materno a obra dos
mourazinhos e dos recém nascidas abandonadas.
Os
sacerdotes dom Biaggio Verri e Dom Giovanni Battista Olivieri e Irmã
Maria Catarina protagonizaram a obra de resgate de jovens mouras do
tráfico escravo. Foram 22 anos a partir de 1860. Simultaneamente os
recém nascidos frutos do abandono e da prostituição tiveram asilo,
alimento e educação na obra de Irmã Catarina.
O
provimento financeiro e material da manutenção das instituições
somente a Providência pode explicar. São Francisco, São José, Maria
Santíssima assistem no plano espiritual as necessidades que aparecem
Papas, reis, imperadores, ministros, homens importantes que se
enamoram da grande acção humanitária dessa pequenina mulher e se
transformam em seus benfeitores, inclusive de outras religiões como
o Paxá turco Ismail que faz importantes doações para o obra de Maria
Catarina.
“A multiplicação das obras e actividades faz-se bem
depressa, causando atritos e incompreensões com a Comunidade
Religiosa de Ferentino. Isso, talvez, seja a causa providencial,
preparada por Deus para dar vida a um novo instituto; é o Espírito
Santo que sopra onde quer os seus carismas para enriquecer a Igreja.
Os
contrastes mais evidentes nascem do facto que a Regra e as
Constituições das Irmãs de Ferentino se revelam logo inadequadas às
exigências da vida religiosa em missão. De Ferentino chega o
ultimato: voltar à comunidade de origem ou se separar dela. É para
Irmã Maria Catarina e para suas irmãs uma das maiores provas. A
separação é inevitável. Irmã Maria Catarina encoraja as
companheiras: — Ficai tranquilas, virá o dia em que nossas co-irmãs
pedirão para se unirem a nós”. Trinta anos depois, em 1895, as
religiosas de Ferentino pediram e foram aceitas no Instituto das
Franciscanas Missionárias do Egipto.
Evidentemente o trabalho de ter o reconhecimento para a missão é
longo e moroso. Enfim, fundada na caridade fraterna estabelece-se os
fundamentos para novo impulso e desenvolvimento da missão. “Irmã
Maria Catarina empenha-se a tal ponto que com o decreto de 5 de
julho de 1868, o Instituto das Franciscanas Missionárias do Egipto é
um facto consumado”.
Irmã
Maria Catarina permanecerá em sucessivas eleições, até a sua morte
como superiora geral. Em janeiro de 1887, Madre Maria Catarina
completa 74 anos de idade. O coração cede e as pernas, todas cheias
de varizes inflamadas incham. Passa os dias da Semana Santa em
fervor de espírito extraordinário. Resiste em pé até a tarde de
Páscoa para não atrapalhar a alegria de suas filhas, por ocasião da
Páscoa da Ressurreição, depois põe-se na cama para não mais se
levantar.
Recebe
os sacramentos na aurora deste último dia de vida, Madre Maria
Catarina Troiani deixa, docemente a terra. São 11 horas do dia 6 de
maio de 1887. Morreu sem nunca ter abandonado suas convicções.
Esvaziou-se de si para encher-se do amor de Cristo, para fazer-se
alimento aos irmãos vizinhos e distantes. Não reservou nada para si,
tudo doou.
*****
Resumo
do Livro “Catarina Troiani – Fundadora do Instituto das Irmãs
Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria, feito por
Carlos Alberto Cerchi é membro da Academia de Letras do
Triângulo Mineiro e autor de Memória Fotográfica de Sacramento.
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