Panfílio nasceu em Bêrut, na Fenícia (atualmente Beirute, Líbano).
Após concluir brilhantes e profundos estudos nas escolas de
Alexandria, foi ordenado padre da Igreja de Cesaréia. Ele foi um dos
belos exemplos
da
aliança entre a filosofia e o dogma cristão. Ninguém melhor que ele
soube unir o amor à Ciência a essas virtudes evangélicas que
constituem a personalidade dos verdadeiros discípulos de Jesus
Cristo.
Nosso santo montou uma enorme biblioteca composta dos melhores
autores, sobretudo religiosos. O alvo de seus estudos e pesquisas
era somente a defesa da fé. Deve-se a este homem ilustre a correção
da versão das Sagradas Escrituras dita Septuaginta. Foi de sua
preciosa biblioteca que o historiador Eusébio, discípulo de
Panfílio, tirou todos os documentos de que precisou para escrever a
história dos primeiros séculos.
A
todos os seus trabalhos intelectuais, Panfílio adicionava exercícios
de piedade e de penitência. Seu único bem eram seus livros. Ele
havia distribuído aos pobres todo o seu rico patrimônio e vivia na
solidão, repousando do peso de seus dias árduos em meio às orações
da noite.
O
sábio piedoso estava preparado para os santos combates de Cristo.
Preso como um dos principais Doutores cristãos no tempo das
perseguições do imperador Maximino Daïa, Panfílio compareceu diante
do governador. As promessas e as seduções que lhe foram feitas (para
que abandonasse a fé cristã) não tiveram sucesso algum; seria
preciso, então, lançar mão de ameaças e torturas. Panfílio
permaneceu inabalável. Rasgaram-lh os lados com garras de ferro; foi
tão terrivelmente flagelado que os carrascos viram-se obrigados a
transportá-lo para a prisão imerso em sangue e semi-morto. O
governador esperava que as chagas do mártir fechassem para poder
recomeçar o suplício, quando ele mesmo tornou-se vítima da
ferocidade do imperador, que o condenou à morte devido aos seus
crimes e devassidão, o que o havia tornado odioso aos olhos de
todos.
Sob
o novo governador, Panfílio permaneceu algum tempo esquecido na
prisão, e aproveitou-se disso para escrever algumas de suas obras de
sabedoria. Havia já dois anos que ele sofria pela fé, quando foi
condenado junto com diversos outros cristãos. A execução aconteceu
numa noite, e o corpo permaneceu até o dia seguinte no mesmo local
do suplício. Porém nenhum animal se aproximou para devorá-lo, e os
fiéis puderam dar-lhe uma sepultura honrosa. Foi no ano de 308 que o
filósofo cristão, discípulo de São Justino, de São Luciano e de
tantos outros, consumou o seu martírio.
Abade L. Jaud, Vida dos Santos para todos os dias do ano (Vie des
Saints pour tous les jours de l'année), Tours, Mame, 1950.
Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
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