DÉCIMO OITAVO
DIA
Agonia do Sagrado Coração de Jesus no Jardim das Oliveiras
Ainda
que a vida inteira de Nosso Senhor tenha sido uma Cruz e martírio
contínuos, pela previsão dos males que havia de sofrer por amor do
género humano, pode-se, todavia, dizer que o mais doloroso instante
desta vida de amarguras foi aquele em que reuniu ao mesmo tempo
todos esses males em seu Coração pela viva e profunda consideração
da intensidade das penas que o aguardavam durante aquela agonia de
três horas no Jardim das Oliveiras.
É
aí que as almas dedicadas ao divino Coração devem ir considerá-lo
todos os dias, e medir a profundidade de seu amor! Os padecimentos
físicos de sua Paixão foram de alguma forma lenitivo para a sua dor,
satisfação para o seu amor; aqui, porém, Jesus sofre intensamente, e
não permite a nenhum pensamento adoçar-lhe as angústias.
Renuit consolari anima mea
(Sl 16,4). Consideremos, pois, quais foram seus sofrimentos nesta
cruel agonia.
Primeiro sofrimento do Coração de Jesus: A compaixão do seu Pai;
Deus é amor, Deus charitas est,
nos diz o Após-tolo a quem Jesus amava. Ó definição digna de São
João, e digna do Coração de Jesus, onde foi aquele buscá-la durante
o repouso cheio de luz que gozou, recostado no peito do divino
Mestre.
Este
Deus de amor nos amou com eterno amor; ab
eterno nós ocupamos seu pensamento e
entramos nos desígnios de sua misericórdia:
In charitate perpetua dilexi te
(Jer 31,3). Quando o homem, pecando, perdeu todos os
dons que lhe reservava sua bondade, Deus ainda mais liberal, amou-o
até dar-lhe seu Filho único, objecto de suas complacências e
afectos, até o ponto de entregar seu divino Filho à morte mais
dolorosa e ignominiosa para salvar o homem pecador.
Dar Seu
Filho é mais que dar-se a si próprio; assim é que o divino Pai se
teria voluntariamente sacrificado Ele pró-prio, se assim o houvesse
julgado conveniente. O mundo, porém, desconhecendo este amor
incompreensível, não quis crer nele, e o esqueceu:
Nondum crediderunt charitate.
Quem, na realidade, medita este admirável prodígio de amor, espanto
dos Anjos e Santos do Céu? Quem o aprofunda? Quem o reconhece, ao
menos quanto à criatura é possível? Se a Deus ninguém se pode
comparar na extensão do amor paterno, assim também nunca filho algum
amou tão ternamente o pai como Nosso Senhor a seu Eterno Pai, em sua
agonia, pois o Coração de Jesus se condoía sobretudo deste
incomparável amor, ultrajado pela ingratidão e inúmeros crimes com
que os homens pagaram a imensa caridade de Deus Pai para com eles.
Segundo
sofrimento do Coração de Jesus: a compaixão pelas dores de sua Mãe.
Para dizer o que sofreu Maria Santíssima durante a dolorosa Paixão
de seu divino Filho, mister seria haver penetrado em seu coração.
Só ela
sentia toda a amargura dos escárnios, insultos e blasfémias
proferidas contra Jesus.
Ouvia
os suspiros, os gemidos, as derradeiras palavras de seu Filho; via-o
desamparado de seu Pai, estendido, cravado na Cruz, expirar na mais
cruel agonia.
Prática
Fazei
com fidelidade a devoção da Hora Santa, a qual Nosso Senhor ensinou
a Santa Margarida Maria.
Oração
jaculatória
Quem me
dera penetrar no interior de vosso Coração, ó Jesus!.
3
vezes:
Divino
Coração de Jesus, tende piedade de nós.
Coração Imaculado de Maria, rogai por nós. |