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Capítulo 20

A MORTE TOTAL

A vítima sente não só terrivelmente a ira de Deus a esmagar-lhe todo o seu ser, mas como que a morte destrutiva de todo esse ser.

Múltiplas vezes encontramos nos escritos da Alexandrina a descrição deste género de imolação.

A 22.4.39:

A minha alma sente a morte do mundo inteiro. É a morte, é a noite escura que reina por toda a parte e quando recebo o meu Jesus: a morte total. Não sou só eu; é Jesus também que se finge morto. Faz-me sofrer tanto! Mas é por Ele, benditos sofrimentos.

Hoje passei um pedaço assim neste estado e por fim ouvi que o bom Jesus me dizia:

— Maldita, maldita! E um Pai como Eu bondoso, terno e amável! Que dor, que angústia, que martírio para o meu divino Coração!

— Ó meu Jesus, passai para o meu coração a dor, a angústia e o martírio. Fazei que eu sofra tudo; eu ainda estou aqui, meu Jesus. Seja o meu coração, a minha alma, o meu corpo um instrumento de reparação para Vós.

Nosso Senhor chorava e eu sentia que Ele abraçava o meu coração e me estreitava ao dele. Não me dizia estas palavras com tom de quem ralha, mas sim com grande mágoa e dor. Como o meu coração sofria! Nosso Senhor fazia-me sentir a dor que Ele sentia.

No dia 2.5.39, lemos:

Hoje, no fim da sagrada Comunhão, estava morta. Que morte tão triste! Andei a rolar pela cama de aflita. E Nosso Senhor dizia-me:

— Maldita, maldita! Hei de esmagar-te! Que caminho escandaloso tu levas! Corto-te o fio da existência. E que morte é a tua? A morte eterna, a morte dos condenados!

O peso esmagava-me; o coração era apunhalado com toda a força. E Jesus parecia que descarregava sobre mim uma foice. E eu dizia:

— Ó meu Jesus, que me importa ser esmagada e que o meu coração seja trespassado pelo punhal, milhares e milhares de vezes por minuto, se não for o vosso apunhalado?! Se vos consolar, alegrar e amar e vos der as almas?!

E Nosso Senhor disse-me:

— São tantas, tantas as que andam por caminho errado. É o maior número. Dá-mas; dá-me almas. Olha: quem é criado não é senhor e todo se deve empenhar em cumprir o seu dever para lhe ser agradável.

Tu és a minha vítima: esforça-te para desempenhares bem a tua missão; para consolares o teu Jesus e lhe dares almas.

Nosso Senhor dizia-me isto com muita tristeza e dor. Mas quando pronunciou estas últimas palavras, tirou de sobre mim o peso que me esmagava.

Hoje, 17 (17.5.39) — escreve ela no mesmo mês — depois que recebi Nosso Senhor, fiquei por muito tempo num estado aflitivo. Era a morte completa que reinava em mim. Eu dizia a Nosso Senhor:

— Que eu sofra a morte, mas que viva o mundo.

Nosso Senhor bradava-me:

— Vingança! Hei de me vingar de ti! Tens que viver nesta morte, se não queres a morte eterna. Ou melhor, tens que viver esta espécie de morte, para que aqueles a quem fiaste não morram eternamente.

— Ó meu Jesus: que eu não tenha um momento de outro viver, mas que vivam todas as almas para a vossa graça, para o vosso amor, para a vossa glória!

Era uma tempestade medonha: parecia que as nuvens se rasgavam e Nosso Senhor aparecia muito irado contra mim. Retalhava-me toda. Rolei de aflição e com o peso sobre mim.

No dia 4.6.39, terceiro aniversário da sua primeira morte mística, no dia da Santíssima Trindade, no meio das mais ininterruptas angústias de morte, teve um pequeno alívio do alto. Fale ela:

Hoje, quando recebi o meu Jesus, Ele não me disse nada e eu também não encontrei palavras para lhe dizer. Estávamos ambos mortos. Eu sentia um rio de gelo: coalhou, fiquei coberta: foi assim que eu morri.

Ai, o dia da Santíssima Trindade, como eu o passei triste! Que dor sentia no meu coração e recordava tão amargamente o dia da Santíssima Trindade de há três anos. Benditos sofrimentos. Mas ai, se não fosse a força de Nosso Senhor, não se podiam suportar!

Agora à noite, eu estava tão doentinha, nem podia falar nem consentir que me tocassem. Principiámos a rezar o Terço; eu ia acompanhando. Principiei a sentir tanta força: não cabia em mim. Queria voar para o Céu. Levantei-me: não sei o tempo que estive de joelhos em oração; a Deolinda calculou que foram perto de três quartos de hora. Não sei se me sei explicar; não sei se o meu Padre me compreenderá. Eram ânsias de amor que eu sentia, mas eram ânsias de me fazerem sofrer muito, porque queria amar o meu Jesus e queria que todos O amassem, que ninguém O ofendesse. E, pobre de mim: não sentia nada disto! Mas tudo se passava no meio de uma grande paz e nesses momentos não tinha dúvidas que era o meu Jesus, que era Ele a minha força; o que agora não sucede: já tenho dúvidas.

No fim de tudo veio o meu Jesus falar-me assim:

— Não te aflijas, meu encanto, com a morte que sentes. Matei-te tudo há três anos, para poderes viver. Tu és o encanto dos meus olhos, a alegria, a consolação do meu Coração divino. Tu amas-me, mas amas-me com dor: é o amor doloroso.

O teu coração arde e arderá eternamente nas chamas do meu divino amor. Depressa virá o dia que amarás com delícias e com toda a consolação. Eu não podia deixar de te vir confortar com umas palavrinhas, depois de umas ânsias tão fortes do amor doloroso, mas que foram de tanta consolação e reparação para Mim e de honra e glória para toda a Santíssima Trindade...

Repetidíssimas vezes a Alexandrina experimenta não só essa morte mística, mas as consequências: a sepultura, o cemitério onde vai sendo toda reduzida a pó pelos vermes.

Mais um contrapeso para a minha cruz: mais um bocadinho de aumento ao meu sofrer, à minha dor — escreve a 10.6.39 — Bendito seja o meu Jesus: que variedade de sofrimentos sem fim! Ele conservou-se sempre caladinho: nem uma palavra.

Mas o meu Padre quer saber o estado da minha alma? Sinto como já muitas vezes tenho sentido, a morte no interior. Mas o pior ainda é ser eu própria o cemitério onde toda esta mortandade de almas se vem sepultar. Que horror, meu Jesus! O que eu sou! Não sei se me faço explicar: mas o meu Padre bem sabe que sou muito ignorante, que não sei melhor.

Mas sinto mesmo em mim o que costumamos sentir quando entramos num cemitério e nos concentramos daquele silêncio, daquele sono mortal.

Ai que aflição na minha alma! Até parece que me faz rasgar o peito.

E o abandono em que estou; e o meu nada! Não tenho que dar a Jesus. E tenho tanta pena de que Ele seja ofendido! O que poderei fazer, para evitar os pecados do mundo? Tenho imensos desejos de me fazer pequenina: eu quisera nascer agora, para ser vítima desde criancinha. Não queria ter vivido no mundo nem um momento sem sofrimentos, para melhor poder dizer com toda a verdade:

Ó meu Jesus, eu amo-Vos, sofro para Vos amar e consolar o vosso divino Coração; sofro para reparar todos os crimes do mundo e salvar-Vos todas as almas. Vivo para tudo o que Vós quiserdes, menos para vos ofender e desgostar. O como eu me julgava feliz, se não tivesse tido outro viver na Terra senão sofrer e amar!

Mas pobre de mim: o que eu tenho sido! Não existe no mundo quem de longe se possa comparar à minha miséria e maldade.

No dia seguinte escrevia:

Eu continuo a ser um enormíssimo cemitério e toda a mortandade do mundo inteiro vem ser sepultada em mim. Já não cabia mais: foi-se amontoando, até que agora nem assim: cai para lados. O meu Padre compreende este estado?

E a 21.6.39:

Que dia de trevas e aflição! Sinto necessidade de rasgar o peito para ir numa carreira doida acudir ao meu coração, como quem acode a um fogo. Parece que morre de dor: está esmagado, aniquilado. Se não fosse o meu Jesus, não resistia.

Ele hoje não me disse nada; ficámos na agonia da morte. É para mim um dos maiores sofrimentos o eu ser sepultura de toda a mortandade

Passemos ao ano seguinte, a 15.1.40:

Não vejo, não vejo. A minha alma está morta, morta: morta para o mundo, morta para Deus! Morri para o mundo e o mundo para mim. Parece-me que morri para Jesus e Ele não existe para mim. Ai, como eu estou abandonada! Ai que amargura a do meu coração! Eu estou morta e sinto o meu nada e atemoriza-me, porque não há um nada semelhante ao meu.

Eu estou morta, mas vejo-me coberta de todas as misérias, dos crimes mais vergonhosos e nojentos. A minha alma não tem um raiozinho de luz.

Morta estava antes de receber Jesus e morta fiquei depois de O receber. Não tenho aquilo que queria ter: queria amor, mas o amor morreu também para mim. O coração está frio, mas está ferido. Quantas mais ânsias de amor, mais ele sangra, mais viva é a dor, porque não consegue o amor puro e abrasado com que deseja amar a Jesus. Não posso olhar para o Céu, porque o coração levanta-se mais rápido do que um foguete, começa por não caber dentro do peito. Só em Jesus pode descansar.

E agora esta bela página literária que encontramos a 14.2.40:

Continuo a minha viagem por debaixo do mundo. Tudo o que nele se encerra está morto: é portanto a morte que me cobre. Esta mortandade causa-me medo, arrepia-me, faz-me estremecer. O gelo tudo gelou e todo o meu ser morreu gelado!

Ó meu Jesus, por vosso amor quero viver e morrer no gelo, para assim incendiar o vosso amor nos corações de todas as criaturas, para que nele possam viver e morrer também. Como há de ser belo! Nem posso pensar: parece que já estou a ver todos os corações no Céu a arder numa só chama! O amor do meu Jesus, incendiai-vos no meu coração, para que eu o possa espalhar na Terra e incendiá-la toda nos raios do vosso amor!

Ai meu Padre, que sofrimento que tanto fere o meu coração! Eu tenho ânsias de voar para Jesus; mas quanto mais voo, mais quero voar; quanto mais me quero aproximar dele, mais Ele me foge, até desaparecer e fica como se não existisse para mim. Eu fico no ar, como uma pombinha batendo as asas. Para baixo não quero descer, mais para cima não tenho força, não posso voar. Estou em risco de cair desfalecida.

Ó meu Jesus, ó meu amor, compadecei-vos da minha dor; não me deixeis cair. Dai-me força para ir ao encontro do vosso divino Coração e nele descansar eternamente!

Ai meu Padre, que dor, que dor! Quero e não posso; busco a Jesus e não O encontro. Morro de dor, desfaleço e caio!

 

   

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