VIGÉSIMO NONO
DIA
Segundo meio de obter a devoção ao Sagrado Coração de Jesus
A COMUNHÃO
FREQUENTE
A
devoção ao Sagrado Coração de Jesus é exactamente um exercício de
amor. Basta saber o que é comungar para compreender que não há meio
mais seguro para de súbito incendiar-se alguém nas chamas do amor de
Jesus
Cristo
do que aproximar-se com frequência deste divino Sacramento. Diz o
Sábio: “Não é possível trazer fogo den-tro de si sem queimar-se”.
Este fogo sagrado é a adorável Eucaristia, que, no dizer de São
Bernardo, é o amor dos amores.
Vamos,
pois, com frequência a esta fonte de todos os bens; aí unidos e
incorporados a Jesus Cristo, autor da graça, vê-la-emos fluir todos
os dias sobre nós com profusão sempre nova; aí, nossas paixões,
insensivelmente amor-tecidas, desaparecerão afinal; o pendor de todo
o mal que nos é inato, converter-se-á em doce atractivo para todas
as virtudes, cujo santuário é o Coração de Jesus, que delas exemplo
nos dá neste Sacramento. Aí, possuindo, se bem que oculto a nossos
olhos, o tesouro do Céu, receberemos o penhor da eterna
bem-aventurança, prometida aos que dignamente se aproximam deste
Sacramento de amor; porque de nada carece para a sua salvação e
perfeição, quem possui a Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento; de
forma que, em aca- bando de comungar, pode a alma fiel dizer, como
Santa Madalena de Pazzi: “Tudo está consu-mado”.
Este
celeste alimento contém todos os bens e depõe na alma todas as
graças, dons, virtudes, de sorte que o fiel que dele goza nada mais
tem a desejar.
Ah!
quantas graças perdemos, não comungando com mais frequência! Os
fiéis da Igreja primitiva comungavam todos os dias, mas também qual
não era a fé e o fervor deles!
Oxalá
soubéssemos que pena causamos ao Coração de Jesus pela nossa
indiferença para com a Santa Eucaristia! Disse um dia o Divino
Salvador a Santa Margarida Maria: “Tenho
ardente sede de ser adorado pelos homens no Santíssimo Sacramento; e
não encontro quase ninguém que se esmere por saciar-Me o desejo”.
Não
sejamos do número destas almas ingratas; cheguemo-nos à Sagrada
Comunhão com a disposição de desagravo, é este o meio de compensar
Jesus Cristo, e ganhar Seu Coração.
Mas se
já temos a felicidade de comungar frequentemente, ah! por que não
faremos melhor uso de tão precioso meio de perfeição e salvação?
Sempre
os mesmos depois de tantas comunhões! Qual o motivo por que,
animados de fé e confiança não nos lançamos aos pés de Jesus Cristo,
realmente presente em nós, e não Lhe dizemos do íntimo do coração:
"Não, Senhor, não Vos deixarei ir, antes que me abençoeis; não me
levantarei, senão depois que me tiverdes dado a força para dominar
as inclinações que tantas vezes de Vós me afastam; se não, depois
que me houverdes infundido desejo eficaz e insaciável de tudo fazer
e tudo sofrer por vosso amor, e cumprir a toda hora e em todas as
ocasiões a vossa santa vontade”. Digamos, enfim, que a sua glória
está empenhada em tornar digno dele um coração que transformou em
santuário Seu.
O que
pode Jesus recusar-nos, depois de Se nos haver dado todo inteiro?
Prática
Esforçai-vos por tornar-vos dignos de comungar com frequência, e não
esqueçais que da preparação e acção de graças depende todo o fruto
deste grande ato
Oração
jaculatória
Quem me
dará essa carne divina, a carne do meu Senhor, para dela
alimentar-me?
3
vezes:
Divino
Coração de Jesus, tende piedade de nós.
Coração Imaculado de Maria, rogai por nós. |