Depois
de uma leitura aprofundada e atenta dos escritos da Beata
Alexandrina, pode chegar-se a uma conclusão pertinente: eles não
foram escritos para o tempo dela — salvo algumas excepções — mas
para o nosso.
No
tempo em que ela os escreveu ou ditou, eles apenas eram conhecidos
dos seus directores espirituais, de sua irmã e de professora
Çãozinha que também participou à escrita dos mesmos e talvez os
conhecessem o seu confessor habitual, o Padre Alberto Gomes, assim
como o seu médico, o Dr. Augusto de Azevedo…

Estes
escritos contém muitas “mensagens” que só se podem compreender
transpondo-os para o tempo actual, quer dizer, a partir do momento
em que eles começaram a ser conhecidos, porque publicados em Sites
ou outros meios de comunicação social.
Um
exemplo disso são os “Sentimentos da alma” de 1954, onde muito se
fala da Igreja, do Papa, dos Bispos, dos sacerdotes e das casas
religiosas.
Um
texto, no meio de tantos outros:
«Minha filha – disse Jesus – somos os
três na mesma dor, no mesmo desabafo. Continuamos a ver o mundo
cheio de vícios e crimes, a correr para o abismo, a perder-se.
Oração, penitência! Penitência! Oração! Haja mais pureza, pureza,
pureza! Vigilância à Igreja, vigilância à Igreja. Venha o Papa, o
meu querido benjamim, de encontro aos seus Bispos e estes aos seus
Padres. Vigilância, vigilância à Igreja. Principie a Igreja! Se
assim não for, cai depressa, bem depressa, a justiça do meu Pai»
(S. 20-08-1954).
Pouco
menos de um mês mais tarde, a mesma insistência de Jesus:
«Faça-se oração, faça-se penitência. Principie a Igreja. O que ela
tem de corrigir e aperfeiçoar! As casas religiosas, as casas
religiosas, frades e freiras não vivem a vida dos seus fundadores!
Principie a Igreja, principie a Igreja. Haja toda a vigilância na
Igreja. Levante-se o mundo para Mim» (S.
10-09-1954).
E, esta
insistência sobre a Igreja volta catorze dias depois :
«Vigilância, vigilância na Igreja. Vigilância, o Chefe, os Chefes da
Igreja. A Igreja, a Igreja, principie a Igreja! A Igreja, a Igreja!
Oh! Que dor para o meu Divino Coração e para o Coração Imaculado da
minha Bendita Mãe! Vigilância, vigilância, o Chefe da Nação. Que
veneno, que veneno, que traição! Penitência, penitência e oração!
Vida nova para o mundo, vida nova para Deus»
(S. 24-09-1954).
Como
dito acima, estas mensagens, não sendo conhecidas no tempo em que
foram escritas, não poderiam ter qualquer impacto sobre aqueles a
quem elas eram destinadas, o que nos confirma na convicção que elas
foram escritas para nós, para o nosso tempo e para os actuais chefes
da Igreja católica.
Vivemos
um tempo em que os Cardeais, os Bispos e até mesmo os sacerdotes
vivem ocupados com muitas coisas — mundanas — que nada têm a ver com
a missão que lhes foi confiada por Cristo, e que por esta mesma
razão falta-lhes tempo para evangelizar, para pregar com força e
convicção o Evangelho de Cristo, falta-lhes tempo para o
confessionário onde os fiéis buscam o perdão dos pecados.
Esta
queixa de Jesus : “As casas
religiosas, as casas religiosas, frades e freiras não vivem a vida
dos seus fundadores!”,
nada tem de exagerado, se olharmos atentamente ao redor de nós: já
não é fácil saber quem é “religioso(a)” ou não, que se trate de
freiras ou frades e até mesmo de sacerdotes…
Se é
verdade que não é o “hábito” que faz ou o frade ou a freira ou até
mesmo o sacerdote, também é judicioso afirmar que ele muito
contribui para esse conhecimento…
Mas
assim vai o nosso mundo que nada quer ouvir nem compreender,
sobretudo quando se trata de corrigir erros… ou “maus-hábitos”.
E para
terminar, este apelo de Jesus:
— «Oração
e penitência, obediência ao Papa, obediência à Igreja.»
(S. 13-08-1954)
Oremos
e façamos penitência, como nos pede o Senhor por intermédio da nossa
querida Beata Alexandrina. Continuemos fiéis à Igreja e ao Papa,
para a maior glória de Deus e salvação das nossas almas.
Afonso
Rocha |