A 30 de
Março de 1904, nascia aquela que se veio a tornar a maior mística
portuguesa. Escolhida após duras provas, viu sempre o confirmado o
amor que Jesus lhe dispensou e que lhe permite interceder pelas
almas cuja salvação era uma constante preocupação. Aliás, a
característica do amor viria a ser marcante durante toda a sua curta
embora fecunda vida na terra.
A
pureza e a sua intransigente defesa deu origem a uma paralisia que
progressivamente veio a confiná-la a uma cama. Desengane-se porém
quem julgue que este confinamento veio a resultar em inactividade.
Bem pelo contrário! Foi no seu quarto que recebeu as maiores
revelações, que sofreu os flagelos da crucificação, que se alimentou
apenas da Eucaristia durante anos á semelhança de St. Catarina de
Sena e que sempre tinha uma expressão de alento para quem a
visitava.
O seu
sorriso espelhava o amor de Deus, os seus sofrimentos retractavam a
misericórdia de Deus, as suas revelações mostravam a paciência de
Deus, e assim tudo nela era uma expressão do Divino. Diz S. João no
versículo oito, capítulo 4 da sua primeira epístola que Deus é amor,
e é esse amor que se desprende da leitura meditada dos seus
escritos. Não um amor como o mundo o imagina, mas um amor que tem
como meta a eternidade na glória do Céu.
“O seu sorriso espelhava o amor de Deus.”
E é
certamente do Céu que vinha a sua força, como também do Céu chegou o
pedido de consagração hoje tão esquecido mas que se estudado é bem
revelador da importância da Beata Alexandrina Maria da Costa em toda
a economia da salvação.
Se do
ponto de vista físico a sua vida foi um milagre, do ponto de vista
místico o milagre ainda é maior!
Conhecedores da sua santidade, as boas gentes do Porto fizeram que
por ocasião do seu funeral esgotassem as flores brancas. E se a
pureza como atrás foi dito era uma característica inata, o branco
seria aquela cor que maior a representa por não ter mácula ou
resquício de mancha.
Pensar
hoje na vida da Beata Alexandrina, é actualizar a vivência que se
apresenta no livro dos Actos dos Apóstolos. Não de um modo inovador,
mas numa constante vivência da fé que desde então une a igreja
padecente a uma maior comunhão com a igreja militante.
A Beata
Alexandrina trouxe uma mensagem para os nossos dias, a mensagem é
nossa, pertence-nos! Mas só nos é útil enquanto individualmente a
entendermos e a vivermos. No seu âmago está a entrega e a confiança
que nos leva a agir, a deixar as nossas limitações físicas ou outras
e a seguir adiante na obra de salvação que Jesus espera de cada um
de nós.
Assim,
de forma dinâmica, cada um é chamado á mesma entrega, á mesma
vocação. E se agora as vocações custam a aparecer, não é porque o
clamor de Quem chama seja menor, mas sim porque os ruídos que
distraem são cada vez mais.
Tal não
fez a Beata Alexandrina, e também aqui nos ensina a refazer
prioridades, traçar rumos seguros dentro da barca de Pedro, mas
sobretudo ensina-nos que o amor é o sentimento que deve presidir a
todos os outros, e bastava isso para se entender a importância da
vocação da Beata nos nossos dias!
Procuremos pois conhecer melhor a sua vida, os seus ensinamentos, as
suas obras, os seus escritos mas fundamentalmente procuremos
entender o Amor de Quem a escolheu na certeza de que cada alma está
eivada de um valor que transcende o mero cálculo monetário e que o
Céu é alcançável desde a Cruz, ainda que a custo de renúncia bem
como de despojamento.
Após
este conhecimento, após um entendimento de quem foi esta pessoa que
falava a nossa língua, que viveu na nossa terra com as nossas gentes
poderemos dizer confiando em que seremos escutados e amparados:
Beata Alexandrina, rogai a Deus por nós!
Rui
Tapadinhas Alves |