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Capítulo 14

TREVAS DENSAS COM INTERMITÊNCIAS DE LUZ

1938

As lutas diabólicas com agressões corporais cessaram de facto para sempre; nunca mais o demónio lhe tocou até à morte. Mas o inimigo não desarma e há de até ao fim, por todos os outros meios ao seu alcance, combater a heróica vítima.

Por isso, neste ano de 1938, vemo-la ainda frequentemente atormentada com dúvidas pertinazes e sugestões de desespero.

O demónio continua numa raiva feroz contra mim – escreve a 17.2.38 – Eu digo, ou antes, é o demónio quem diz:

Estou condenada, tenho a certeza que estou condenada. Que monstro horroroso eu sou no meio do inferno! Eu não creio em nada que aquele bandido me diz (bandido é o meu Paizinho).

E eu então disse a Nosso Senhor:

Creio em tudo, meu Jesus; sois Vós quem falais nele.

A 24.3.38:

O demónio, além das dúvidas que me traz para me assustar, dos nomes e das coisas feias que me diz, vem-me muito mansinho com vaidades, com grandezas, como se eu pudesse atribuir estas coisas a mim mesma. Mas graças ao meu querido Jesus, que me dá bem a conhecer a minha miséria, a minha pobreza, que de mim própria nada tenho.

O dia de sexta-feira e sábado (carta de 25.7.38) foram tremendos. O demónio continuou a desempenhar o seu papel. Não achava graça a nada, estava dura, nada me comovia.

E acrescenta o que o inimigo lhe sugeria:

Ainda tu desapareças que nem os cabelos te apareçam! Ainda leves o caminho que leva o fumo.

Eu com muito custo, dizia: ó meu Jesus, eu amo-Vos, sou a vossa vítima!

Mas logo sentia o contrário: não sou vítima, não amo!

Eu dizia: Sagrado Coração de Jesus, eu tenho confiança em Vós!

Mas logo o contrário: Não tenho; odeio a toda a Igreja. Sei que estou condenada e estou!...

O meu Paizinho bem deve calcular como tudo isto me fez sofrer.

Mas outra variedade de sofrimento vem agora mais intensamente a purificar e imolar a vítima: por um lado as ânsias de amor cada vez mais intensas e muitas vezes aflitivas. É o que diz São João da Cruz quando escreve:

Às vezes cresce muito a inflamação de amor no espírito; as ânsias por Deus são tão grandes na alma que parece se lhe secam os ossos nesta sede e se murcha o natural e se estraga o seu calor e força, pela viveza da sede de amor, porque a alma sente que é viva esta sede de amor. (ob. cit., pág. 433)

Fale a Alexandrina:

As ânsias de amar a Nosso Senhor continuam, mas sempre com um freio a segurá-las.

No dia 15 (15.2.38), no meio da minha grande aflição, ia desabafando em ais. Sentia necessidade de me lançar ao pescoço de alguém e ouvi que Nosso Senhor me dizia:

— Anda, minha filha, repousar no teu Jesus; entre Mim e a tua Mãezinha do Céu estás bem guardada, bem defendida. Confia no teu Jesus, no teu Esposo, no louquinho de amor pela esposinha querida, pela Alexandrina.

Minha filha, para ti o dia raiou cheio de luz, candura e pureza. Agora está o Sol-posto a declinar. É noite escura, trevas intensas. Mas breve raiará de novo, mas com que resplendor, com que pureza e candura, com que luz para brilhar eternamente!

Logo que ouvi Nosso Senhor, fiquei bem. Parece que até a minha cabeça repousava em Nosso Senhor; a minha alma ficou em paz por algumas horas.

E daí a um mês, 16.3.38:

Todo o dia tive o meu coração numa fornalha ardente no amor do meu Jesus. À noite deram-me umas ânsias muito fortes de O amar. Não pude passar sem as dar a conhecer; viu também minha mãe. Eu não queria ser vista, mas também quero que ela ame muito, muito a Jesus.

Hoje continuo a sentir o coração na mesma fornalha de amor. Comunguei, mas... fiquei tão fria, tão tíbia! Mal sei explicar-me. Sentia um vazio tão grande em mim que não havia nada que o enchesse. O tempo ia-se passando e eu naquela aflição... Por fim, falou-me Nosso Senhor:

— Minha filha, belo anjo, pérola resplandecente, estrela brilhante que fazes brilhar toda a coroa do teu Esposo, diz ao teu Paizinho:

Eu que quero que ele conheça bem o amor com que tu me amas, para o dar a conhecer ao mundo, porque é de muita glória para Mim e proveito para as almas.

Eu quero que ele conheça bem o que tu és para mim, que és a minha esposa mais querida...

E termina esclarecendo:

A minha alma estava toda iluminada e a tanta distância só era luz. Recebi as costumadas carícias de Jesus e disse-me:

— Vai, vai, minha filha, bem cheiinha do teu Jesus e da minha divina luz para combateres.

Por algumas horas, toda a fome me foi saciada. Estava cheia, bem cheia. Que alegria, que paz eu sentia na minha alma! Só queria que os pecadores experimentassem a paz que eu sentia; a bondade e o amor do nosso Jesus. Estou certa que não O ofenderiam.

Às vezes dava-se com a Alexandrina, como remate dessas ânsias, o que Santa Teresa de Jesus chama o voo de espírito e a Alexandrina chama-lhe foguete.

Quando sinto muitos desejos de amar a Nosso Senhor, parece-me subir para o Céu, mais rápido do que um foguete (11.7.38). Vou para os braços do meu querido Jesus e da minha querida Mãezinha, perco-me neles. Não tenho mais aflição; acabam-se-me as ânsias de amor: encontrei tudo o que podia encontrar.

Dá-me um pouquinho de alívio, mas depressa vêm os sofrimentos, o estado aflitíssimo da alma. Ainda há pouquinho tempo, já desde que estou a ditar esta carta, eu sentia sobre mim todos, todos os pecados do mundo. Parece que se lançavam a mim leões e mais animais ferozes.

E eis aí indicado, nestas últimas palavras da Alexandrina, nova tortura que lhe dará imenso que padecer até ao fim da vida; aliás já a este sofrimento nos referimos anteriormente e ele é bem característico das grandes vítimas.

Numa preciosa carta de 6.6.38, encontramos esta passagem:

Tenho umas coisas tanto ao vivo na minha alma! Parece-me que não podem estar mais. Dão-me tanto, tanto que sofrer, por me parecer que lhes não posso valer. São os pecadores! O meu Jesus ser ofendido! Oh, que peninha eu tenho! E estar sozinho no Sacrário! Ai, ai, o meu Jesus! Eu quero estar, sempre, sempre com Ele. E parece que não estou; sofro muito com isto. Paciência; é pelo seu amor.

Um mês mais tarde, a 3.7.38:

Ai, ai, como a minha alminha sofre! Eu sinto tão ao vivo a tristeza de Jesus. Como Jesus chora! É como lhe disse no dia da Missa. Eu queria-O consolar; estou tão seca, tão só. Como O hei de consolar? O coração oprime-se. Por vezes parece não me deixar respirar. É tal a aflição da minha alma, a revolta que nela sinto, que me obriga a desabafar dizendo a Nosso Senhor:

— Ó meu querido Jesus, só com muita confiança e com o vosso divino auxílio eu posso viver assim. Mas eu quero sofrer tudo por vosso amor e para vos salvar as almas.

Outras vezes parece que morro com tanta fome, com tanta sede, com tantas saudades do Céu. Quase me parece insuportável todo este sofrimento.

Com muito custo, é certo, mas digo:

— Mais, meu Jesus, mais, mais e sempre mais. Contanto que me deis amor, amor para morrer de amor e toda queimadinha de amor!

Há um pecadinho que eu sentia que Nosso Senhor chorava na minha alma e eu disse-lhe:

— Ó meu Jesus, não choreis. Deixai-me que vos limpe as lágrimas; deixai-me chorar por Vós.

Ele então deixou de chorar e eu fiquei mais levezinha um pouquinho. Mas depressa voltei ao mesmo estado.

Muitas vezes, nestes seus sofrimentos místicos pelos pecados do mundo, sente-se como que pairando ou suspensa sobre medonhos abismos. Fale ela (11.7.38):

Tenho visto aqueles abismos do costume. Não sei bem ao certo, mas talvez fosse sábado que eu vi, como ainda não tinha visto. Naquele abismo tão medonho, dava-me a impressão que tinha toda a imundície de pecados.

Ai, meu Jesus! Que massa de gente! Que moinha corria para ele! Que movimento! Sentia a impressão que ali se praticava toda a qualidade de crimes.

Pobre Jesus, como há de poder com tanto! Mas pobres, ainda mais pobres pecadores! Quem os há de salvar?...

Eu então, como no meio de uma grande aflição, não sei donde me veio a força para me oferecer toda a Nosso Senhor. Ainda agora, quando me lembro disso, eu digo:

— Jesus, eu amo-Vos; Jesus, eu sou a vossa vítima; eu quero desagravar-vos; eu quero reparar tantos crimes.

A 12.9.38:

Os abismos continuam e neles vejo, penso, ser o demónio e o pecador amarrados um ao outro, a puxarem um para cada lado. Não sei se o demónio só os quer levar para o inferno, ou se os leva mesmo. Pobres pecadores!

Domingo, dia 11, apenas eu recebi Nosso Senhor, apoderou-se de mim uma tristeza e um peso que parecia arrancar-me o coração. Ouvi chorar alto: mas que choro tão suave e comovedor! Assim se passaram alguns momentos. Por fim ouvi Nosso Senhor que me dizia:

— Ai, ai, minha louquinha! Ouve o teu Jesus. Eu venho a ti, não para te dar coragem, nem para te dar consolação. Venho desabafar contigo; venho derramar minhas lágrimas em teu coração. Eu não posso mais com a monstruosidade do pecador.

Penitência, penitência, em todo o mundo penitência!... Ou o mundo se levanta rápido ou na mesma rapidez será destruído. Ai do mundo! A Justiça divina não pode mais suportá-lo!

Entristece-te comigo. Vive nesta tristeza, ao menos tu que és a minha esposa mais querida, a minha vítima mais generosa. Tu não queres a consolação e o teu Jesus em sofrimento tão doloroso.

Diz depressa ao teu Paizinho, Eu que quero que isto se faça ouvir no mundo com a fortaleza do trovão e a luz luminosa do relâmpago:

Penitência, penitência, penitência! Depressa virá o dia da catástrofe!

Daí a pouco mais de um ano, rompia a guerra mundial.

Frisante é a carta de 15.8.38:

A minha alma sofre muito. Não tem descanso; nem sei bem explicar-me. Sinto que ela tem uma ânsia não sei de quê. Parece-me ir pelo mar fora sobre a água e não ter onde repousar nem um só momento. Não tem onde; mas também não quer. Está cansada, mas caminha sempre. Que ânsia fortíssima: que empresa ela tem de cuidar! Faz-me uma aflição muito grande. Não vê terra nem vê nada. Figura-se-me que toda a vida tem que trabalhar e continuar nesta ânsia.

O que será? Serão os pecadores os que me fazem assim? Creio que são. Mas o que eu quero é dá-los todos ao meu querido Jesus. Sofrer por eles na Terra, pedir por eles no Céu.

São os pecadores e, a nosso ver, o pressentimento do muito que ainda está para vir sobre ela para os salvar. Nosso Senhor está a predispô-la, cada vez mais, para a grande imolação do Calvário que se aproxima. Nesse intento sente também ao vivo na alma as torturas místicas de Cristo pelos pecados do mundo. Escreve ainda na mesma carta:

Hoje é o grande dia da Mãezinha (Assunção); não sei se por Ela, se por Jesus me quiseram aumentar os sofrimentos. Logo que comunguei, sentia um peso em mim que me parecia insuportável. Parecia arrancar-me o coração e enterrá-lo pelo chão abaixo. E eu disse logo a Nosso Senhor:

Aceito, meu Jesus, aceito pelo vosso amor e para Vos salvar as almas.

E via com os olhos da minha alma atarem cordas à volta do meu Jesus, arrastavam-No para um lado e para outro e davam-Lhe pontapés. Atiravam-Lhe tantas, tantas setas e todas ficavam espetadas no corpo santíssimo de Jesus. Com uma coroa de espinhos cravavam também a sua santíssima cabeça, arrancando-a de um lado e espetando-a fortemente no outro. Parecia-me ler em minha alma: são os maus-tratos dos pecadores. Sofre por meu amor: salva-mos!

   

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