Oriundo
de uma família aristocrática, Rodolfo Aquaviva era filho de Giovanni
Girolamo Acquaviva di Aragona, nono duque de Atri, e de Margherita
Pia di Savoia, dos senhores de Carpi. Era sobrinho de Cláudio
Acquaviva, geral da Companhia de Jesus.
Em
1568, após a morte da mãe, junto com o pai e a irmã, Rodolfo partiu
para Roma. O objectivo de Giovanni Aquaviva era introduzir o filho
no interior da corte papal.
Rodolfo
iniciou, então, a sua carreira religiosa. Entrou para o noviciado na
pequena casa de Sant’Andrea. Visando a continuação dos estudos, em
Maio de 1569, partia de Roma em direcção a Macerata. Depois de
completos dois anos de estudos literários, regressou a Roma no
Outono de 1571. Estudou, então, filosofia no Colégio Romano e
teologia no Colégio Germânico.
Foi
enquanto estava a estudar no Colégio Romano que sentiu o apelo de
seguir em missão para a Índia. Pediu para ser destacado mas o geral
dos jesuítas, Mercuriano, apenas aceitou a sua partida para o
Oriente em 1577. Em Novembro daquele ano era enviado para Lisboa,
junto com Nicolau Spinola, Pedro Berno e Miguel Ruggieri. Antes de
partir, Aquaviva foi ordenado sacerdote naquela cidade e celebrou
missa nova na igreja de S. Roque a 12 de Março de 1578. Doze dias
depois, zarpava rumo à Índia numa armada de cinco navios.
Depois
de uma viagem atribulada, chegou a Goa a 13 de Setembro. Leccionou
filosofia no Colégio de S. Paulo e estudou a língua persa.
A 17 de
Novembro de 1579, partia na primeira missão jesuíta dirigida ao
imperador mongol Aquebar, acompanhado pelos padres António
Monserrate e Francisco Henriques. O principal objectivo era a
conversão dos habitantes do império ao cristianismo através da
conversão do próprio imperador. Como o Grão-Mogol era conhecido em
Goa pelo seu notável poder, era grande o entusiasmo na expectativa
de uma evangelização desse potentado.
Durante
o caminho, em Navar, o padre Monserrate adoeceu. Porém, Aquaviva e
Henriques continuaram viagem até Fatepur Sikri, onde chegaram a 28
de Fevereiro de 1580. Monserrate apenas se juntaria a eles a 4 de
Março.
Ao
chegarem, foram recebidos pelo padre Gil Eanes Pereira que, assim,
pôde partir de regresso a Bengala. O imperador acolheu-os com grande
cordialidade e entusiasmo, oferecendo-lhes estalagem dentro do
próprio palácio. Aquebar revelava um grande interesse pelas imagens
sacras que os jesuítas levavam consigo. Estes ofereceram-lhe uma
Bíblia quadrilíngue em sete tomos, presente que o imperador acolheu
também com grande interesse. Esta predisposição de Aquebar
entusiasmou Aquaviva e os companheiros. O imperador era
particularmente inclinado para disputas religiosas e, como tal,
desejou logo que os padres enfrentassem os ulemas muçulmanos. Numa
série de discussões, foram debatidos o Corão, a personalidade de
Maomé, o juízo final, a ressurreição dos corpos, entre outras
questões. As primeiras sessões revelaram como Aquebar era muito
crítico sobre vários aspectos do Islamismo, chegando mesmo a se
apoiar na argumentação dos padres para os atacar.
Porém,
o tempo passava e não surgiam resultados sobre a conversão do
imperador. Além disso, o contexto político dificultava a missão:
rebentara em Bengala uma revolta cuja razão era a apostasia de
Aquebar, o qual se manifestava infiel ao Islão.
Numa
carta de 20 de Julho de 1580, Aquaviva escrevia que, embora Aquebar
tivesse boas qualidades para se converter ao cristianismo, negava
tudo o que não fosse tangível pela razão, duvidando, assim, dos
principais mistérios da fé cristã. Além disso, mostrava-se disperso
por várias distracções mundanas e a corte opunha-se ao cristianismo.
Os padres acabariam por fazer um ultimato a Aquebar: ou ele se
convertia, afastando-se de alguns costumes contrários ao
cristianismo, ou os jesuítas abandonariam a corte. Aquebar prometeu
abdicar do que o afastava da conversão. Porém, a situação em Bengala
piorava e o imperador não colocou em prática o que prometera aos
padres. Mesmo assim, Aquaviva e Monserrate mostraram-se interessados
em continuar a missão e chegaram a propor a construção de um
hospital. Contudo, embora num primeiro momento se mostrasse
favorável àquele apelo, o imperador acabou por não ceder o terreno
para o início das obras.
O
provincial de Goa decidiu o abandono da missão. Ao saber disso,
Aquebar insistiu para que Aquaviva permanecesse, partindo apenas
Monserrate. Rodolfo passou a ver a corte do Grão-Mogol, sobretudo,
como uma base de operações. Chegavam notícias sobre os tibetanos,
povo não islâmico e de grande misticismo, possivelmente um bom campo
para o proselitismo jesuíta. Além disso, a missão do Grão-Mogol
permitia o contacto com o sub continente indiano.
Porém,
os planos de Aquaviva saíram frustrados, sendo obrigado regressar
por ordens do provincial. Aquebar despediu-se do padre, dando-lhe
uma carta dirigida ao provincial e na qual apelava à continuação do
envio de missionários. Em Maio de 1583, Aquaviva encontrava-se já em
Goa.
Foi,
então, nomeado superior da missão de Salsete e seguiu rumo a Coculim
junto com outros missionários, nomeadamente Afonso Pacheco, António
Francisco, Pedro Berno e Francisco Arana. Em Coculim, os brâmanes e
os ganzaros principais, sabendo da vinda dos jesuítas, incitaram o
povo contra eles, acusando-os de andarem a profanar os seus lugares
sagrados. Ao chegarem ali, os missionários pararam à espera de serem
recebidos pelos principais da povoação. Como não chegou ninguém,
enviaram um emissário à povoação, o qual regressou com notícias
sobre a sublevação que ali se preparava contra eles. Acabaram por
ser atacados e mortos pela população de Coculim quando tentavam
erguer uma cruz.
Após a
sua morte, houve pedidos para o envio dos seus restos mortais de
regresso ao continente europeu. Apenas foram remetidas algumas
relíquias, ficando o corpo de Aquaviva sepultado, tal como os dos
outros mártires de Salsete, primeiramente em Rachol e, depois, na
igreja de S. Paulo, em Goa.
Aquaviva foi beatificado pelo papa Leão XIII a 30 de Abril de 1893,
junto com os seus outros companheiros.
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