A diocese de Liege
celebra a festa de Santa Maria de Oignies,
uma mulher
de virtude e de
admirável santidade. Ela era natural de Nivelle,
filha de
pais que não
não faziam parte da alta sociedade no mundo,
se
bem
que
ricos.
Desde a sua juventude,
ela nutriu um tal desprezo
pelos prazeres em que normalmente se envolvem as
pessoas que não sentem necessidades, que ela não se importava nem
dos
enfeites naturais
para as jovens,
nem da
amenidade das companheiras da sua idade. Nada mais lhe
agradava tanto como a solidão,
onde ela se consagrava
inteiramente à
meditação sobre as
coisas divinas.
Mas os seus pais incomodavam-na
frequentemente, e muitas vezes procuravam desviá-la
dos seus intentos com zombarias.
Por
isso mesmo aconteceu, quando ela completou os seus catorze anos, que
eles a casassem a um jovem proveniente duma excelente família, que
também possuía grande fortuna e que se chamava João.
Esta
decisão foi para Maria ocasião de grande aflição, pois ela
preferiria consagrar a sua virgindade ao seu divino Esposo: mas ela
pensou acolheria com amor a sua obediência aos pais talvez mais do
que o sacrifício que ela pudesse fazer pela sua consagração
virginal. Por isso mesmo ela prometeu continuar enquanto esposa a
dar a Deus as mesmas graças e orações, como se tivesse continuado
solteira e consagrada. Aliás, ela sentia como consolação a esperança
de poder continuar, talvez mais livremente a servir Deus, pensando
que lhe seria fácil ganhar a afeição de seu marido e fazer com que
este concordasse com as suas maneiras de ver, deixando-a continuar
as suas devoções habituais de quando solteira.
E,
graças a Deus, assim aconteceu, conforme a sua esperança e sincero
desejo: ela adquiriu um tal poder sobre o espírito do marido que ela
continuou as suas devoções como antes e ainda com mais fervor do que
antes. De ordinário, não se contentando dos seus piedosos exercícios
diurnos e, depois de passar uma parte da noite na prática de
trabalhos manuais, dedicava outra parte da mesma à oração e por fim
deitava-se aos pés da cama, para descansar um pouco. Tanto assim que
o marido, verdadeiro José para uma verdadeira Maria, como por
instinto divino, acabou por consentir que ela continuasse pura, sem
que qualquer relação entre eles viesse perturbar esta paz, este
amor, esta virgindade. Mais ainda, João compreendeu tão bem o desejo
íntimo de sua esposa que, de comum acordo, venderam os seus bens e
juntos começaram a ocupar-se dos leprosos em Villembrock e em
Nivelle.
Esta
brusca mudança teve como consequência que tanto Maria como João
foram abandonados pelas suas famílias respectivas, o que não teve
qualquer influência na missão que ambos se tinham fixado, para
melhor servir Jesus Cristo e obterem a salvação das suas almas.
Maria
praticava o jejum e raramente comia peixe, não bebendo senão água.
Maria
recebeu do Senhor um certo número de carismas, entre os quais o dom
das lágrimas a tal ponto que os seus olhos, certas vezes, pareciam
verdadeiras fontes. Um dia, um sacerdote convidou-a a abster-se de
chorar assim, e aconteceu algo de inesperado: os olhos do sacerdote
começaram a verter abundantes lágrimas quando celebrava a Santa
Missa, a tal ponto que a toalha do altar ficou completamente
molhada.
Os seus
rigores e abstinências obtiveram de Jesus que ela beneficiasse
também de visões celestes, particularmente do seu Anjo da Guarda que
lhe aparecia regularmente e a aconselhava. Teve igualmente várias
vezes, a “visita” de São João evangelista que se apresentando a ela,
lhe oferecia manjares celestes.
Maria
de Oignies tinha pela Virgem Maria uma grande devoção e não
hesitava, mesmo durante os rigores do inverno, a visitar um dos seus
Santuários, mesmo quando este ou aquele se encontrasse distante. Ele
peregrinava descalça, em espírito de penitência.
Por fim
contraiu uma doença que longa e dolorosamente a vitimou. Ela voou
para a Casa do Pai no dia 23 de Junho de 1213, depois de ter
recebido os Sacramentos da Santa Igreja.
O seu
corpo foi enterrado na igreja de São Nicolau de Oignies, onde
numerosos milagres foram constatados no decorrer dos tempos.
Afonso
Rocha |