Maria
do Egipto foi canonizada como penitente porque escolheu essa forma
de expiar os pecados cometidos
numa
vida de vícios mundanos. Entregou-se muito jovem ao mundo dos
prazeres, sem regra nem moral. Ela
morreu em 431, mas temos sua
confissão feita no deserto, um ano antes de morrer, ao monge Zózimo,
também ele canonizado mais tarde. Nessa ocasião, ainda estava
vagando penitente pelo deserto, era já uma senhora e contou ao monge
sua história. Disse que fugiu de casa aos doze anos e se instalou em
Alexandria, no Egipto, vivendo de sua beleza e sedução, arrastando
dezenas de almas ao torvelinho do vício. Vida que levou durante
dezassete anos, até o dia de sua conversão, que ocorreu de forma
muito significativa.
Por
diversão e curiosidade fútil, Maria decidiu acompanhar os romeiros
que se dirigiam à Terra Santa para a "Festa da Santa Cruz". Ao
chegar à porta da igreja, entretanto, não conseguiu entrar. A
multidão passava por ela e ia para o interior do templo sem nenhum
problema, mas ela não conseguia pisar no solo sagrado. Uma força
invisível a mantinha do lado de fora e, por mais que tentasse, suas
pernas não obedeciam a seu comando.
Ela
teve, então, um pensamento que lhe atingiu a mente como um raio. Uma
voz lhe disse que seus pecados a tinham tornado indigna de
comparecer diante de Deus, o que a fez chorar amargamente. Dali onde
estava, podia ver uma imagem de Nossa Senhora. Maria rezou e pediu à
Santíssima Mãe que intercedesse por ela. Prometeu viver na
penitência do deserto o resto da vida, se Deus a perdoasse naquele
momento. No mesmo instante, a força invisível sumiu e ela pôde,
enfim, entrar.
Após
ter confessado e comungado, a ex-mundana tornou-se totalmente uma
penitente religiosa, vivendo já havia quarenta e sete anos no
deserto, rezando e se alimentando de sementes, ervas e água.
Retirou-se do mundo completamente. Um dia antes de morrer, foi
encontrada, pelo monge Zózimo, andando sobre as águas do rio Jordão.
Ele inicialmente julgou tratar-se de uma miragem, pois estava
cumprindo a penitência da Quaresma, como era seu costume. Mas foi
tranquilizado por essa idosa penitente, Maria, que, depois dessa
confissão, lhe pediu a eucaristia. Voltou para o deserto, onde
faleceu no dia seguinte.
A morte
de Maria só foi descoberta um ano depois, quando o monge, na mesma
época, foi visitá-la novamente. Encontrou-a morta na solidão, mas
seu corpo estava perfeitamente conservado. Apesar de parecer apenas
uma tradição católica, no deserto do Egito foi encontrada uma
sepultura contendo um corpo incorrupto de uma certa penitente de
nome Maria, justamente no lugar indicado pelo santo monge, com
anotações que correspondem a esse episódio.
Santa
Maria do Egipto é celebrada pelos católicos orientais e ocidentais
no dia 2 de abril, data que ela deixou anotada como sendo da sua
morte, e que corresponde à data indicada também por são Zózimo.
http://www.paulinas.org.br/ |