A obra
que fui convidado a prefaciar fascinou-me pelo tema, pelos
protagonistas e pela descoberta a cada página de um género literário
raro em obras de cariz religioso.
Com
efeito, este trabalho transcende a biografia, ultrapassa a
historiografia e sobrepõe a teologia, arrebatando-nos para uma
viagem de paixão.
Qualquer viagem tem um início, e esta têm-no no momento da
Encarnação, quando Maria se transforma no primeiro Sacrário,
prosseguindo até hoje, até cada ocasião em que um Sacerdote consagra
as espécies que então passam a ser Cristo presente em Corpo, Sangue,
Alma e Divindade.
Destinada a um leitor atento e que se pretende manter informado, não
se aprofundam dogmas, mas realçam-se as suas eficácias e realidades.
É por
isso uma obra de extrema actualidade e importância, e a ilustrar
esta verdade detenhamo-nos na promessa de Jesus à Beata Alexandrina:
“Minha
filha, minha esposa querida, faz com que Eu seja amado, consolado e
reparado na minha Eucaristia. Diz em Meu Nome que todos aqueles que
comungarem bem, com sincera humildade, fervor e amor em seis
primeiras quintas-feiras seguidas e junto do Meu Sacrário passarem
uma hora de adoração, e íntima união comigo lhes prometo o Céu. É
para honrarem pela Eucaristia as Minhas santas Chagas, honrando
primeiro a do Meu sagrado Ombro tão pouco lembrada. Quem isto fizer,
quem às Santas Chagas juntar as dores da minha Bendita Mãe, e em
nome delas nos pedirem graças, quer espirituais, quer corporais, Eu
lhas prometo; a não ser que sejam de prejuízo à sua alma. No momento
da morte trarei comigo Minha Mãe Santíssima para as defender. (S.
25-02-1949)
Não se estranha a existência de
um paralelo com as aparições de
Nossa
Senhora em Fátima, onde igualmente pede reparação, ficando patente
que da mesma fonte não podem derivar águas díspares.
É porém no campo biográfico que
vamos descobrir as escolhas que no caso das Obras de Deus nunca são
devidas ao acaso, e envolvermo-nos na fundação e objectivos das
“Marias dos Sacrários-Calvários” embora a sua dinâmica se demonstre
logo nas primeiras páginas.
Fala-se aqui de santidade e
reparação e estes são temas transversais a cada capítulo como que a
lembrar-nos da tristeza que Jesus sente por tanto abandono dado em
retribuição ao imenso amor em que nos mergulhou com a Sua
misericórdia.
Há um clamor que sai das
palavras de Jesus dirigidas á Beata Alexandrina e por extensão a
cada um de nós, não como um convite, mas já como súplica.
Ao autor, Afonso Rocha, deixo
uma palavra de gratidão por este trabalho que vem enriquecer a sua
já importante bibliografia onde pontifica sempre um único propósito:
dar a conhecer o amor que Deus nos transmite e o valor que atribui a
cada alma.
É pois com este agradecimento
que a todos convido a partir nesta viagem por um caminho que conduz
ao céu mediante os méritos d’Aquele que do céu desceu e que se faz
presente no meio de nós em cada Sacrário, mesmo nos Sacrários
abandonados.
Rui Manuel Tapadinhas Alves |