As
informações que temos da Beata Osanna de Mântua é derivada de dois
contemporâneos que a conheceram e escreveram imediatamente depois
de sua morte. Uma das biografias foi lavrada pelo mestre da
Ordem
Dominicana e por um Teólogo muito notável, Silvestre de Ferrara
(1505) e outra (1507) pelo monge Jerome de Olivetan (beneditino
reformado) que, nos últimos anos da vida de Osanna, tornou-se seu
confidente e guia espiritual. Sua biografia consiste pela maior
parte em registro detalhado de conversações Osanna com seu director
espiritual. Jerome diz que Osanna era muito relutante, mesmo com
ele, em que confiava completamente, para falar de suas experiências
espirituais; mas descreve repetidamente como ele paciente a
manteve, mediante questionamentos e busca de informações que guardou
para si, cujo fim, como ele diz, servia para suas próprias
"consolações espirituais e fonte de inspiração". Um processo
difícil, segundo ele, pois que Osanna costumava entrar em êxtase
cada vez que se começava a falar de Deus.
Nasceu
em 1449 em Mântua, filha de nobres italianos, Nicolaus e Agnespais.
Diz Jerome que na idade de cinco ou seis anos, Osanna teve sua
primeira experiência mística, uma visão da Trindade, dos nove coros
dos anjos e da criação material, quando Jesus como uma criança da
sua própria idade, carregava uma cruz. Mais tarde, viu-o outra vez
no jardim da casa família entre as videiras. Como entrasse já em
êxtase em tenra idade, tornou-se muito retraída. Os pais
incomodavam-se sobremaneira com o seu comportamento e chegaram a
pensar que a filha fosse portadora de epilepsia.
Ainda
durante sua infância acabou perdendo os pais, tornando-se assim
responsável pelo lar, cuidando dos irmãos que controlou e educou com
grande prudência e responsabilidade, além de manter grande
hospitalidade e caridade com os pobres. Não obstante, apesar de
todas estas responsabilidades domésticas e caritativas, passou a
experimentar uma vida mística cada vez mais intensa. Quando ainda
vivia seu pai, ela recusou casamento porque já sentia inclinação
para tomar o hábito dominicano e o declarara isso. Mas, segundo
revelação feita a ela, não era momento para fazer profissão, mesmo
na Ordem Terceira.
Foi
permitido compartilhar os sofrimentos de Cristo pela causa da Igreja
e da Itália, então marcada por rixas e guerras. Finalmente, quando
tinha 30 anos, recebeu os estigmas em sua cabeça, depois no lado e
em seguida nos pés. Teve também uma visão em que seu coração foi
transformado e dividido em quatro partes. A Paixão de Cristo era
sentida intensamente nas quartas e nas sextas-feiras. Em seu caso,
os estigmas não parecem ter sangrado, mas apareciam simplesmente
como manchas avermelhadas, intensamente dolorosas. Manteve-os
escondidos de todos, excepto de alguns de seus empregados, mas às
vezes a dor nos pés eram tão grandes que a impossibilitava de andar.
Por muitos anos, assim como Santa Catarina de Sena, viveu quase sem
nenhum alimento. No discurso dessas matérias, pediu ao seu director
espiritual que guardasse absoluto segredo.
Entretanto, sua fama acabou espalhando-se entre a população porque
algumas vezes foi vista em público, em êxtase profundo. As visitas e
conselhos espirituais tornaram-se constantes, resultando na oposição
considerável dos frades dominicanos de Mântua que, entretanto,
cessaram as críticas quando souberam que um dos seus, Dominic de
Crema, mantinha o registro de todas as experiências espirituais de
Osanna, que infelizmente perderam-se após sua morte.
Faleceu
santamente, de causas naturais em 18 de julho de 1505. Foi
beatificada pelo Papa Leão X e é invocada como patrona das meninas
estudantes.
Seu
corpo incorrupto encontra-se em exposição sob o altar de Nossa
Senhora do Rosário na catedral de Mântua, Itália. Em 1965 seu corpo
foi examinado interiormente e exames profundos determinaram bom
estado de preservação (após 460 anos). |