O século XVI ficou marcado principalmente pela Reforma
protestante, Contra Reforma Católica (Concílio de Trento) e
início das grandes navegações. Provavelmente esse foi o século
com o maior número de Santos da história da Igreja: São Felipe
Neri, Santa Teresa de Avila, São Pedro de Alcântara, São Carlos
Borromeu, Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier, São
Pedro Canísio e etc… Um dos santos desse século foi o Papa São
Pio V.
Miguel
Ghisleri nasceu em 1504, em Bosco Marengo, na província de
Alexandria e, aos quatorze anos já ingressara na congregação dos
dominicanos. Foi professor, prior de convento, superior
provincial, inquisidor em Como e Bérgamo, bispo de Sutri e Nepi,
depois cardeal, bispo de Mondovi e, finalmente, papa, em 1566,
tomando o nome de Pio V. Possuía três grandes devoções: a
Eucaristia, o Rosário e a Santíssima Virgem Maria. Foi um
professor tão brilhante e recebia tantos elogios que achou
necessário impor a si mesmo duras penitências, de modo a
combater o orgulho.
A vida como Papa
Celebrava uma missa todos os dias e rezava muitas horas por dia,
principalmente o rosário, pois era muito devoto de Nossa
Senhora. As pessoas ficavam impressionadas com a quantidade de
horas que ele rezava, e não compreendiam como conseguia ter
tempo para fazer outras coisas. Participava pessoalmente de
todas as principais procissões de Roma. Em Corpus Christi era
normal que carregassem o Papa, mas ele nunca se deixou carregar
e sempre ia andando no meio do povo. Durante o carnaval,
percorria as ruas de Roma, rezando no meio dos foliões com o
terço na mão. Como Papa continuou fazendo muitas penitências.
Reforma espiritual na Igreja
Começou a nomear com muito zelo apostólico e escolha apurada os
novos Bispos e Cardeais. Colocou em prática os decretos do
Concílio de Trento, entre eles a publicação do Catecismo Romano,
e a ordenação do ensino da teologia tomista (São Tomás de
Aquino) nas universidades. Reafirmou a supremacia papal com a
bula In cœna Domini. Implantou a obrigação de residência
e as visitas pastorais para os bispos, a clausura dos
religiosos, o celibato e a santidade de vida dos sacerdotes.
Instituiu o “Index Librorum Prohibitorum“, e a censura
das publicações, para que não contivessem material doutrinário
não aprovado pela Igreja. Instituiu o oficio divino – também
conhecido como liturgia das horas -, como obrigatório para os
religiosos. Reformou as ordens religiosas e declarou Santo Tomás
de Aquino como Doutor da Igreja chamando-o de Doutor Angélico.
Grande Defensor da Igreja
O Papa Pio V lutou bravamente contra o protestantismo, chegando
ao ponto de excomungar a Rainha Elisabeth I. Além dos
protestantes, que se espalhavam pela Europa, havia uma ameaça
ainda maior: a invasão da Europa pelos turcos otomanos que
desejavam destruir a Igreja. Diante dessa ameaça, foi necessário
criar uma liga católica de modo a defender Roma e a Europa. Esta
liga, formada por Veneza, Génova e Espanha foi intitulada por
ele como Santa Aliança. Essa batalha naval contra os turcos
ficou conhecida como Batalha de Lepanto, pois ocorreu no golfo
de Lepanto. São Pio V pediu para que todos os católicos fizessem
orações e penitências e distribuiu muitas indulgências. Antes
dos barcos iniciarem a viagem rumo à batalha, Dom João da
Áustria, que era o Almirante chefe das embarcações da santa
aliança, passou com um barquinho em frente das embarcações com
relíquias do vaticano e todos nos barcos se ajoelharam,
entregando suas almas para Deus. Os navios se encontraram na
manhã de sete de Outubro de 1571, e, nessa batalha, morreram
sete mil católicos e trinta mil turcos. O Sultão Selim, dizia
antes da batalha, que tinha mais medo das orações do Papa do que
dos navios que ele enviou. Nossa Senhora foi vista pelos turcos
no céu ao lado das embarcações católicas, e ficou conhecida como
Nossa Senhora da Vitória. O Papa soube de maneira sobrenatural
no Vaticano da vitória católica e comunicou aos cardeais. Caso
os católicos tivessem perdido essa batalha, a Europa seria
totalmente islamizada, e as consequências seriam difíceis de
prever.
Conclusão
O Papa Pio V morreu em 1572, sendo canonizado em 1712. Seu corpo
permanece incorrupto e sua festa litúrgica é celebrada no dia 30
de Abril. O Papa Francisco, no seu segundo dia de pontificado,
foi à basílica de Santa Maria Maior rezar em frente aos restos
mortais de São Pio V.
Pela grande quantidade de Santos presentes no século XVI, Nosso
Senhor Jesus Cristo queria mostrar de que lado estava. A escolha
de São Pio V como Papa confirma a promessa feita por Cristo: “Tu
és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
Por Luciano Bandeira (Coordenador da Catequese) |