Ravena
é a cidade, onde, em 956, descendente de nobre família dos duques de
Onesti, nasceu Romualdo. Pais sem religião, como foram os de
Romualdo, nenhuma educação deram ao filho que, entregue à própria
vontade, pode gozar de toda a liberdade, até a idade de 20 anos.
Vivendo segundo os princípios do mundo, faltavam-lhe aspirações
superiores e os dias corriam-lhe alegres, entre os exercícios de
desporto. Oração, audição da palavra de Deus, leitura de bons
livros, exercícios espirituais não eram de seu gosto; antes pelo
contrário, o aborreciam. Deus, porém, abriu-lhe os olhos, por um
fato que muito o impressionou. O pai, Sérgio, em duelo, na presença
de Romualdo, matou um dos melhores amigos, cena, a que Romualdo teve
que assistir. O resultado foi Romualdo retirar-se para o convento
beneditino em Classis, com a intenção de, no sossego do claustro
achar a tranquilidade do espírito. Foi a primeira vez na vida que
fez exercícios de piedade. Um dos religiosos, que mais se
interessava pela salvação do jovem conde, sugeriu a ideia de
abandonar o mundo e tomar o hábito da Ordem. Romualdo, porém, não se
mostrou disposto a seguir este conselho. Só depois de uma aparição
que teve, de Santo Apolinário, padroeiro do convento, resolveu
dedicar-se ao serviço de Deus, na Ordem de São Bento. Tal foi o seu
zelo e dedicação, que em pouco tempo chegou a ser um religioso
modelo. O rigor e a pontualidade com que observava a regra da Ordem,
no meio dos próprios religiosos, provocaram indisposição e
animosidade tão fortes contra Romualdo, que este achou indicado,
como medida de prudência, sair do convento. Com licença do Superior,
procurou o eremita Marinho, em cuja companhia continuou as práticas
da vida religiosa.
Este
exemplo abriu também a alguns amigos o caminho para a vida
monástica. O próprio pai de Romualdo fez-se religioso e entrou num
Convento. Se bem que lutasse com muitas dificuldades e mais de uma
vez estivesse a ponto de voltar para o século, a palavra e a oração
do filho fizeram com que perseverasse no serviço de Deus.
Romualdo voltou para o convento de Classis, onde tinha feito o
noviciado. Deus permitiu que fosse provado pelas mais fortes
tentações contra a virtude da pureza, contra a vida religiosa e
contra a fé. Parecia-lhe quase impossível continuar na vocação. O
remédio e a salvação em tão duro transe foi a oração. No meio da sua
atribuição se dirigiu a Jesus Cristo, e com a alma angustiada,
perguntou ao Salvador: “Jesus, por que me abandonastes?
Entregaste-me inteiramente ao poder do inimigo?”
Como o
Patriarca Jacob, viu ele em sonho uma misteriosa escada, que se
apoiava na terra e cuja extremidade tocava no céu. Religiosos de
hábito branco subiam e desciam por ela.
A
grande obra para a qual Deus tinha chamado seu servo e que este,
apesar de muitas dificuldades interiores, e exteriores, com óptimo
resultado realizou, foi a reforma da disciplina monástica. O
convento mais célebre fundado por Romualdo foi o de Camaldoli, em
Toscana, que deu à Ordem toda o nome de Ordem dos Camaldulenses.
Extraordinário era em Romualdo o espírito de penitência, sendo-lhe a
vida um constante jejum, uma mortificação ininterrupta. “Como me
confunde a vida dos Santos! Contemplando-a, queria morrer de
vergonha”, ouviu-se o Santo muitas vezes dizer. Já no fim da vida,
disse a um religioso de sua confiança: “Vai para vinte anos, que
estou me preparando para a morte; quanto mais faço, tanto mais me
convenço de que não sou digno de comparecer na presença de Deus”.
Romualdo morreu em 1027. O túmulo tornou-se-lhe glorioso, pela
multidão de milagres, que Deus obrou pela intercessão do Santo.
Quando, cinco anos depois do seu trânsito, abriram o túmulo de
Romualdo, o corpo foi encontrado intacto, sem sinal algum de
decomposição. O mesmo espectáculo se repetiu 440 anos depois.
Romualdo foi canonizado por Clemente VIII, em 1569.
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