Em
Janeiro de 1871, Paris está cercada pelo exército da Prússia que há
três anos mantém prisioneiro Napoleão III. Pontmain situa-se entre a
Bretanha e a Normandia.
A
aparição de Pontmain marca o fim da invasão prússica da Bretanha
mas, pelo simbolismo dos diferentes quadros que se sucedem,
ultrapassa o âmbito deste acontecimento.
17.30 h
- Eugéneo Berbedette (12 anos), o irmão José (10
anos), e o pai pisam giestas numa granja para fazer cama para os
animais.
Jeanette Detais, "a coveira", entra, interrompendo o trabalho,
pondo-se à conversa sobre a guerra com o pai das crianças. Eugénio
sai "para ver o tempo".
A cerca
de sete metros, por cima do telhado da casa dos Guidecoq, a uns seis
metros de altura, Eugénio vê um sítio no céu com menos estrelas.
Subitamente, por cima e ao meio do telhado, vê uma Bela Senhora
sorridente que olha para a criança com um ar de bondade delicada e
terna. Está vestida com um fato à oriental, amplo e de cor azul.
Este fato azul (foi feita a associação com a cúpula da igreja de
Pontmain, que naquela época estava pintada e salpicada de estrelas
douradas), semeado de estrelas de ouro, vai do pescoço aos pés. As
mangas são largas e descem até às mãos. A Senhora tem sapatos azuis
como o vestido, e sobre o peito do pé, uma fita de ouro forma um
anel semelhante a uma roseta bem desenhada. Um véu preto lançado
para trás cai até metade das costas. A cabeça da Senhora está
enquadrada por três estrelas em forma de triângulo. Tem uma coroa de
ouro, espécie de diadema, duma altura de cerca de vinte centímetros,
cingida por um galão vermelho mais ao menos a meio que se ia
alargando como um cone truncado e voltado para baixo. A Senhora
tinha as mãos estendidas e baixadas como na aparição da Medalha
Milagrosa.
Durante
toda a noite, três estrelas dispostas em triângulo fixam o local da
aparição; a cabeça da Senhora precisamente no meio. As estrelas
desaparecerão com ela.
As
etapas da Aparição
Enquanto esperam a chegada do prior da paróquia, as pessoas
presentes recitam o terço dos mártires do Japão (A pequena coroa dos
mártires japoneses, ou pequeno terço, aprovada por Pio IX no momento
da canonização dos mártires japoneses, é recitada para solicitar a
protecção dos mártires à Igreja e a conversão do Japão e do Extremo
Oriente.)
Recita-se do seguinte modo: a) sobre a cruz, os actos de fé,
esperança e caridade; b) em cada uma das contas pequenas, as
invocações "Doce coração de Maria, sede a minha salvação", "Meu
Jesus, misericórdia"; c) Nas contas grandes: "Pai eterno,
ofereço-vos o Sangue preciosíssimo de Jesus Cristo em expiação dos
meus pecados e pelas necessidades da Santa Igreja."
Quando
o coração de Maria é invocado e o sangue de Cristo oferecido ao Pai,
a aparição torna-se mais nítida aos olhos das crianças.
Primeiro, um oval dum azul semelhante ao do fato forma-se em torno
da visão. Depois, quatro castiçais simples, com quatro velas,
aparecem fixados no interior do oval, dois à altura dos ombros da
Senhora, os outros dois à altura dos joelhos. Finalmente sobre o
peito da visão, à esquerda, uma pequena cruz vermelha, do tamanho de
um dedo. Foi no seu coração trespassado por uma espada que Nossa
Senhora sofreu toda a Paixão.
Na
sequência, os diversos momentos da aparição, desenrolaram-se
pontuando a oração dos paroquianos reunidos em torno do seu pastor.
Mas,
vejamos o filme da aparição antes de tentarmos descobrir-lhe o
sentido escondido. Tendo tido início às cinco horas e meia, durou
até às vinte e uma.
A
Virgem cheia de estrelas não pára de sorrir, passado todo este tempo
em que se apresenta na noite estrelada.
No
entanto, Maria cai na tristeza, porque a multidão pôs-se à conversa,
a discutir, a brincar, esquecendo a sua presença.
Primeira oração: o terço.
O
sacerdote repõe a ordem e a decência mandando rezar e, naturalmente,
a primeira oração que dirigem à Virgem Maria é o terço.
Todos
se ajoelham. Neste momento a Senhora começa a crescer… Terminado o
terço, o seu tamanho está pelo dobro, não tendo os pés saído do
sítio.
Também
a estrela se elevou progressivamente, a estrela que está no cimo do
triângulo.
O oval
também aumentou na mesma proporção.
Para
além disto, enquanto a multidão reza, as estrelas do vestido
multiplicam-se. Nascem a alguns centímetros de Maria, depois vêm
colocar-se sobre a túnica, irregularmente e harmoniosamente, como as
estrelas do firmamento. No final, o fato da Virgem "formigava" de
estrelas.
Quanto
às estrelas que pareciam estar no céu, à medida que vão sendo
escondidas por Maria que cresce, afastam-se, reordenam-se, depois
descem ao longo do corpo virginal e, sob os pés, fora do oval azul,
reúnem-se num enxame. Os videntes contaram cerca de quarenta.
A
Virgem Maria quis assim manifestar o lugar privilegiado do Terço nas
orações que lhe são dirigidas, e quanto esta oração é poderosa sobre
o seu coração.
Segunda oração: o Magnificat.
Terminado o terço, o Prior fez entoar o Magnificat. Desde os
primeiros versículos, uma faixa branca do comprimento do telhado da
casa, de cerca de um metro de largura, estende-se subitamente aos
pés de Nossa Senhora. Pouco a pouco, letras douradas vão-se desenhar
aí em maiúsculas vulgares - Um M,
depois um A, depois um
I, e finalmente, um
S. A palavra MAIS ('mas' em
português) permanece sozinha na faixa durante um dezena de minutos.
Finalmente, outras letras aparecem. No final do Magnificat a faixa
tem:
MAS REZAI, MEUS FILHOS.
São
cerca de dezanove horas e meia da tarde. Quando as discussões em
volta das crianças soletrando as letras, são demasiado vivas, a
Virgem deixa de sorrir.
Terceira oração : as litanias da
Santíssima Virgem.
As
litanias seguem-se ao Magnificat.
"É
preciso, diz o Prior, pedir à Santíssima Virgem que manifeste a sua
vontade. "
Quase
de imediato, as crianças gritam : "Eis que mais uma vez alguma coisa
aparece, é um D! É um
I! ('Dieu' é a palavra que
aparece; Deus, em português.)
DEUS VOS ATENDERÁ EM POUCO TEMPO
Depois
desta última palavra, um ponto grande como o sol.
A
multidão ergue-se numa indizível esperança.
Ora, a
Aparição mantinha-se no céu, por cima do telhado da casa dos
Guidecoq. A dona da casa, segura de que as crianças estavam
alucinadas, entra para casa. Volta a sair, empurrada pela
curiosidade e igualmente incrédula, durante o cântico das Liatnias.
Foi então que ficou cilindrada, projectada de joelhos e confundida.
Quarta oração: A Inviolata
Depois
das Litanias, entoam a Inviolata. Estavam em "O Mater Alma
Christi Carissima", quando brotaram as palavras:
O MEU FILHO
E
então, ficou a saber-se sem sombra de dúvida quem era a Senhora
coberta de estrelas, tão celeste e tão profundamente maternal.
Quinta oração: Salvé Rainha.
Durante
o cântico da Salvé Rainha, a frase, por um tempo suspensa,
continuou.
Nossa
Senhora traz a sentença da Misericóridia:
O MEU FILHO
DEIXA-SE TOCAR
Um
traço grosso sublinha esta segunda linha.
Sexta oração: Mãe da Esperança
Para
parar os comentários que se tornavam num falatório dos habitantes da
aldeia, reunidos em volta das crianças, o Prior fez entoar o cântico
tradicional de Pontmain.
"Mãe
da Esperança cujo nome é tão doce.
Protegei nossa França. Rezai por nós. Rezai por nós"
A
Santíssima Virgem, sorrindo mais do que nunca "com o mais belo
sorriso que pudemos contemplar durante a aparição", escreverá José
Berbedette, eleva as mãos à altura dos ombros, os cotovelos
ligeiramente apoiados dos lados, as mãos um pouco inclinadas para
trás, a palma virada para as crianças. O braço esquerdo assim
elevado não escondia a pequena cruz vermelha que se encontrava sobre
o coração.
"Olha,
Ela ri", gritam as crianças.
A
virgem agita delicadamente os dedos. No final do cântico a faixa
apaga-se.
Sétima oração: o cântico "Meu doce
Jesus, finalmente eis o tempo de perdoar aos nossos corações
penitentes", entrecortado pelo "Parce Domine".
Este
cântico, tão popular como o primeiro, segue-se-lhe. E de repente,
sem que desta vez houvesse culpa da multidão, Maria, por uma segunda
vez, cai na tristeza.
Forma-se um crucifixo, um pouco à frente de Maria. Ela baixa de
imediato os braços para o agarrar.
A cruz
é vermelha escura, cor de sangue venoso das veias; o Cristo,
vermelho vivo, como o sangue arterial. Tem a cabeça inclinada para a
esquerda.
O
sangue de Cristo não escorre. Nenhum movimento que indique vida.
Este
estranho crucifixo tem por cima um trave branca um pouco mais curta
que os braços da cruz e tem escrito em letras de sangue:
JESUS CRISTO
Maria
agarra o crucifixo um pouco acima dos pés de Cristo, com as duas
mãos, a mão esquerda por cima da direita, inclinando-o ligeiramente
para a terra.
A
imensa tristeza de Maria contagiou a multidão.
Desde o
início do cântico, uma das estrelas que tinha vindo colocar-se como
que a fazer um pedestal à Virgem, põe-se em movimento e, entrando no
oval, vai acender as quatro velas em torno dela. A virgem tem os
olhos baixos. Olha para o Crucifixo. Os seus lábios mexem. Não deita
lágrimas, mas a sua tristeza é inexprimível.
Oitava oração: Ave Maris Stella.
No
Final do cântico "Meu doce Jesus", o Prior canta o hino
"Ave Maris Stella". Imediatamente o Crucifixo desaparece. A
Estrela da manhã retoma a sua posição hierática, de braços caídos,
estendidos, as palmas cheias de graça.
Duas
pequenas cruzes brancas foram como que plantadas sobre os ombros de
Maria, enquadrando-lhe o rosto.
No
entanto, sob o sorriso reencontrado, transparece agora um pouco de
gravidade, como a sombra das Sete Dores da Mãe do Filho do homem.
O Prior
convidou a que se fizesse a oração da noite. Então, elevando-se
pouco a pouco, um véu branco cobriu a Aparição e tudo desapareceu
quando a oração da noite terminou. Eram cerca das 9 da noite.
O
presente é ainda sombrio.
Reconhecimento pela Igreja
Depois
do processo canónico, o bispo de Laval reconheceu a autenticidade da
aparição de Pontmain por decreto de 2 de Fevereiro de 1872. A
Igreja confirmou este decreto em 1920.
Fonte :
http://cheiadegraca.free.fr/ficheiros/pontmain.htm |